O Centro Cultural de São Paulo foi palco da 53ª edição da renomada Casa de Criadores na última semana. O evento, realizado de 5 a 10 de dezembro, contou com a participação de diversos nomes em seu line-up, incluindo o veterano Alexandre Herchcovitch, Ponto Firme, Jorge Feitosa, Nalimo e até uma colaboração especial entre Kabila Aruanda e Visén.
A seguir, te contamos um pouco mais do que aconteceu nessa Semana de Moda tão significativa para o cenário brasileiro, além de destacar algumas das tendências que marcaram as passarelas e que nós adoramos. Continue a leitura para descobrir mais, cara leitora.
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"Toda nudez será bem vestida", é assim que Rober Dognani descreveu em um dos posts em seu perfil sobre seu desfile na Casa de Criadores. Com peças de látex, seda esvoaçante e acessórios maximalistas, em uma espécie de apresentação teatral à meia luz, o designer destacou o poder dos corpos. Partindo das referências do austríaco Egon Schiele, um artista plástico ligado ao movimento expressionista, Dognani, que apresentou-se pela vigésima vez, garantiu um espetáculo à parte com peças de tule, bonecos amarrados às modelos e um exibicionismo pouco óbvio e muito inteligente.
A inclusão é uma das palavras-chave do desfile de Vittor Sinistra, intitulado "RTS3000". O estilista explicou à revista Capricho que "RTS significa roupa como tecnologia do sentimento", pois acredita que é possível manipulá-las como uma forma de expressão da subjetividade. Cada visual contava uma história; a terceira foto, por exemplo, explora um pouco mais sobre a rainha do planeta medo. "Assombra todos os habitantes do sistema RTS3000 com suas artimanhas de confusão e distorção da realidade", explicou em seu perfil. Nesse contexto, a presença de diversos corpos, gêneros e cores foi muito significativa, vestindo peças mini, recortes sensuais estratégicos, luvas e adereços únicos, criando uma série de visuais únicos e extremamente criativos.
Liderada por Dayana Molina, a ativista Nalimo apresentou sua coleção recheada de representatividade indígena com muito poder e beleza. Com uma equipe 100% feminina, a ativista levou às passarelas uma grande ciranda de mulheres, reforçando o poder da arte como ferramenta de transformação. A título de curiosidade, a ciranda faz parte da cultura de muitos povos no Brasil, principalmente na região de Pernambuco. Muito além de uma bela coleção em tons claros, fibras naturais e orgânicas, e modelagens amplas, a coleção de Molina é simbólica e uma manifestação cultural.
Traga sungas de banho, alguns elementos coloridos, um toque do floral da primavera e chinelos com ornamentos dourados, e você terá o desfile de Jorge Feitosa. Com peças básicas que rompem com a cultura de que a moda tem um gênero definido, a coleção, apesar de mais simplificada, é refrescante e sagaz.
Ocupando o segundo dia do line-up, os artistas visuais Kabila Aruanda e Visén reuniram em um desfile para lá de interessante simbologias de suas próprias histórias. Enquanto Kabila trouxe muito da energia do Candomblé, Visén explorou seus códigos através das pixações e sua insígnia própria. A estamparia é toda feita à mão, e a coleção também trabalha o upcycling, um imperativo que converge com a moda nos tempos atuais e merece muito mais a nossa atenção. A ideia, de acordo com os criadores, era explorar o mistério dos terreiros e simbologias experimentais. E tudo isso no maior estilo punk! Adoramos.
Desfilada no Edifício Copan, cujo mezanino foi transformado em passarela, a coleção Ponto Firme foi desenvolvida por Kevin Germanier, Ronaldo Silvestri e o Projeto Ponta Firme. Com o apoio da SPFW, as peças apresentam muitos detalhes de upcycling, como miçangas coloridas e adereços exuberantes criados pelas mãos e criatividade de Germanier, resgatando uma energia divertida e alto astral. Além desses detalhes artesanais, outros itens produzidos a partir do crochê foram feitos pelo Coletivo Chave, um grupo que reúne artesãos da periferia de São Paulo. Por fim, com styling assinado por Dudu Bertholini, essa coleção é alto astral e extremamente bem pensada, desde a primeira linha de costura até os detalhes finais.
Abrindo a Casa de Criadores, Alexandre Herchcovitch toma as rédeas de sua marca homônima após um longo hiato. Para esse re-debut, optou por manter uma proposta urbana, porém, com um toque litorâneo, por assim dizer. Aqui, peças de alfaiataria casaram-se muito bem com outras coloridas que parecem ter sido feitas em crochê, assim como estampas vibrantes e outras peças que remetem a esse clima, como mini vestidos, bonés e tecidos esvoaçantes.
roube as tendências
Roupas fluidas, muitas estampas, crochê, paetê, um toque de sensualidade provocativa, vestidos longos que resgatam muito do nosso verão e um pouco de plataformas roubaram nossas atenções e podem ser grandes apostas para a estação. Por isso, que tal garantir algumas das tendências que vimos na Casa de Criadores? Como sempre, reunimos um pequeno compilado de itens que conversam com o que vimos acima e que podem ser seus ainda hoje, cara leitora.