Breaking: das ruas aos Jogos Olímpicos de Paris

por Izabela Suzuki

Mas STL, como o Breaking alcançou os Jogos Olímpicos de Paris? Se essa tem sido a sua pergunta desde que a modalidade foi anunciada, fique tranquila, nós te explicamos. Antes de qualquer coisa, vamos começar do início. Surgido no início dos anos 1970 nas comunidades afro-americanas e latinas do Bronx, em Nova York, o Break Dance, também conhecido como B-boying ou Breaking, é parte de um movimento cultural mais amplo do hip-hop, que inclui também o graffiti, o DJing e o rap.

Existem algumas versões sobre o seu surgimento. Uma delas diz que a dança começou como uma forma de expressão artística e competição amigável entre jovens, frequentemente ocorrendo em festas e nas ruas, ao som de breakbeats — trechos de músicas com ritmos acentuados que os DJs tocavam repetidamente. Outra versão conta que a dança foi criada para pacificar disputas territoriais na região, afastando os jovens de gangues e da violência.

Desde então, o breaking não demorou para ganhar o mundo. Por exemplo, no Brasil, na década de 80 as turmas começaram a se reunir em frente à estação São Bento do Metrô de São Paulo para treinar passos e batalhar! O breaking saiu das ruas e se tornou uma potência cultural, influenciando a música, a arte e a moda. Agora, essa forma de dança alcançou os Jogos Olímpicos, destacando a força e o impacto da cultura hip-hop.

Homem vestido com tendências dos anos 80, usando moletom xadrez, calça esportiva com faixas laterais e óculos futuristas. Look urbano e esportivo, destacando padrões geométricos e acessórios ousados, como luvas e tênis com estampa xadrez.
Foto: Dançarino apresentando em Chicado, 1987 (Reprodução/Pinterest)


quando e como foi definido que o breaking seria um esporte olímpico?

Bom, a inclusão do break dance como esporte olímpico é o resultado de um processo de reconhecimento gradual da dança como uma disciplina esportiva. Em 2018, o Comitê Olímpico Internacional (COI) anunciou que o break dance faria sua estreia como esporte nos Jogos Olímpicos da Juventude de Buenos Aires. O sucesso dessa estreia levou à decisão de incluir a modalidade nos Jogos Olímpicos de Verão de 2024, em Paris.

Essa decisão foi parte de uma iniciativa do COI para tornar os Jogos mais atrativos para o público jovem e refletir a diversidade cultural global. O formato da competição olímpica de break dance incluirá batalhas, onde dançarinos individuais competem em rodadas eliminatórias, sendo avaliados por jurados com base em critérios como técnica, criatividade e musicalidade a partir de uma música aleatória.

Para quem quiser acompanhar, as competições de breaking nas Olimpíadas de Paris 2024 ocorrerão nos dias 9 e 10 de agosto. No dia 9, as qualificações femininas começarão às 10h (horário de Paris), seguidas das finais femininas às 14h. No dia 10, acontecerão as competições masculinas, também com início às 10h para as qualificações, e as finais mais tarde no dia. Esses eventos terão lugar no La Concorde Urban Park, um espaço transformado para sediar várias atividades dos Jogos​.

teremos representantes brasileiros este ano?

Apesar da força do hip-hop no cenário brasileiro, infelizmente, neste ano, não teremos representantes em Paris. Mas isso não é exclusivo do Brasil; não haverá nenhum competidor da América Latina na modalidade de breaking. De acordo com informações do portal Terra, o b-boy Leony Pinheiro, multicampeão de breaking, e a b-girl Mayara Collins, conhecida como Mini Japa, competiram por vagas no Olympic Qualifier Series (OWS) em Budapeste, Hungria, mas não conseguiram se classificar.
 
No entanto, é apenas uma questão de tempo e preparo para que o Brasil e outros países da América Latina marquem presença nas próximas Olimpíadas, competindo com fortes adversários dos Estados Unidos e do Japão, entre outros. 

e a sua influência na moda?

O Break Dance também influenciou profundamente a moda urbana, criando um estilo próprio que reflete a cultura hip-hop. Nos anos 70 e 80, os b-boys e b-girls vestiam roupas confortáveis e funcionais para facilitar os movimentos dinâmicos da dança. Isso incluía tênis como o Puma Clydes ou Suedes, Converse All Star, Nike Cortez e o icônico adidas Superstar. Calças folgadas, jaquetas de nylon, chapéus kangol, meias até os joelhos e acessórios como correntes e joias tornaram o estilo icônico. A maneira de se vestir dos dançarinos foi inspirado também pela necessidade de se destacar visualmente durante as batalhas de dança que perdura até hoje.

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Ao longo dos anos, o estilo associado ao breaking evoluiu e se misturou com outras influências, incluindo o streetwear e a moda esportiva, tornando-se um elemento central da moda urbana global. Marcas de moda de luxo também começaram a incorporar elementos do estilo break dance em suas coleções, trazendo essa estética para as passarelas e para o mainstream.

Mulher dançando break dance vestindo uma blusa de manga longa azul com recortes modernos, calça larga preta e luvas esportivas. Acessórios como óculos escuros e cabelo preso com laços, transmitindo um visual dinâmico e contemporâneo.
Foto: @indiasardjoehh (Reprodução/Instagram)

no fim das contas...

O reconhecimento do breaking como esporte olímpico é um marco e um passo significativo para a cultura hip-hop, que sempre foi vista como uma expressão artística e cultural mais do que uma disciplina esportiva. Esse reconhecimento oficial não só eleva o status da dança, mas também proporciona uma plataforma global para os dançarinos mostrarem seu talento e contribui para a preservação e evolução dessa forma de arte.

No futuro, é muito provável que o breaking continue a influenciar a moda e a cultura popular, expandindo ainda mais seu impacto e alcance global. O reconhecimento olímpico também pode inspirar uma nova geração de b-boys e b-girls, garantindo que a tradição e a inovação da dança continuem a crescer e a ganhar mais visibilidade, atenção, especialmente aqui no país, e patrocínio para melhorar ainda mais e, quem sabe, competir oficialmente nas próximas olimpíadas. 

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