Afinal, o que é a estética anti-bride?

por Izabela Suzuki

Pergunte para as pessoas mais próximas de você quem ainda tem vontade de casar usando véu e grinalda. Pode perceber que algumas delas torcerão o nariz para a ideia de um casamento profundamente tradicional. É claro que isso varia muito de casal para casal, mas não podemos deixar de observar que o mundo mudou, que as comemorações não são mais as mesmas e que muitos fatores influenciaram para que o universo matrimonial e suas festividades se alterassem. Bem, é exatamente aí que entra a estética anti-bride — ou anti-wedding.

Não pense que o nome é um "afronte" ao tradicionalismo, muito pelo contrário, é apenas uma forma diferente que cada noiva ou noivo encontrou de expressar sua personalidade através do casamento. O crescimento dessa tendência não impede que você entre na igreja ao som da sua orquestra favorita ou use um vestido de princesa dos sonhos, mas é uma porta de entrada para aqueles que nunca se identificaram com nada disso e que preferem, de certo modo, se rebelar contra o que já conhecemos. Então, se o seu desejo é um mini vestido cor-de-rosa e um coturno tratorado, talvez o anti-bride seja a luz no fim do túnel.

@chiquitaysalvaje - terno preto, vestido branco curto, véu e sandália de salto branca - anti-bride - verão - casal se beijando enquanto cortam um bolo de casamento - https://stealthelook.com.br
Foto: @chiquitaysalvaje (Reprodução/Instagram)


Sendo bem direta quanto à pergunta do título da matéria, o termo anti-bride representa uma fuga daquela pureza e a ingenuidade que costumam ser associadas aos casamentos tradicionais. Porém, isso não significa que essa tendência seja uma quebra do romantismo, já que o romantismo é algo muito pessoal e subjetivo. Para alguns casais, uma celebração mais descontraída pode ser mais intensa do que uma cerimônia tradicional.

Essa ruptura com as expectativas ultra-românticas pode ser vista em escolhas como vestidos minimalistas e curtos, tênis ou botas em vez de sandálias, jantares menos formais e outras peças inusitadas como uma jaqueta de couro em vez de uma echarpe de seda, além de decorações com flores selvagens em vez de camélias e rosas.

Casamento anti-bride - casal usando vestidos de festa e óculos de sol - anti-bride - verão - casal abraçado e comemorando com buque na mão - https://stealthelook.com.br
Foto: Casamento anti-bride (Reprodução/Pinterest)

E os casamentos menos clássicos não são uma super novidade. Não é como se todas as noivas e noivos tivessem se rebelado contra o sistema do dia para a noite. Eles já existiam antes, mas eram uma exceção a regra. Atualmente — isso vai soar clichê —, com o avanço da modernidade, e o impulsionamento de pensamentos mais liberais, fica nítido como as gerações mais novas procuram exteriorizar quem são da maneira como melhor lhes convém, e cá entre nós, isso não deve ser recriminado. 

Por exemplo, lá no final da década de 60, Yoko Ono casou-se usando minissaia e uma meia três quartos. Lily Allen devorou um In-N-Out em Las Vegas com seu marido David Harbour. Em 1997, Sarah Jessica Parker abriu mão do branco e mostrou que o pretinho básico não é só para a balada. Em resumo, todas elas transmitiram sua própria individualidade, e só porque elas não estavam ligadas a tradição, isso não significa que o momento não tenha sido marcante.

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Foto: Yoko Ono e John Lennon (Reprodução/Instagram)

A sociedade mudou e continuará mudando, entretanto, isso não significa que abandonaremos por completo nossas tradições. Compreendo que isso assusta aqueles que não gostam, ou não se sentem prontos para aquela quebra provocativa de padrões. Mas, veja bem, isso também é cíclico, assim como as tendências de moda. Pode ser que amanhã, o anti-bride já não seja mais a febre do momento e as pessoas encontrem outra forma de comemorar seus casamentos. 

No final, o casamento pode ser disruptivo, incomum, original ou super-ultra-mega convencional, mas todos acabam chegando ao mesmo lugar comum: o tão desejado "e viveram felizes para sempre".