Ontem, dia 20 de julho, não se falou em outra coisa: era o aniversário de 36 anos de Gisele Bündchen. Todas as grandes revistas, designers, fotógrafos, stylists e modelos postaram alguma homenagem a ela. O culto à figura de Gisele é algo sem precedentes no mundo da moda, e que as vezes ainda intriga muita gente: afinal, o que ela tem de tão especial? Em homenagem a Gisele, e também para tentar explicar um pouco o papel que ela teve - e ainda tem - na nossa indústria, no #TBT de hoje vamos tentar fazer uma breve retrospectiva da carreira da maior modelo do mundo.
Nascida em 1980, Gisele começou a considerar a carreira de modelo aos 14 anos, quando foi abordada por um agente da Elite, e logo depois participou de um concurso da agência. Na época, a indústria ainda vivia uma fixação pela estética que ficou conhecida como "heroin chic": modelos com pele pálida, olhar blasé, mandíbula angular, extremamente magras, com uma vibe grunge. Esse look apareceu primeiro com as famosas campanhas da Calvin Klein com Kate Moss em 1990, fotografadas por Corinne Day, e tomou conta dos anos 90. Gisele é considerada a modelo que decretou o fim dessa estética e deu espaço para um look mais saudável, com seu corpo voluptuoso e com mais curvas. Em 1998, após ser rejeitada em mais de 40 castings, Gisele foi chamada por Alexander McQueen para o desfile que mudaria sua vida: a famosa coleção Untitled, conhecida como "Golden Shower", na qual ela aparece com um body branco colado ao corpo, deixando seus seios e curvas bem em evidência. Logo depois ela fotografou para a capa da Vogue americana com o lendário fotógrafo Irvin Penn, num shoot que celebrava "the return of the curves".
1998 foi sem dúvida o ano em que o mundo (da moda, por enquanto), passou a conhecer Gisele. Ela fez sua primeira capa para a Vogue UK, sua primeira i-D e sua primeira W. Um ano depois começou a demanda frenética por desfiles, e pelos póximos 5 anos Gisele desfilou para todos os designers mais importantes do mundo, geralmente abrindo ou fechando as apresentações. Em 1999 ela também apareceu na Harper's Bazaar americana, Vogue francesa, Elle, e fez mais uma capa para a Vogue americana, completando assim a tríade das edições de moda mais prestigiadas do mundo.
Muita gente não acreditava que isso seria possível, mas o ano de 2000 foi ainda maior para Gisele. Ela foi capa – simultaneamente – das edições de janeiro de 2000 da Vogue britânica e americana, as primeiras do novo milênio, que falavam sobre o retorno da modelo sexy. Ela ainda apareceu mais duas vezes na capa da Vogue US nesse ano, totalizando 3 capas, recorde que Gisele mantém até hoje. Já estava claro para todo mundo que Gisele era a nova queridinha de Anna Wintour, que aliás foi uma das principais apoiadoras e mentoras da modelo. Outra capa histórica foi a da Rolling Stone americana, que tinha a chamada “The Most Beautiful Girl in the World” e uma foto de Gisele de biquíni. Esse status de modelo sexy ganhou bastante força com a assinatura do famoso contrato de 25 milhões de dólares com a Victoria’s Secret, o mais alto na indústria de modelos até então. E, é claro, o início do namoro com Leonardo DiCaprio também ajudou bastante na construção da imagem global de Gisele.
Logo na primeira metade da década todo mundo já sabia de uma coisa: Gisele seria a maior modelo dos anos 2000. Enquanto um contrato com a VS acabou arruinando a carreira high-fashion de algumas modelos brasileiras, com Gisele foi completamente diferente. Mesmo tendo sua imagem ligada à Victoria’s Secret, ela continuou desfilando e fazendo campanhas para incontáveis marcas, em especial com duas: Dior e Dolce & Gabbana. John Galliano, então diretor criativo da Dior, foi um dos principais apoiadores da carreira de Gisele, escolhendo a modelo para abrir seus desfiles mais importantes, para estrelar diversas campanhas seguidas, e até apareceram juntos na capa da revista The Face. Em 2004, Gisele já era uma celebridade global, tendo seu rosto estampado em campanhas para marcas de moda e consumo, como Apple e Volkswagen. Nesse ano a Forbes iniciou a sua lista de modelos mais bem pagas do mundo, com Gisele no topo, onde ela permanece desde então.
Na segunda metade dos anos 2000, Gisele mudou a sua postura de trabalho, parando quase totalmente com os desfiles, e ficou cada vez mais seletiva, fotografando apenas campanhas milionárias. As capas de revistas nunca pararam, já se somavam às centenas, e hoje se considera que Gisele é a segunda personalidade que mais estampou capas de revista no mundo, ficando atrás apenas da Princesa Diana. Após um período de ausência das passarelas, ela retornou em 2007 para abrir o desfile de verão da Dolce&Gabbana, e para o desfile de aniversário de 60 anos da Dior. Foi também nessa época que a modelo começou a se envolver cada vez mais com causas sociais, sendo nomeada Embaixadora da Boa Vontade da ONU em 2009.
De 2010 para cá, Gisele continuou a construção de sua global brand, com uma imagem cada vez mais ligada a valores familiares, principalmente depois do casamento com Tom Brady e do primeiro filho, Benjamin. O número de campanhas diminuiu um pouco, e nas passarelas, antes da total aposentadoria no ano passado, ela só fazia uma aparição por temporada, para marcas como Balenciaga, Givenchy e Alexander Wang. Em 2014 veio o último trabalho que faltava no currículo de Gisele: Chanel. Começou com a campanha de maquiagens, e logo depois foi anunciado que a modelo seria o novo rosto do perfume Chanel nº 5, substituindo Brad Pitt. Ela desfilou para a marca durante a Semana de Moda de Paris, e no ano seguinte foi fotografada por Karl Lagerfeld para a campanha de prêt-à-porter, virando o rosto de todos os produtos da Chanel ao mesmo tempo.
Em 2015, Gisele completou 20 anos de carreira, ganhando inúmeras homenagens de publicações do mundo inteiro, além de um livro publicado pela Taschen com uma retrospectiva de sua carreira. Segundo o site da modelo, durante esses 20 anos Gisele estampou mais de 1200 capas de revista, desfilou em pelo menos 470 fashion shows, fez mais de 350 campanhas e 450 editoriais de revista. E em 2016 vai ter mais Gisele: ela já foi confirmada como destaque da Cerimônia de Abertura dos Jogos Olímpicos do Rio, onde certamente será mostrada como o maior orgulho dos brasileiros. Viva Gisele!
