A The Row, marca das gêmeas Olsen que são co-fundadoras e diretoras criativas, estampou as manchetes de muitos veículos essa semana porque proibiu o uso de smartphones no seu desfile na semana de moda de Paris. O movimento, que dividiu opiniões na internet, acende o debate sobre exclusivo vs. excludente, assim como nos faz pensar sobre imediatismo e como acabamos vivendo experiências através da tela, mesmo que tudo esteja acontecendo diante dos nossos olhos. Importante dizer: cadernos e laptops foram permitidos para que os jornalistas e convidados pudessem tomar nota da apresentação.
Esse bloqueio das câmeras reforça também, de certa forma, o posicionamento quiet luxury da marca que sempre se pautou por essa ideia do luxo discreto e exclusivo, é claro. Assim, aos poucos e silenciosamente desde 2006, a The Row construiu sua identidade e autoridade na indústria da moda, especialmente na última década. Em 2012 e 2015, a label conquistou o prêmio e reconhecimento do CFDA Award na categoria de vestuário feminino, e a sua bolsa Margaux ganhou o título de produto mais desejado de 2023 pela Lyst.
É sobre a Margaux que vamos falar hoje. Uma bolsa que existe desde 2018 e só no ano passado estourou no mainstream, com celebridades desfilando o acessório no street style e popularizando-o.
apresentando a bolsa Margaux
Os primeiros indícios da Margaux na The Row datam de 2018, bem antes da onda quiet luxury e da saturação da logomania na moda. É uma bolsa de design minimalista, linhas retas e estrutura boxy, com muito espaço interior, o que a torna perfeita para ser aquela bolsa do dia a dia, onde a gente joga tudo e esquece.
Hoje, é possível encontrar a bolsa Margaux em quatro tamanhos, de 25cm a 43cm de largura; em diferentes materiais, como suede e couro; e em cores sóbrias: preto, off white, oliva, marinho, entre outros tons considerados neutros. Os preços começam em US$ 3.490.
do quiet luxury ao TikTok
Mary-Kate e Ashley Olsen sempre foram fãs da Birkin e frequentemente fotografadas pelas ruas de Nova Iorque com a icônica bolsa da Hermès. Essa admiração talvez pode ter sido a fonte de inspiração para a criação da Margaux - e para o posicionamento quiet luxury da The Row no geral.
Esse luxo silencioso da marca foi quebrado com a viralização do acessório no TikTok. Nessa rede social, vídeos com a #Margauxbag somam mais de milhões de visualizações nos últimos 12 meses, o que certamente ajudou para que a bolsa se tornasse o produto mais desejado de 2023, de acordo com a Lyst Index. Vale lembrar que a lista é criada a partir das buscas dos mais de 200 milhões de usuários da plataforma de moda e tecnologia.
Paralelamente ao boom no TikTok, o surgimento de stylists renomados e celebridades usando a Margaux também influenciou na popularização do modelo. Jennifer Lawrence, Zoe Kravitz, Emilia Clarke, Jennifer Garner e Kendall Jenner são alguns dos nomes que usam o acessório da The Row nos seus looks diariamente e são clicadas por fotógrafos.
Além delas, existe o fator gêmeas Olsen que não pode ser descartado. Milennials que cresceram assistindo os filmes de Mary-Kate e Ashley, hoje tem dinheiro para consumir e, em um momento em que consumir não é mais só comprar e sim ter um apego emocional com a marca, isso pode ser fator decisivo também. Fora a qualidade da bolsa Margaux, claro, que é indiscutível e os muitos reviews na internet não nos deixam mentir.
os números da Margaux
Todo esse buzz se reflete em números, o que é outro reforço para a tese de que a Margaux pode ser a futura Birkin. De acordo com o BoF (Business of Fashion), 85% das bolsas que foram disponibilizadas em multimarcas, como Bergdorf Goodman e Mytheresa, foram vendidas. O acessório, além do online, pode ser encontrado em mais de 270 lojas físicas multimarcas e flagships, segundo a Vogue britânica.
A stylist (e colecionadora da The Row) Neelam Ahooja tem um perfil dedicado à marca no Instagram e recebe, diariamente, inúmeros pedidos por dm para vender as suas Margaux bags, segundo a mesma contou para o BoF.
Embora não seja justa a comparação entre a Birkin, da Hermès, e a Margaux, da The Row, é impossível não fazê-la para tentar entender se essa pode alcançar a áurea de It bag da primeira. E, seguindo esse racional, um dos fatores que faz a Birkin ser a Birkin, além dos motivos óbvios de manufatura, é o seu valor de revenda, por exemplo.
Hoje, ainda na crista do hype, não se encontram tantas Margauxs no mercado de second-hand nem nunca foi conduzido um estudo sobre a sua valorização para afirmar que ela segue os mesmos passos do modelo icônico da Hermès, que, segundo dados divulgados pelo Glam Observer, viu seu valor crescer 500% em 35 anos, uma média de 14% ao ano.
"Ainda é muito difícil encontrar peças da The Row no second-hand brasileiro", explica Helen Rodrigues, fundadora da plataforma especializada em second-hand de luxo SUPERNOVA, "é uma marca jovem, fundada em 2006, e que possui posicionamento semelhante à Hermès em relação à alta exclusividade e qualidade, design discreto e atemporal. Porém, legado de marca, demanda reprimida, valor percebido e o 'savoir faire' da Hermès são alguns dos fatores que fazem com que a Birkin seja o símbolo máximo do luxo hoje e reconhecida em todo o mundo, 40 anos após o seu lançamento."
É muito cedo para cravar que a bolsa Margaux é uma futura Birkin. No entanto, é inegável que ela é uma estrela em ascensão e tem sim potencial para chegar ao hall de bolsas de luxo colecionáveis, daquelas que realmente não apenas se compra, mas se investe porque valorizam com o tempo. Mas isso pode levar décadas, como comenta a equipe da SUPERNOVA, que ainda acrescenta que "a Margaux bag dificilmente alcançará o status da Birkin, mas pode se tornar a bolsa ícone do luxo das novas gerações do nosso tempo."
O que você acha desse modelo da The Row? Se pudesse investir, compraria uma?