Assim que eu entrei no avião pra ir embora de Austin no ano passado eu soube: eu vou voltar no ano que vem. Isso porque eu saí tão encantada e apaixonada por aquele festival que voltar ao SXSW em 2019 passou a ser (mais uma) das minhas metas de vida. E hoje, sentada na minha escrivaninha em Los Angeles ouvindo algumas das músicas recém descobertas por lá, posso dizer cheia de orgulho e saudade que: eu conquistei a minha meta junto com o dream team Steal the Look e a EasySim4u, que me convidaram para ir ao festival e fazer a cobertura de tudo que rolou por lá. A minha volta serviu só pra me confirmar o que eu já sabia: eu amo esse evento, e ir de novo já está na meta de 2020. O festival é tão completo e grande (conhecido pelo The FOMO festival - com mais de 50 eventos acontecendo ao mesmo tempo), que as vezes fica difícil explicar pra quem não viveu exatamente o que acontece em Austin durante o SXSW. Por isso, resolvi separar os 6 principais motivos que explicam brevemente o porquê desses dias serem tão especiais. Vem por aqui:
1. As pessoas
Se eu tivesse que escolher um só bullet point para explicar o que o SXSW tem de tão especial eu com certeza escolheria esse. Eu aprendi isso na primeira vez que eu fui - que por sinal eu fui sozinha - e eu confirmei indo pela segunda vez: as pessoas que você conhece são as que determinam o quão especial a sua experiência vai ser. Dos estranhos aos novos e velhos amigos, todo mundo simplesmente parece incrivelmente legal e interessante no festival se você der uma chance. Minha dica? Vá aberto e se esforce para realmente ter trocas genuínas e verdadeiras com qualquer pessoa que você esbarrar ali. Todo mundo que se inscreve para um festival desses está no mínimo interessado em aprender algo novo e se tornar uma versão ainda melhor de si mesmo e isso por si só já te conecta de alguma forma com alguém e é algo em comum que vocês tem para iniciarem uma boa conversa. Na vez que fui sozinha conheci um dos meus melhores amigos e mais umas vinte pessoas que me ensinaram muito mais do que todas as palestras que eu vi. Já esse ano fui com um squad fenomenal composto pela Catha, Manu, Ju Levenstein e Andy. Lá nós encontramos diversos amigos e fizemos mais uma dúzia de novos e sem dúvidas foi o que fez com que as experiências que eu vivi lá fossem tão únicas.
2. A cidade
De acordo com os dados oficiais do SXSW 2018 quase meio milhão de pessoas participam do festival. Sim, o festival é enorme. E ainda assim, tudo flui perfeitamente bem. Por 10 dias, o SXSW se torna Austin, e Austin se torna o SXSW (pelo menos o centro onde tudo acontece, porque se você quiser se aventurar, atravessar a ponte e dirigir 15 minutos para fora da área onde tudo acontece, vai se deliciar vendo a vida dos texanos acontecendo normalmente sem ninguém usando os crachás oficiais do evento e a cidade fluindo normalmente sem nenhum impacto do festival.)
Mas ainda assim, mesmo ali na área central onde TUDO acontece e todas aquelas pessoas estão aglomeradas andando de um evento para o outro, é possível se encantar não só pela estrutura que a cidade comporta para receber o festival - centros de convenções e hotéis com altíssima infra-estrutura concentrados a metros de distâncias um do outro, mas também pela quantidade de espaços abertos, natureza, parques, pessoas estilosas, arquitetura com personalidade, estabelecimentos comerciais pra lá de charmosos e uma cidade simplesmente com uma vida própria! O festival se torna a cidade e a cidade se torna o festival. E ainda assim, não. Austin é simplesmente incrível e sem dúvidas uma das peças principais para fazer o SXSW um festival tão icônico.
3. As lições
Esse ano, na minha opinião, muito mais do que algum dado ou informação extremamente inovadora que eu tenha ouvido em alguma palestra, o que mais me marcou foram as lições humanas que ouvi nas principais palestras que eu fui. Por sinal, essa foi a grande tendência do SXSW esse ano: a importância de tudo que diz respeito ao lado humano. Se no ano passado os talks estavam repletos de termos como bitcoin, blockchain e aceleradores espaciais, esse ano os temas que se repetiam transitavam entre ética no espaço de trabalho, política e questões sociais, feminismo, empatia, coragem, privacidade na era digital e confiança na era das fake news. Muitas vezes o que faz a diferença na hora de uma palestra ser realmente marcante é exatamente o humano que está em cima do palco contando a história. De nada adianta um tópico extremamente inovador e um dado nunca visto antes (até porque com o acesso que todos temos a informação hoje é muito raro algo ser nunca visto antes) se a pessoa que está conduzindo a palestra não conseguir se conectar com a audiência, mostrar suas vulnerabilidades, seu lado humano e contar uma história que vá realmente nos marcar e fazer com que possamos aprender algo de uma forma especial, dificilmente a palestra vai ser boa. Nesse sentindo, as minhas quatro palestras favoritas desse ano e que indico que todos procurem a fundo saber mais (uma delas já está disponível em vídeo e vou deixar o link no post) são essas aqui:
- Keynote: Bozoma Saint John e Ashley Graham sobre cultura, tendência e auto confiança.
