Infelizmente, mesmo depois de muitas tentativas de apaziguamento a fim de manter o mínimo de paz entre a potência da Rússia e sua antiga aliada Ucrânia, o pior aconteceu, e o que antes era uma grande tensão entre Estados, se rompeu em um cenário violento de guerra. As consequências diante desse infeliz acontecimento são estrondosas, principalmente para os dois países envolvidos, obviamente, mas também abalam o mundo todo. Eventos desse porte mexem significativamente com a economia mundial e afetam seus mercados, e isso inclui a indústria da moda.
A indústria da moda faz parte de um segmento do setor de bens de consumo dividido entre essenciais e supérfluos. E o que isso quer dizer? Bom, ao mesmo passo que itens de vestuário são necessários, um cenário conflituoso faz com que o desejo de compra por parte dos consumidores decaia. Além disso, existe também a implicação negativa em relação às ações das grandes empresas de moda e marcas de luxo mundiais, que já começaram a sofrer quedas. As consequências são muitas, mas medidas reativas também começam a aparecer. Vem saber mais:
A ligação entre Rússia e Ucrânia, desde o dissolvimento da antiga União Soviética, nunca foi das melhores. Mesmo sendo aliados por muito tempo, depois da separação ucraniana, seguida de uma aproximação do país a alianças ocidentais que envolviam os EUA, as faíscas entre os dois Estados só aumentaram. Em 2014 a invasão russa na Crimeia, que é território ucranianiano, estremeceu de fato a relação entre os dois países, colocando-os à beira de um conflito iminente muito maior, que foi exatamente o que aconteceu. Dentro da indústria da moda, principalmente no segmento de luxo, as consequências dos ataques russos à Ucrânia, foram sentido desde o primeiro momento da invasão. Grandes conglomerados de luxo, como a Kering - detentora de marcas com Saint Laurent e Balenciaga -, LVMH - Louis Vuitton e Dior - e o grupo Richemont - Cartier, Chloé e Montblanc - viram o valor de sua ações caírem em média de três a seis por cento, e ainda seguem em queda.
Apesar das quedas, muitos investidores da indústria da moda acreditam que a guerra entre Rússia e Ucrânia não afetará mais a comercialização de produtos de alta moda do dos demais mercados. Por outro lado, outros investidores menos ousados realocaram seus montantes em investimentos de menor risco, como no mercado de ouro, por exemplo. A verdade é que muitos especialistas e analistas de mercado de moda e luxo não acreditavam que os acontecimentos chegariam a esse ponto. Muitos ainda estavam esperançosos e confiavam que as negociações entre os dois Estados surtiram efeito e um acordo de paz seria selado. O momento econômico atual - que ainda está tentando se recuperar da crise do Covid-19 - junto da crise trazida pelo conflito russo-ucraniano divide muitas opiniões por ainda ser muito turvo, levantando cada vez mais incertezas.
As principais semanas de moda mundiais ainda estão acontecendo e a comunidade ucraniana de moda tenta pedir pelo seu país de todas as formas possíveis. Mas, infelizmente, todo esforço parece não estar surtindo o efeito esperado. A estilista ucraniana Julie Pelipas, por exemplo, esteve presente no último desfile da Off-White, a fim de homenagear o legado de Virgil Abloh, mas se entristeceu ao notar que quase nenhum dos grandes nomes da indústria da moda entenderam a gravidade da tragédia que está acontecendo ou estava ao mobilizado em prol de seu país natal. Grandes nomes da moda ucraniana, como a própria Pelipas, Sonya Kvasha, ex diretora criativa da Vogue e Olya Kuryshchuk da 1Granary, se uniram para ajudar seu povo, através de uma plataforma online que conecta ucranianos que precisam de ajuda a pessoas de fora do país que desejam ajudar. Os líderes da moda da Ucrânia, que no começo do mês passado, fevereiro, estavam esperançosos em relação a acordos de paz e o lançamento de suas coleções, hoje veem suas produções paradas, mas isso não é mais uma prioridade.
Muitas marcas de alta moda internacionais com sede ucraniana, a fim de proteger seus funcionários já paralisaram suas atividades, como é o caso da Prada. Outras grandes marcas da indústria da moda como um todo também já estão se posicionando. Burberry, ASOS e o grupo LVMH estão entre as empresas que anunciaram o envio de donativos para as organizações que estão prestando ajuda para a Ucrânia. Outras etiquetas emergentes como, a Balenciaga e Gucci também já declararam seu apoio contra os ataques russos ao país. E outras etiquetas também anunciaram sanções contra a Rússia, como a H&M, Boohoo e ASOS que suspenderam suas vendas no país, assim como a Nike, Burberrry e a Puma, que também cessaram as entregas de seus produtos. A marca dinamarquesa Ganni e a húngara Nanushka, também entram na lista. A já citada Balenciaga recentemente usou suas redes como forma de chamar atenção para a gravidade do conflito. Todas as fotos foram substituídas por uma arte com as cores da bandeira ucraniana e um link com informações sobre o conflito foi disponibilizado na bio do perfil da marca no Instagram. E todas as ações levaram ao cancelamento da Rússia Fashion Week, tradicionalmente sediado em Moscou, que aconteceria neste mês.
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