Tudo sobre a estética dos filmes de Luca Guadagnino

por Beta Weber

Sair de uma sessão de “Rivais” louca para jogar tênis — ou viver um triângulo amoroso —, assistir a “Me Chame Pelo Seu Nome” e desejar férias idílicas na Itália, ou quem sabe embarcar em uma road trip — sem o canibalismo — após conferir "Até os Ossos"— as obras de Luca Guadagnino são sobre desejo. O diretor italiano tem o dom de criar universos que instigam e seduzem, oferecendo uma experiência imersiva e empolgante para quem está do outro lado da tela. A seguir, a gente analisa a estética e a moda de alguns de seus filmes.

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Foto: Challengers (Divulgação)


A temática do desejo é onipresente, assim como algo discretamente luxuoso nas produções de Luca Guadagnino. Extremamente detalhista, ele se define como um artista visual. Por isso, todos os elementos estéticos se unem aos atmosféricos para apresentar suas histórias: direção de arte cuidadosamente planejada, figurinos e ambientes selecionados a dedo, atuando em sintonia para explorar questões existenciais profundas e a busca por identidade centrais em suas obras.

As locações e as cores agem quase como personagens, informando e movendo a história para frente. Servindo como molduras para os acontecimentos por meio de luz e texturas magistralmente manipuladas, a câmera às vezes parece invisível, emprestando um toque voyeurístico às cenas.

As trilhas sonoras são outro aspecto crucial. Guadagnino adora capturar seus personagens dançando; praticamente em todos os seus filmes existe ao menos uma cena de observação do tipo. As músicas escolhidas também ditam o tom, como o techno pesado que embala os momentos mais cruciais de “Rivais” (2024), garantindo uma experiência visceral.

Por fim, a moda é indissociável do diretor, que nunca subestima a importância do estilo em suas narrativas, convidando inclusive nomes como Raf Simons e Jonathan Anderson para assinarem figurinos. Luca Guadagnino também é presença confirmada na primeira fila de desfiles. Desde 2012, ele possui uma produtora especializada em fashion films, com clientes como Armani, Cartier e Ferragamo.

Rivais (2024)

O "tenniscore" é tão resultado do “method dressing” de Zendaya durante a divulgação, quanto da temática do longa. Com figurinos assinados por Jonathan Anderson, diretor criativo da Loewe e de sua marca própria, o filme explora a dinâmica sexy e complexa entre três atletas, exibindo uma estética esportiva preppy que é igualmente difícil de resistir. 

Leia mais: Tá, mas e os looks da zendaya na divulgação de challengers?

Um Sonho de Amor (2009)

Protagonizado por Tilda Swinton, cada take é de encher os olhos. Com figurino de Antonella Cannarozzi, os looks da protagonista foram criados em parceria com Raf Simons durante seu período na Jil Sander. Com Swinton exibindo o melhor do estilo lady-like, o filme combina elegância e intensidade emocional.

Me Chame Pelo Seu Nome (2017)

Inspirado no livro homônimo de André Aciman, a história de amor se passa em meados dos anos 80. A moda aqui é nostálgica e descontraída, com peças que evocam a tranquilidade e o calor do verão italiano. As roupas dos personagens ajudam a construir a atmosfera idílica e romântica com muita leveza e frescor. 

Suspiria – A Dança do Medo (2018)

Remake de um clássico terror do cinema italiano dos anos 70, o filme homenageia o original de Dario Argento, mas injetando modernidade. Ambientado em uma escola de dança, tons de vermelho dominam a tela e o caráter experimental chega também nas produções quase surrealistas em patchwork, utilizando materiais como cabelo.

Até os Ossos (2022)

Com uma fotografia mais sombria, o glamour normalmente encontrado nas obras de Guadagnino é abstraído para contar a história nada ortodoxa de amor entre dois jovens canibais, explorando novamente o gênero terror. Entre as paisagens vastas mostradas em uma road trip pelo meio-oeste dos EUA, o longa é um dos mais polarizantes de sua filmografia. Protagonizado por dois favoritos da moda Timothee Chalamet e Taylor Russell em looks de apelo grunge, incluindo Chalamet com cabelos coloridos. 

Um Mergulho no Passado (2015)

Uma vaga adaptação do francês "La Piscine" de Jacques Deray, reinterpretando a trama original, o filme merece menção pela deslumbrante fotografia da casa na ilha de Pantelleria. Com Tilda Swinton no papel de uma rockstar, a atmosfera é de luxo discreto e intimista, refletindo o estilo refinado de Luca Guadagnino.

Em qual destes filmes você acha que o diretor explora melhor a moda para compor a estética da história?

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