Terapia na quarentena: tudo o que você precisa saber

por The Look Stealers

Enquanto vivemos a pandemia do COVID-19, há outra pandemia acontecendo simultaneamente bem em baixo de nossos narizes, a pandemia das doenças psicológicas. Estudiosos dizem que a depressão e a ansiedade são o mal da Geração Z e que a instabilidade e a angustia de viver em meio à uma pandemia só agravou a situação.

A terapia na quarentena se tornou algo extremamente necessário e imprescindível para manter a saúde mental em dia durante esse período delicado que estamos vivendo. Por isso, para esclarecer possíveis dúvidas e te contar tudo o que você precisa saber sobre auto cuidado e terapia na quarentena, nós convidamos a psicóloga Lauren Veronez, do Nutrindo sua Mente, pra bater um papo com a gente. Vem ver:

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"De modo geral, acho que se intensificou sim. As pessoas se depararam mais com suas questões internas, o "volume" dos pensamentos e sentimentos aumentou e se tornou impossível não escutar. Conflitos que antes eram abafados com vidas ocupadas, repletas de compromissos vieram à tona. E agora, perdemos acesso a uma das estratégias mais comuns para nos esquivarmos das dores do mundo interno: o barulho externo."

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"Eu já estava bem acostumada com esta modalidade. Atendo online desde 2017,  porque ficar só no presencial já não fazia sentido com o mundo digital em expansão. Faz tempo que a distância física deixou de ser uma barreira - a grande maioria dos meus pacientes já vinha sendo atendida online antes mesmo da quarentena. Em relação aos que atendia de forma presencial, alguns ficaram receosos com a mudança, mas absolutamente todos se abriram à experiência. No intuito de preservar a privacidade em um tempo de casas cheias, foi preciso criatividade: colocar música do lado da porta, fazer a sessão no carro, colocar post-its "em terapia". Também tenho um caso onde o paciente relatou ficar "preso" vendo sua imagem na tela, a ponto de impedir que se concentrasse na sessão; juntos, optamos por fazer apenas via áudio. Com flexibilidade de ambos os lados, vamos nos adaptando."

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"Vou contar como funciona comigo, talvez outros profissionais trabalhem de forma diferente.
O primeiro passo é manifestar o desejo por atendimento - esse contato pode ser feito via direct no próprio Instagram (meu perfil por lá é o @nutrindosuamente) ou via email (nutrindosuamente@gmail.com). Eu mesma faço questão de ler e responder cada mensagem, para contar como funciona o processo e esclarecer qualquer dúvida que apareça. Se a minha forma de trabalhar faz sentido, partimos ao agendamento da sessão. Combinamos dia e hora conforme a disponibilidade mútua, e elegemos a plataforma que será utilizada. As que mais uso atualmente são Whereby, Zoom, FaceTime e Skype. Neste momento é também combinada a forma de pagamento. Eu trabalho com transferência bancária e com pagamento via cartão de crédito através de aplicativos como o PicPay ou PayPal (para quem mora no exterior). Já na primeira sessão, é momento de conhecer a demanda, a história, os objetivos de quem está buscando ajuda. E claro, ela também serve para que quem está do outro lado possa conhecer melhor a mim e a minha abordagem. Assim, alinhamos as idéias e seguimos trabalhando juntos naquilo que for importante."

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"Estamos todos sendo afetados, impossível passar imune. De uma hora para outra, nossos hábitos e comportamentos sofreram uma adaptação forçosa à realidade. O futuro nunca foi tão incerto, e somos péssimos em lidar com isso. Planos frustrados geram raiva, medo, pânico, angústia. O ego se fragiliza ao perceber que não controla tudo; não suporta a idéia de ficar a mercê de algo invisível aos olhos. Junto com a economia e a mobilidade, nós estamos em transição. Muda nossa forma de expressar afeto, de curtir dias de lazer, de comprar, de trabalhar. E é aquela velha história: quem sobrevive é quem melhor se adapta. Acredito que, independente das soluções que encontrarmos, é momento de repensar nossos valores e colocar em prática ações congruentes. O discurso é de que o mundo precisa ser diferente. E nós, quais passos estamos dando nesta direção? O que eu quero começar a fazer mais? O que quero deixar para trás? Não é sobre desejar um futuro perfeito, e sim sobre construir caminhos novos ao invés de reforçar os existentes. E isso diz respeito tanto ao mundo interno como ao externo."