- 7 tendências não óbvias para o futuro com Rohit Bhargava
- O poder de uma história com Susan Fowler
- Keynote com Gwyneth Paltrow e Poppy Harlow sobre empreendedorismo, coragem, mudança de carreira e vulnerabilidade
4. O festival de música
Além de toda a parte de conhecimento - que eles chamam como o ‘Interactive Festival’ que é toda a parte de palestras, talks, exposições, ativações de marcas e keynotes, o SXSW ainda tem mais duas categorias que compõem o festival: a música e o cinema. Durante os primeiros dias, o foco é mais voltado para o cinema enquanto a parte da segunda metade a música toma conta da cidade. Até hoje não participei muito dos eventos da parte do festival de cinema, porque realmente é impossível fazer tudo, mas todos os dias de noite a partir do meio da semana, a gente reúne uma galera e começa a maratona entre a casas de show para apreciar os artistas performando por Austin. MUITA gente legal toca por lá (mais de 2 mil artistas de mais de 60 países), incluindo nomes consagrados e já bem grandes (esse ano artistas como Khalid e Billie Hellish passaram por lá e no passado nomes como Lady Gaga, Lana Del Rey, Katy Perry e Amy Winehouse.)
Os meus favoritos que vi esse ano e que recomendo vocês darem um play caso ainda não conheçam foram: Donna Missal, Jungle, Justice, J Balvin, Golden Dawn Arkestra, Broken Social Scene. O mais legal é que são bandas de artistas completamente diferentes e cada um toca em um lugar. Teve uma noite que fomos em 7 lugares diferentes. Uma loucura que vale muito a pena e faz parte da experiência!
5. As ativações de marketing
Para uma marketing lover como eu, ver o belo trabalho que as principais marcas do ramo da moda, entretenimento, comportamento e tecnologia fazem para se conectar com o público do festival é incrível. A lista das marcas participantes é ENORME, contando com as gigantes do mundo do streaming e conteúdo como Netflix, HBO e Amazon Prime que fizeram imersões interativas para promover alguns de seus produtos (The Highwaymen House, Game of Thrones e Good Omens respectivamente), a hypada da área da mídia e cultura digital como a Vice e sua festa com pista de skate, as plataformas de redes sociais como Twitter, Facebook, Linkedin e Snapchat com casas de programações diversas incluindo palestras, workshops, happy hours e bebida liberada. Marcas de moda e beleza como a amada no mundo da sustentabilidade Lush e a tradicional Dr Martens também marcaram presença e no ramo da tecnologia (além da exposição com mais de 100 marcas do mundo inteiro dentro do convention center) as gigantes Bose, Sony e Samsung também contaram com espaços personalizados para uma imersão completa do consumidor. O grande ponto é que no SXSW as marcas já começam com a barra lá em cima: é preciso entrar para deixar uma boa impressão e com as marcas veteranas oferecendo de gifts, comida e bebida liberada à mundos inteiros de imersão e experiência, o desafio de surpreender vai ficando cada vez mais difícil, mas também extremamente valioso para aquelas que não tem medo de ir ‘all in’ e deixar sua marca no coração do consumidor.
6. Nenhuma das anteriores
O último item que, na minha opinião faz o SXSW uma experiência mágica, é você criar a sua agenda (o festival tem um aplicativo pra lá de moderno que te ajuda a organizar e planejar TODO o seu dia) e simplesmente se permitir a sair dela. É isso mesmo. Sair do seu próprio script, quebrar seu roteiro, trocar o seu plano. Pra você que nunca foi eu já te aviso: vão ter palestras que você não vai conseguir entrar porque vai lotar, ou várias outras que você vai querer sair no meio porque não vai curtir. E quando isso acontecer, sabe o que você faz? Entra em qualquer palestra sobre um tema que você nunca viu antes, pega um patinete e vai dar uma volta por Austin, puxa papo com alguém em uma das (longas) filas, experimenta alguma das comidas de rua em um dos muitos food-trucks pela cidade… deita na grama do parque que fica ali do lado e se permita absorver um pouco de todo aquele conteúdo, entra em um bar sozinho e conversa com a primeira pessoa que você ver. As palestras, os dados e os números se for preciso você entra no google depois e vê tudo. A mágica de estar em um lugar rodeado de meio milhões de pessoas com a mesma energia e potencial criativo que você, em busca de uma versão melhor de si mesmo, só estando lá e se permitindo sair dos seus próprios planos para realmente poder sentir do que se trata! Ah SxSw, eu te amo… e eu te vejo em 2020!
