Ser madrinha de casamento é uma função e tanto, que vai muito além de escolher um vestido bonito. Natalia Koehler, amiga da Manu e da Catha, sabe bem disso - ela já foi madrinha em DOZE ocasiões diferentes! E foram tantas histórias diferentes, vestidos e lugares, que não poderíamos perder a oportunidade de fazer disso uma pauta!
Conversamos com a Nati e ela nos contou algumas de suas peripécias durante sua jornada - e praticamente segunda profissão - como madrinha. De vestidos que deram errado à não ser reconhecida por causa de um aplique, as histórias são uma boa leitura e garantia de boas risadas! Além de lições valiosas para quem recebeu essa honra e vai ser madrinha em breve. Vem por aqui:
"Minha primeira experiência como madrinha foi logo de cara o casamento que eu mais esperei na vida: o da minha irmã. Além das responsabilidades familiares (enquanto meus pais estavam na mesa dos noivos, minha mesa era estrategicamente a última para poder identificar qualquer falha no serviço que a equipe do cerimonial pudesse deixar passar), tinha a ideia fixa que minhas responsabilidades como madrinha eram animar a pista e ficar nela até o final (responsabilidades essas que assumi em todos os outros casamentos depois). Levei isso tão ao pé da letra que no final da festa minha irmã veio me avisar que iria dispensar o DJ e eu, indignada, perguntei por quê... Quando percebi que estava dançando sozinha há sei lá quanto tempo, achei melhor concordar e aceitar que aquela noite mágica tinha chegado ao fim.
O vestido. Esse foi possivelmente o maior investimento que fiz em vestido de madrinha por motivos de 'essas fotos estariam na sala da minha mãe para todo o sempre'. Também por esse motivo, não queria nada muito ousado ou datado. Coloquei alguns detalhes que faziam sentido na época (um laço gigante nas costas e um tule na fenda), que podiam ser removidos caso quisesse usar o vestido depois. E como o fiz, por ser um modelo mais clássico e com corte e modelagem perfeitos pra mim, foi certamente o vestido de festa que mais usei na vida.
Fiz o vestido com o mesmo estilista que minha irmã e minha mãe estavam fazendo os delas, Felipe Veiga Lima, o que permitiu ainda muitos momentos emocionantes em todas as provas e definição dos modelos.
Isso, porém, só recomendo pra família mesmo ou no máximo uma das madrinhas. Muita gente dando palpite no vestido da noiva é dar chance para um ataque de bridezilla..."
"E então começamos as lições... Como tinha adorado a experiência de mandar fazer vestido, decidi fazer o mesmo nesse segundo casamento. Mas com um orçamento menor, fui direto numa costureira.
Achei que minha experiência trabalhando com moda e todas as fotos que tinha coletado de referência seriam o suficiente para chegar ao vestido dos sonhos, mas estava redondamente enganada. Eu era um meme vivo de 'expectativa X realidade'! O tomara que caia passou realmente caindo a festa toda, o drapeado não ficou tão pequeninho como eu queria e o degradê do vestido acabou ficando blocado na parte drapeada.
Além disso, meu penteado era um rabo lateral com franja solta e a temperatura em Porto Alegre no verão pode ser pior que a do inferno! Eu parecia que tinha saído de uma sauna, da aula de spinning... Desde então passei a sempre usar cabelo totalmente preso em festas em local fechado. Conhecendo minha animação na pista, sei que é o único jeito de ficar apresentável do início ao fim."
"Esse foi meu maior desafio na hora de fazer o vestido! A noiva, uma grande amiga minha desde a infância, quis todas as madrinhas com o mesmo tom. Como não queria abusar do bolso das amigas, escolheu um tecido mais acessível. Um cetim, azul Tiffany. E vai fazer como um vestido bonito assim?!?
Mandei tingir uma seda e um tule bordado (bem em alta na época), exatamente no mesmo tom para ver se atendia ao desejo dela. Mas ela achou que ficaria estranho só uma madrinha com a saia diferente das outras. E o dia era dela, não meu, então se ir com uma melancia na cabeça fosse fazê-la mais feliz, eu iria.
Fiz a parte de cima então no tule com a saia no fatídico cetim. Se gostei? Não. Se usei o vestido de novo? Nunca. Mas o importante é que ela amou as smurfettes dela! E para a minha surpresa, uma das madrinhas fez um vestido todo em tule na cor, mas com o forro nude. E então tive que concordar com o que a noiva tinha me dito antes: realmente ficou estranho apenas uma diferente do resto."
"Casamento de surfistas, na Praia do Rosa (SC). Clima bem mais desencanado, mas ainda assim uma festa de casamento. E casamento na praia é sempre aquela dúvida... Têm gente que vai vestido para um luau e tem gente que vai pro Oscar.
Eu sempre tendo mais à segunda opção (haha), mas tento me adaptar ao lugar também. A noiva pediu que as madrinhas fossem com cores variadas, bem coloridas. E o difícil é achar um vestido que você goste na cor que você falou que iria usar! Acabei optando por um vestido estampado, em tons de amarelo (cor que eu tinha me proposto a usar). Comprei o vestido pronto e era daquele tipo 'ame ou odeie'. Eu amei na época, mas hoje odeio... Tanto que nunca mais consegui usar."
"Um dos meus melhores amigos de infância estava casando, com o outro melhor amigo de infância sendo meu par no altar e o terceiro celebrando a cerimônia. Dia super emocionante! Eu era uma 'padrinha', mas me tornei tão próxima da noiva também que participei de todos os preparativos por parte dela (chá de lingerie, despedida de solteiro, dia da noiva).
