É aqui que a frase "o show deve continuar" ganha um novo significado e deve ser repensada. No último sábado, dia 27 de abril, o modelo Tales Cotta teve um mal súbito na passarela da Ocksa, na São Paulo Fashion Week, e infelizmente não resistiu. Ao saber do ocorrido, os organizadores do evento optaram por seguir com o evento normalmente.
É claro que é um evento gigante, que envolve muito dinheiro e muitas pessoas, mas até onde isso justifica a falta de compaixão? Em um meio em que todos lidam diretamente com pessoas, a frieza e falta de humanidade que ainda existe nos deixam preocupadas. Quando a moda é cada vez mais focada no bem estar e na inclusão, um acontecimento desse, em pleno 2019, não deve ser esquecido.
Na SPFW ou em qualquer outro evento, se a morte de uma pessoa não está acima dos negócios, o que podemos esperar da indústria daqui para frente? Como uma plataforma de conteúdo, é nosso papel dissipar a mensagem de que a moda não é mais como antigamente e que todos os pequenos detalhes, incluindo a compaixão por seus prestadores de serviços, fazem diferença. Como Tales, que tinha uma família, amigos e colegas de trabalho que precisaram passar pela agonia de ver o show continuar mesmo com sua morte inesperada, em um evento cheio de pessoas assistindo à tragédia e logo em seguida aplaudindo um desfile que não deveria ter continuado.