Você sabia que existe uma montanha de roupas descartadas no Atacama?

por Sofia Stipkovic

Moda e meio-ambiente não são exatamente melhores amigos na maior parte do tempo. Embora existam muitas iniciativas positivas no mercado, o esforço ainda não é nem perto do que deveria ser feito. A indústria têxtil é uma das que mais poluem e causam impacto na crise climática; por exemplo, o setor têxtil foi a terceira maior fonte de degradação da água e da utilização dos solos em 2020, segundo dados do Parlamento Europeu. 

Fora a parte da produção, o "fim" da cadeia de consumo de artigos de vestuário, calçados e acessórios também preocupa muito. Em uma tentativa de conscientização, a cidade de Alto Hospício, nos arredores do Deserto do Atacama, no Chile, tornou-se palco de um alerta global sobre o descarte inadequado de roupas, com a montanha de mais de 59 mil toneladas de peças, predominantemente provenientes da indústria fast fashion, destacando a urgência do problema. Inspirada nas grandes semanas de moda internacionais, a ONG Desierto Vestido, em parceria com a Fashion Revolution e o Instituto Febre, lançou o Atacama Fashion Week.

Atacama Fashion Week - Atacama - Atacama - Verão - Chile - https://stealthelook.com.br
Foto: Atacama Fashion Week (Reprodução/Mauricio Nahas)


O evento não se limitou a chamar a atenção para a questão; ele a colocou em primeiro plano, realizando um desfile de moda inédito no lixão do Atacama. Modelos desfilaram com looks confeccionados a partir das roupas descartadas no local, enquanto um editorial fotográfico, assinado por Mauricio Nahas, capturou a essência da mensagem.

Disponível no site oficial do Atacama Fashion Week, o desfile é acompanhado por comentários de influenciadores de moda, comportamento e sustentabilidade, além de hospedar dados essenciais sobre a causa e formas de colaboração para o público em geral. A campanha visa não apenas conscientizar, mas também mobilizar ações em toda a América do Sul, EUA e Europa.

Ángela Astudillo, co-fundadora da Desierto Vestido, enfatiza a necessidade de um esforço conjunto público-privado para enfrentar essa crise crescente: "Estamos em uma luta diária para encontrar soluções. Precisamos de um compromisso conjunto de todos os agentes envolvidos para discutir e implementar uma mudança efetiva. O Atacama não pode mais esperar."

Além das consequências ambientais, o descarte desenfreado de roupas também contribui para a crise climática. Segundo informações do Instituto Febre, o setor da moda precisa reduzir suas emissões pela metade até 2030 para evitar um aumento de 1,5ºC na temperatura global. Fernanda Simon, diretora executiva do Fashion Revolution Brasil, destaca a importância da responsabilidade das marcas, governos e sociedade civil para enfrentar esse desafio.

Com o apoio de parceiros como a agência Artplan e a produtora de vídeo Sugarcane Filmes, o Atacama Fashion Week transcende o universo da moda, utilizando a arte e o audiovisual para conscientizar sobre o impacto do descarte inadequado de roupas e instigar a mudança em direção a uma indústria mais sustentável.

O evento não apenas faz um alerta sobre a crise iminente, mas também oferece uma oportunidade de reflexão e ação, lembrando-nos de nossa responsabilidade coletiva na preservação do planeta para as gerações futuras.

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