O chapéu existe desde os primórdios da humanidade, quando os homens usavam peles de animais e tecidos para cobrir as cabeças e se protegerem das adversidades climáticas (como o sol forte ou a chuva). Foi adotado por trabalhadores rurais pelo mesmo motivo e ganhou formatos e materiais diversos, dependendo da finalidade.
Durante a história, foi símbolo de status e marcava os níveis sociais, passando a ser um item de moda. No decorrer dos anos, diversos modelos surgiram, como o chapéu coco, usado pelos homens no fim do século XIX e eternizado por Charles Chaplin; o clochê, criado em 1980 e que marcou a moda dos anos 1920; e o Panamá, criado no Equador e usado desde os Incas, sendo popularizado no século XX com a adoção pelos franceses e estadunidenses.
Na história da moda, também não faltam chapéus icônicos. Alguns deles são o floppy, muito usado por Brigitte Bardot nos anos 1970; o pillbox hat, eternizado por Jackie Kennedy; o Chapeau du Matin da Givenchy, usado pela Audrey Hepburn no filme Bonequinha de Luxo; as cartolas usadas por Marlene Dietrich que desafiavam os papéis de gênero; e, é claro, o inesquecível Shoe Hat, chapéu surrealista criado por Elsa Schiaparelli e Salvador Dalí para a coleção de outono-inverno de 1937.
Apesar de ser icônico, seu uso no cotidiano é mais comum em países como a Inglaterra. No entanto, esse cenário tem mudado, já que ele está em alta novamente na indústria da moda e promete ser destaque esse ano. Para quem tem dúvida de como adotar o acessório, fica tranquila, porque nós conversamos com uma expert no assunto, que compartilhou as melhores dicas.
Robertita é comunicadora de moda e referência quando se trata de chapéus. Com mais de 50 itens em sua coleção, compartilha com frequência suas composições elegantes e fashionistas usando o acessório. Ela começou a usá-los de forma estratégica e a aposta deu muito certo. “Despretensiosamente, em uma tarde de fotos externas na esquina do metrô Santa Cruz, entrei para trocar de look no shopping e pensei ao ver um quiosque de chapéus: ‘preciso de um elemento marcante, por que não um chapéu?’ Desde então, sigo viciada, apaixonada e quem sabe um dia, uma empreendedora”, contou.
Muitos modelos depois daquele primeiro contato, hoje é impossível falar de chapéu sem lembrar de alguma de suas produções. O acessório, inclusive, marca momentos importantes na vida e carreira de Robertita. “Meu modelo favorito é o de copa baixa e abas grandes, ele marca simbolicamente minha primeira semana de moda internacional em Paris e uma virada de chave na minha carreira. Protagonista também da minha primeira capa de revista na Glamour”, contou.
E se você, assim como a Robertita, se apaixonou pelo chapéu, mas ainda não entende muito sobre o acessório, trouxemos algumas inspirações e modelos fashionistas para apostar sem medo. Vem ver:
A pegada western nos looks foi hit em 2023 e continua em alta em 2024. Além da bota de cowboy, que virou item queridinho das fashionistas, os chapéus também marcaram presença. O item, que foi popularizado com a chegada dos ingleses aos Estados Unidos e se tornou parte da cultura texana, foi eternizado pelo cinema, com os filmes de faroeste.
Durante o último ano, o acessório esteve presente nas produções de todos os estilos, seja em aniversários temáticos, pelos fãs de Beyoncé na "Renaissance World Tour" ou até nos festivais. Agora, é a vez de ele invadir os looks mais casuais.
Inicialmente um chapéu masculino, o fedora se tornou atemporal para homens e mulheres. Afinal, é um chapéu icônico na cultura pop, que foi eternizado por nomes como Michael Jackson e os filmes Indiana Jones e Casablanca. Atualmente, a versão mais presente nas produções casuais é a com aba reta e grande.
Os chapéus statement dominaram as passarelas da Paris Fashion Week outono-inverno 2024. Por isso, apostar em um modelo diferente do acessório, que se destaque no look de alguma forma, é atual e muito trendy. “O segredo é a harmonia da composição, diferente do que pensam, todos os looks podem acompanhar um belo chapéu, é necessário apenas entender a ocasião, o formato, tamanho e material”, explicou Robertita.
Usado para prática de canoagem no século XIX, logo o chapéu boater — ou palheta — se tornou um acessório de moda e se popularizou no Brasil nos anos 20, com a influência do cinema estadunidense. Virou símbolo dos boêmios no Rio de Janeiro e até foi parar na cabeça do Zé Carioca, personagem brasileiro criado por Walt Disney.
Não por acaso, hoje é um dos modelos mais usados no verão do Brasil e é bastante associado ao beachwear. No entanto, é um modelo que traz informação de moda, por isso pode (e deve) ser usado o ano inteiro.
Para quem gosta de produções autênticas, os chapéus de cores não tradicionais são incríveis. Uma grande referência nas versões ousadas do acessório é Grace Jones, que sempre abusou de cores, brilhos, formatos e estampas quando se trata de chapéu.
Além disso, os chapéus coloridos foram muito popularizados pelas mulheres que frequentam igrejas da comunidade negra dos Estados Unidos. Isso porque depois do fim da escravidão, eles passaram a significar status e bençãos para esse grupo.
Por isso, são os acessórios perfeitos para composições fashionistas e divertidas.
Para terminar, se você quer começar a investir em chapéus para tornar seus looks mais interessantes e fashionistas, a Robertita compartilhou algumas dicas. “Entenda as proporções do seu corpo, incluindo ombros e braços. Cada formato expressa uma mensagem, siga seu feeling estético. Consuma de chapeleiros brasileiros, existem muitos profissionais fazendo trabalhos magníficos em território nacional”, disse.
