Seria a regata branca a peça favorita da moda?

por Izabela Suzuki

Não é de agora que a regata branca é uma das peças mais tradicionais — e mais amadas — da moda. Duvida? Bom, não faz muito tempo que uma simples regata da Loewe virou símbolo de estilo entre as fashionistas, que desfilavam com o logo da grife estampado discretamente na parte frontal, combinando a peça em produções que iam do básico ao sofisticado. Mais do que uma tendência, ela virou um statement silencioso: vestir uma regata branca virou uma forma de dizer que se está por dentro do zeitgeist.

a regata branca nas passarelas

Em 2023, o modelo com logotipo da Loewe se tornou um dos itens mais desejados da temporada primavera/verão. Segundo o Lyst Index, foi o produto mais cobiçado entre abril e junho daquele ano, impulsionando um aumento de 19% nas buscas pela marca no período. Ainda em 2023, a demanda pela regata cresceu cerca de 8600%. Um boom comparável ao da Prada, que, no ano anterior, lançou sua versão por quase US$ 1.000 — provando que, sim, mesmo em sua simplicidade, a regata branca alcançou um status quo ainda não reivindicado por nenhuma outra peça (nem mesmo pela baby tee).

Mulher de regata branca e boné azul posa ao lado de amiga em regata preta, ambas sorrindo.
Foto: Kylie e Kendall Jenner (Reprodução/Instagram)


Agora, é Kendall Jenner quem recoloca o item no radar, ao viralizar uma versão de apenas 8 dólares da Amazon. O episódio reforça a estética do effortlessly cool e revela uma nova lógica de consumo: uma peça básica, quando bem narrada, pode ter tanto apelo fashion quanto um item de passarela. O que está em jogo não é só o preço, mas o contexto — o styling, o lifestyle, o efeito “eu também posso”.

Com uma longa trajetória cultural, a regata branca atravessou décadas, estilos e gêneros. De roupa íntima masculina nos anos 40 a uniforme sexy dos anos 90, ela foi eternizada por Marlon Brando em Um Bonde Chamado Desejo, resgatada por Kate Moss em sua era minimalista e adotada por ícones contemporâneos como Rihanna, Bella Hadid, Colman Domingo e Jacob Elordi. Democrática, mas nunca genérica.

nas celebridades ao longo dos anos

Seu apelo atual vem, em parte, da estética do “sem esforço” — ou, pelo menos, da ilusão dele. A regata branca carrega frescor, praticidade e naturalidade. Combinada a uma saia midi de alfaiataria, jeans vintage ou até uma bermuda esportiva, ela se molda ao estilo de quem a veste. Se estilo pessoal é sobre escolhas intencionais, poucas peças representam tão bem essa curadoria silenciosa quanto a regata branca ideal.

E num cenário onde o “menos é mais” voltou a dominar, ela se consolida como símbolo do quiet luxury. Simples e atemporal, carrega uma versatilidade irredutível — e, por isso mesmo, se tornou tão aspiracional. A mensagem é clara: até o mais básico dos itens pode se transformar em objeto de desejo quando existe intenção por trás.

no dia a dia

Em síntese, a regata branca reúne tudo o que a moda contemporânea valoriza: funcionalidade, intencionalidade e estilo sem esforço. Uma peça tão simples que se torna poderosa — e, talvez por isso, siga sendo reinventada, desejada e indispensável.