Translúdica: conheça a primeira marca colaborativa trans da América Latina loja
No mês de Junho é comemorado o Mês do Orgulho LGBTQI+ mundialmente, a data foi escolhida em homanegm a rebelião de Stonewall em 1969, que deu início ao dia do orgulho LGBTQI+, 28 de Junho, e durante esses 30 dias a comunidade celebra o orgulho de pertencer e protesta pela conscientização política sobre os problemas atuais da comunidadede, seus direitos básicos e um aumento da visibilidade.
Para celebrar esse mês de Orgulho e dar visibilidade para todas as pessoas que fazem parte da comunidade LGBTQI+, nós entrevistamos Fernanda Kawani, mulher trans, dona da marca Translúdica, que tem como objetivo incluir pessoas trans no mercado de trabalho. Vem ver:
"Olá! Meu nome é Fernanda Kawani Custodio, tenho 30 anos, sou mulher trans/travesti (ambas palavras me contemplam) sou taurina, mãe de 3 gatos (Champa, Bills e Ruby) moro em São Paulo há 4 anos, sou natural de São Caetano do Sul, já morei em lugares como Araraquara e Curitiba, sou graduada em estética e cosmética desde 2010, sou atriz de teatro e já atuei na companhia Paulista Satyros. Atualmente sou fundadora e proprietária da Translúdica, loja colaborativa, onde junto com meu sócio, vendo produtos para pessoas LGBTQI."
"Significa lutar muito para ter o básico, conheço muitas mulheres trans de diferentes estados, raças e profissões e apenas uma pequena minoria tem a tranquilidade financeira, emocional, familiar e afetiva. Quando percebemos que a maioria da nossa comunidade não tem acesso ao mínimo, logo entendemos que existe uma desigualdade oriunda da transfobia estrutural que historicamente marginaliza mulheres trans e travestis nesse país."
"Trabalho, muitas portas se abriram para mim enquanto empreendedora, mas grandes desafios existem, eu não consigo crédito em banco, não consigo financiar um imóvel, não sou bem remunerada como homens e pessoas cis pelo meus trabalhos. Situações como essas dificultam, e muito, a minha vida e de outras pessoas trans."
"Surge da necessidade de ter uma renda, já que o mercado de trabalho não contrata pessoas trans, eu sou graduada desde 2010 e nunca tive um emprego formal na área, então, para mudar a minha realidade e de outras pessoas trans no Brasil, decidi investir na economia colaborativa para criar novos negócios e oportunidades para toda população trans."
"Foi transformar a vida diretamente e indiretamente de pessoas trans que tem a Translúdica como referência, e participar de espaços que antes apenas pessoas cis ocupavam, como reality shows, entrevistas e feiras."
"Naturalmente a mulher trans traz consigo uma trajetória de muita luta, seu amadurecimento carrega muita sabedoria. Uma verdadeira líder é aquela que pensa no plural, que acredita no poder de todes para uma transformação conjunta, feminista e equalitária."
"Trouxe experiência para minha trajetória como empreendedora e visibilidade para minha marca, fui a primeira mulher trans a participar no programa, achei super valida a participação pelos contextos históricos, mas nem de longe é minha maior alegria."
"Temos uma vivência de medo, você sente medo em sair na rua? Sente medo em se relacionar? É isso que nós sentimos todo tempo, a cada negação de trabalho nós morremos um pouco, a cada negação de afeto nós morremos um pouco, a cada pessoa trans desempregada nós morremos um pouco. Criar uma empresa no meio desse caos é trazer luz sobre nossa população e esperança."
"Representatividade é dar lugar de fala para próprias pessoas trans (nesse caso) trazerem suas narrativas e reivindicar nossas pautas a partir de nós mesmas, e para além do lugar de fala, o lugar de escuta da sociedade para entender de fato nossas necessidades. A Representação é quando uma pessoas cis usa narrativas de pessoas trans de forma indevida (teatro, política) usurpando nosso lugar de fala para benefício próprio. Se você é uma pessoa cis e quer contribuir com nossa causa, consulte pessoas trans antes, por favor. "
"Atualmente tive contato com a moda upcycle, que reutiliza matérias que seriam consideradas "lixo" para essa nossa sociedade, dentre as estilistas que eu admiro, Vicenta Perrota é quem tem maior papel representativo, além de ser uma mulher trans, faz um trabalho social com um grupo de mulheres trans e travesti no ateliê Transmoras, oferecendo oportunidade de profissão e resignificando a moda em um contexto geral."
"Coletividade! sociedades individualistas tendem a fracassar, acreditar que sozinhes vamos mudar algo é pura ignorância, temos que entender que nós vivemos em um grande organismo vivo e somos parte dele, se não nós organizarmos e compartilhamos de uma boa vida, iremos todes desaparecer. "