Lição aprendida no casamento anterior, nesse decidi alugar um desses vestidos 'ame ou odeie' para não me arrepender depois. Ironia do destino, desse nunca me arrependi. Na verdade segue sendo um dos looks favoritos que já usei.
Como o casamento era no jardim de uma vinícola, a noiva comprou para todas as madrinhas um suporte de silicone para os saltos. Salvação! Desde então parei de ter problema na escolha do sapato para casamentos na grama ou na areia."
"É pra esse tipo de casamento que mais gosto de escolher roupa. Adoro matar meus desejos de brilhos, volumes e bordados sem brigar com a luz do dia! Achei o vestido dos meu sonhos, já prontinho, no meu tamanho, mas com um problema: as cores principais dele eram preto (tradicionalmente proibido pra madrinhas) e branco (a cor da noiva).
Mas ele era bem mesclado e ainda com uma barra amarela, então achei que não ficaria chato. De qualquer forma, sempre melhor verificar a opinião da noiva, que amou e disse não aceitar que eu fosse com qualquer outro. Ainda bem! Amei tanto esse vestido que usei logo em seguida em outros dois casamentos que comportavam o look.
Esse casamento foi em Porto Alegre e eu morava em São Paulo na época... Fiz a burrice de pegar vôo no mesmo dia pela manhã. E o desespero quando todos os vôos foram cancelados naquele dia?! O tempo passando e eu perdendo o horário da manicure, da maquiadora, do cabelo, sem nem saber se conseguiria chegar.
No fim tudo deu certo, ainda que tenha tido que fazer a unha no aeroporto e cabelo e maquiagem com os profissionais ainda disponíveis no salão. Mas o importante era estar lá, né?
Mais momentos tragicômicos desse dia: eu tinha levado um pé na bunda duas semanas antes do evento e ainda estava aprendendo a lidar com a ideia. A noiva então rearranjou as mesas e me tirou da mesa das madrinhas para me colocar na mesa das solteiras. Sei que a intenção era boa, mas faço um apelo às noivas: façam mesas for afinidade e não por estado civil, a não ser que queiram uma madrinha chorando no banheiro!"
"A noiva queria todas as madrinhas de azul. Poderia ser qualquer tom, mas tinha que ser azul. Seria o meu terceiro vestido de madrinha nessa cor, então decidi alugar novamente. Revirei a cidade e finalmente achei um que eu amei, mas ele era muito arrumado para um casamento na praia.
Então a minha ideia foi simplificar o cabelo, fazendo um coque (apresentável até o final, lembram?), mas com franjinha... Não, espera, que franjinha?! Nunca tive e nem tenho cabelo com caimento para isso. A solução foi colocar um aplique - não existe suor, umidade, maresia, nada que faça esse cabelo falso mudar de aparência. Eu amei, mas infelizmente o pai da noiva - que me conhece desde a infância - lamentou a minha ausência na celebração..."
"Os noivos decidiram fazer um mini casamento (para 50 pessoas), só para família e os amigos mais próximos. Eu tive uma participação especial nessa história, não só por a noiva ser minha melhor amiga desde os 2 anos de idade, mas também por eu ter 'escolhido' o noivo pra ela na balada em que se conheceram.
Eles me deram a honra de celebrar a cerimônia e poder contar a história dos dois. Participei efetivamente de todos os grandes momentos da vida dela até então e acho que ela não quis me deixar de fora justamente desse.
E que roupa se escolhe para celebrar um casamento? Batina? Não queria nada muito chamativo, pois iria aparecer no fundo de todas as fotos dos dois. Também não queria nada muito claro para não ficar próximo à cor do vestido dela. A solução foi um vestido verde sóbrio, de corte mais tradicional. A sobriedade do vestido contrastou com a casualidade do discurso - fiz um discurso leve e engraçado em contraponto com os votos emocionantes dos dois (que eu tinha lido antes) que recentemente tinham passado por um período delicado. Não sei se todo mundo gostou, mas nada poderia ser mais a nossa cara do que saber levar na brincadeira até momentos mais sérios e emocionantes."
"Na primeira vez, era um altar pequeno e uma família grande. A noiva acabou optando por colocar apenas a família no altar, deixando as melhores amigas na primeira fila. Felizmente não iríamos participar do cortejo, senão eu teria estragado os planos da noiva: me mudei para a China alguns dias antes do casamento e só soube que isso aconteceria com pouquíssima antecedência. Provavelmente a parte mais difícil de morar longe é perder momentos importantes da vida de quem a gente ama. O jeito é se fazer presente de todas as formas possíveis, acompanhar todos os preparativos e saber todos os detalhes depois que passou.
Na segunda, meu melhor amigo casou em uma data em que seria impossível para mim voltar ao Brasil. Certamente o dia mais difícil desse meu ano morando fora. Também estava junto quando o casal se conheceu e tive uma boa parcela de responsabilidade para que eles permanecessem juntos. Assisti a cerimônia pelo facetime, falei com o noivo alguns minutos antes, mas nada substitui a sensação de abraçar e abençoar um amigo no dia mais feliz da vida dele.
E se puder dar uma última dica para as madrinhas seria para se fazerem presentes sempre que possível. Valorizem, participem, respeitem o momento, as dificuldades (que as vezes pra quem está de fora parecem bobagens), e comemorem bastante. Nada mais lindo do que compartilhar a felicidade com quem a gente ama!"