Bridget Jones é inimiga da moda ou ícone fashionista?

por Ana Luísa Soares

She is back! Depois de 24 anos da adaptação cinematográfica do best-seller “O Diário de Bridget Jones“, de Helen Fielding, a personagem mais queridinha do milênio está de volta. O novo capítulo da história ganhou o nome de “Bridget Jones: Louca pelo Garoto“, e mostra Renée Zellweger na casa dos 50 anos, viúva e mãe de dois filhos.

Com toda autenticidade já vista nos outros filmes, reencontrar Bridget é como rever uma velha amiga, mas agora com dilemas um pouco diferentes, como criar dois filhos sozinha, voltar pro mercado de trabalho e se abrir pra um novo relacionamento. Agora, Bridget tem que lidar com as “mães perfeitas” do colégio e até com o ghosting de paqueras, mostrando que a personagem continua bem “gente como a gente.”

Mulher de pijama vermelho com estampa sentada no sofá, segurando revistas. Ambiente lembra cenas de Bridget Jones.
Foto: Bridget Jones (Divulgação)


E falando em “gente como a gente”, seu estilo nunca se encaixou no estereótipo de fashionista impecável. Bridget usa pijamas largos de flanela, calcinha bege e ainda faz um mix com saias curtas, blusas decotadas e longos cachecóis.

Segundo a figurinista Rachel Fleming, a ideia sempre foi dar à personagem um visual que refletisse a vida cotidiana da mulher ocupada, que ainda luta com a balança e cultiva hábitos não muito saudáveis.

Bridget Jones carregando uma árvore de Natal em um cenário festivo, com decoração natalina ao fundo.
Foto: Bridget Jones (Divulgação)

E talvez você não saiba disso, mas esse estilo excêntrico deu origem a uma microtendência conhecida como a “estética da Inglesa Desnorteada”.

Refletindo a vida de uma mulher que não tem tempo pra passar horas pensando no “look do dia” e ainda precisa lidar com o clima imprevisível da Inglaterra, a tendência é marcada pela sobreposição aleatória de roupas — lembra da Kate Winslet em “O Amor Não Tira Férias”?

Mulher loira segurando caderno vermelho, cercada por chocolates, bebida e cigarro, evocando o universo de Bridget Jones.
Foto: Bridget Jones (Divulgação)

Além disso, os figurinos do filme refletem tendências da época, como tricôs justos, saias lápis, casacos de pele sintética e vestidos slip dress. Com o recente retorno da moda Y2K, muitos dos looks de Bridget voltaram a ser referência, especialmente o mix de peças básicas com toques clássicos.

E, por incrível que pareça, esses arquétipos de corporate girl misturado com cardigãs fofinhos acabaram surgindo, de forma inesperada, nas passarelas de marcas de luxo como Chanel e Miu Miu.

Bridget Jones e uma criança caminham na neve com roupas de inverno.
Foto: Bridget Jones (Jay Maidment/Universal Pictures)

Nas palavras de Molly Emma Rowe, a figurinista da mais recente adaptação cinematográfica de Bridget Jones, a personagem “tem algumas roupas bonitas, e ela se esforça, mas sempre acaba errando um pouco. Sempre há algo um pouco fora do lugar, seja o caimento, o padrão ou a combinação de cores”.

Em um mundo saturado por imagens perfeitas e até manipuladas digitalmente, Bridget demonstra que o estilo vai além das tendências momentâneas, se manifestando na autoestima e na expressão da nossa identidade.

Com Valter Hugo Mãe escreveu “ser tudo igual é característica de azulejo”, e não existe nada mais fashionista do que ser autêntico — ainda que isso inclua uma calcinha bege e um cabelo despenteado.

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