A temporada de Inverno apresentada na SPFW N59 chegou ao fim na última sexta-feira (11), com a PIET encerrando os desfiles no estádio do Pacaembu — e com direito a show do rapper Marcelo D2. Mas antes disso, outras coleções incríveis também foram apresentadas entre o JK Iguatemi e outras locações da cidade, cada uma transmitindo as sensações e emoções imaginadas por seus respectivos designers. Exemplos disso são o ambiente mais escuro e intimista criado por Alexandre Herchcovitch e as lonas de circo utilizadas pela Aluf, que trouxeram um toque lúdico à passarela.
Ou seja, não faltaram highlights marcantes ao longo da semana — mesmo em meio a polêmicas que colocaram em pauta a organização e estrutura de um evento tão importante quanto a SPFW. Celebrando seus 30 anos de existência, a temporada reuniu marcas que apostaram desde a alfaiataria contemporânea até uma mescla potente de brasilidades, tecidos e narrativas culturais. O futebol, parte indiscutível do nosso cotidiano, também marcou presença — e que bom que, enfim, chegou às passarelas com o protagonismo que merece!
A seguir, reunimos os desfiles que mais captaram nosso olhar. Continue lendo para descobrir os destaques da edição.
confira abaixo os highlights da SPFW N59
o desfile da piet no pacaembu
A Piet encerrou a SPFW N59 em grande estilo no estádio do Pacaembu, com show de Marcelo D2 e Nave Beats e um público de 4 mil pessoas. Pedro Andrade trouxe uma estética que mistura futebol, streetwear e moda global, com collabs de peso como Levi’s, Puma e KidSuper. O styling com vibe de torcedor fanático fez todo mundo vibrar — literalmente.
neon, xadrez e swarovski na herchcovitch
Herchcovitch levou a moda para a pista da Blue Space, resgatando a vibe clubber dos anos 90 com uma coleção iluminada por luz negra e cristais Swarovski. A silhueta flertou com os anos 70 — com vestidos cortados no viés, flanela e veludo —, enquanto peças fluorescentes nada óbvias e látex amazônico reafirmaram sua assinatura ousada. Um retorno poderoso e cheio de personalidade ao SPFW.
os malabares da aluf
A Aluf armou literalmente um circo no Bom Retiro para refletir os bastidores intensos da moda no Brasil. A coleção “Malabares” trouxe babados que lembram cortinas de palco, golas dramáticas, mangas estruturadas e uma cartela invernal linda — tudo com um equilíbrio entre tecidos leves e encorpados. Destaque para os acessórios circenses, maquiagem e a cenografia poética que fez tudo parecer fácil e lindo.
o mundo tecnológico de dario mittmann
Dario Mittmann apresentou uma distopia fashion com a coleção “Golem”, misturando streetwear e ficção científica. Deborah Secco fechou o desfile como uma mulher-robô, em um visual impactante. O destaque ficou para os shapes amplos, jeans com pegada fetichista e tecidos que oscilam entre o orgânico e o mecânico. Uma reflexão visual sobre o que nos torna humanos.
o "dendê" da dendezeiro
A Dendezeiro levou a passarela pra Amazônia com a coleção “Brasiliano 2: A Puxada para o Norte”. Peixes, folhas, capivaras e tons terrosos deram o tom da viagem — que passa tanto por looks urbanos quanto por peças dramáticas com palha, ráfia e tapeçaria. Destaque para as camisetas com frases tipo “açaí sem xarope” e a vibe entre o cowboy e o cangaço.
Além disso, sapatos da Kenner compuseram os looks, trazendo um design urbano que complementou a proposta da coleção de mergulhar na riqueza cultural brasileira. Autêntico, político e cheio de Brasil! Bravo.
a alfaiataria de joão pimenta
João Pimenta mergulhou fundo na alfaiataria masculina com a coleção “Em Construção”, apresentada na estação Júlio Prestes ao som de Jonathan Ferr. Com shapes clássicos e volumes ousados, ele usou a moulage — técnica da moda feminina — para repensar o vestir masculino com muito cuidado manual. Os looks em tons neutros e tecidos nobres mostram que dá, sim, pra ser autoral, elegante e conectado às trends ao mesmo tempo.
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dos recortes ao streetwear na lino villaventura
Lino Villaventura chegou à SPFW N59 com uma ode ao branco — uma valorização pura do corte, das texturas e dos bordados. Um retorno às suas raízes dos anos 2000, com nova camada de rusticidade. Depois, vieram os tons florestais e figuras quase místicas, com vestidos fluidos, mosaicos de tecido e uma estética medieval com pegada dark fantasy. O masculino cresceu na coleção com streetwear em cáqui, fluo e tênis, provando que o drama de Lino também sabe jogar no urbano.
normando do látex a juta
A Normando se reafirma na SPFW com a coleção “Chove nos Campos de Cachoeira”, que homenageia a literatura amazônica e traz para a moda urbana um toque genuíno da cultura paraense. Com materiais locais, como juta, malva e látex de seringueira, a marca apresenta um mix de elementos naturais e urbanos, com destaque para os verdes e os tons terrosos, que evocam a paisagem amazônica. A fusão da estética sensual com referências à lingerie, como o sutiã cone e o baby-doll de cetim, também marcou presença.
o show do brasil na LED
Com trilha de novela remixada e nostalgia de folhetins, a LED levou à passarela do SPFW N59 uma ode às “modinhas” e à estética popular que moldou o imaginário fashion do Brasil. A coleção “Brazil Show” flerta com o kitsch, o pop e o streetwear, em crochês listrados, jeans risca-de-giz e alfaiataria com recortes utilitários. As estampas de oncinha e camisetas com frases fazem o elo entre as Tietas do passado e a nova geração de Porcinas.