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"É como parar de cavar um poço: mesmo que você já esteja fundo, se continuar cavando, vai continuar afundando. A terapia não vai te resgatar como mágica - mas vai lá embaixo para te ajudar a reconhecer que cavar não ajuda a sair do buraco. Vai ajudar a soltar a pá, a observar com cuidado o seu poço, e a encontrar ou construir novas ferramentas mais úteis para chegar a superfície."

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"Indispensável lembrar que também somos seres humanos vivendo a pandemia. Mais do que nunca, é necessário cultivar as mesmas habilidades que trabalhamos com nossos pacientes: aceitação daquilo que não está sob controle, abertura a sentimentos difíceis, reconhecimento de impulsos. É preciso treinar a flexibilidade, verificar se estou agindo muito no automático, se estou presa nos meus pensamentos... Todas estas questões são impossíveis de trabalhar no outro se não trabalho em mim! Então, na minha experiência, os próprios atendimentos me ajudam a evoluir.
Vou dar um exemplo bem concreto dessa semana: um paciente relatava o desejo de fazer exercícios, porém, na prática ficava esperando "a vontade bater". Como ela nunca batia, continuava sedentário. Trabalhamos em cima desta situação e em como evitar cair nas armadilhas da mente. Assim que a sessão acabou, levantei, troquei de roupa e fui mexer o corpo. No próprio atendimento, caiu a ficha que eu também esperava as condições ideais - e não estava satisfeita com isso. Ou seja, o que trabalhei com ele, serviu para mim.
Lógico, esse exemplo não significa em hipótese alguma que a gente não possa pedir ajuda se houver necessidade, seja a um colega psicólogo ou a um profissional diferente. Outra ferramenta que ajuda bastante quando as dificuldades são específicas com pacientes é fazer supervisão de casos com um psicólogo mais experiente. Além disso, cultivar aquilo que nos traz bem estar é essencial para qualquer um de nós, independente da profissão."

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"Primeiro, saiba que é absolutamente normal e natural se sentir perdido, angustiado, ansioso, triste, com raiva, ou qualquer outra coisa que você esteja sentindo. Isso serve para este período, mas também para a vida, viu?! Portanto, acolha-se e abra espaço. É preciso dar vazão aos sentimentos. As vezes, o nosso maior sofrimento vem de achar que não deveríamos sentir o que estamos sentindo, o que aumenta o autojulgamento e gera ainda mais culpa e ansiedade. Portanto, fuja da positividade tóxica e permita-se sentir emoções difíceis sem ter que preocupar-se em ficar feliz o tempo todo.
Depois, cuide de você. O que você está precisando neste momento? Uma estratégia que pode ajudar é se fazer a pergunta "se uma amiga estivesse passando pela mesma coisa, o que eu diria a ela?". Tente ouvir sua resposta e buscar aquilo que necessita.
Evite se comparar com os outros. Valide suas preocupações, mas não se entregue a elas. É possível estar preocupado E ser gentil simultaneamente. É possível estar desmotivado E ainda assim fazer algumas coisas. É possível viver a incerteza E ainda assim estar aberto.  
Por fim, saiba que você não precisa passar por isso sozinha(o)! Ative sua rede, peça ajuda, converse com pessoas que você confia. E se sentir necessidade, busque terapia. Certamente, a ajuda profissional pode ajudar você a criar formas mais efetivas de passar por tudo isso."

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