A Made in Acre é uma marca de moda de Rio Branco que tem como missão levar o Acre para o mundo. As fundadoras da marca, Rayssa Alves e Juliana Pejon, valorizam a cultura acreana através de camisetas com frases bem humoradas e peças artesanais feitas pelos povos locais, com um design moderno e atemporal. Batemos um papo com elas para conhecer um pouco da história da loja. Vem ver:
Tudo começou com uma brincadeira de Carnaval. Rayssa e Juliana fizeram uma camiseta estampada com “Made in Acre” para dez amigas curtirem a festa em Olinda, Recife. “Era uma forma de a gente mostrar que o Acre existe de um jeito criativo e divertido”, Juliana contou. A peça fez muito sucesso, tanto com as pessoas da cidade, quanto com os acreanos que viram as fotos pelas redes sociais.
Por conta disso, elas receberam inúmeras perguntas sobre onde tinham feito as camisetas. “Eu falei para ela (Juliana) que em vez de falar para as pessoas como a gente fez, a gente fazer as camisetas e vender isso, que ia dar muito certo”, Rayssa explicou.
E deu mesmo. A camiseta virou uma coleção e não parou por aí. Novos produtos como bonés, chinelos, casacos, acessórios e bolsas foram incluídos e assim a Made in Acre se consolidou. A missão de valorizar o Estado e contar sua história através das roupas surgiu junto com o processo de criação e expansão da marca.
“No caminhar da marca, a gente foi entendendo cada vez mais a profundidade dessa missão, porque ao mesmo tempo que a gente foi trabalhando com a Made in Acre, a gente foi viajando para os interiores, foi tendo também muito contato com a cultura indígena, com nossos povos originários, os ribeirinhos, e aí entendendo cada vez mais que esse nosso trabalho está sendo a oportunidade de enaltecer o nosso Estado, trazendo cada vez mais as nossas riquezas, a nossa cultura e coisas que temos aqui que não tem nos outros Estados", contou Juliana.
Essas viagens para o interior do Acre aconteceram para conhecerem as peças dos povos indígenas e artesãos locais e fazerem um trabalho conjunto para a marca. “A gente trabalha com os artesanatos indígenas, feitos em sua maior parte pelas mulheres da floresta de diversas etnias, [como a] Yawanawa, Puyanawa, Shanenawa e Huni Kuin, que são algumas etnias do nosso Estado. Alguns homens também que trabalham a parte das flechas, que vem ali do povo Puyanawa. E também [trabalhamos com] artesãos” disse.
As referências para a criação dos designs e das frases que estampam as peças vêm dos próprios acreanos. Frases como “Ainda duvida que ele existe?”, que faz referência ao fato de as pessoas falarem que o Acre não existe, “Copo sujo”, uma bebida feita de gelo, limão e sal que é misturada na cerveja, e “Gaiata”, expressão para pessoas divertidas e ousadas, são parte da coleção fixa da marca.
“As inspirações vêm do nosso cotidiano. Os próprios acreanos inspiram muito a gente. [Nos inspiramos] tanto no estilo de vida, nas histórias, no que a gente conhece, no que a gente vive, quanto em algumas pessoas que vem aqui na loja e dão ideias. A gente analisa, filtra, vê se dá para ser aquilo, e acaba aproveitando uma ideia ou outra”, Juliana explicou.
As camisas são vendidas majoritariamente no Acre, mas elas têm dois pontos de venda fora do Estado. “Aqui na capital a gente tem nosso espaço físico e também mais dois pontos de venda 24 horas em hotéis. No interior do Acre, em Cruzeiro do Sul, a gente tem outro ponto de venda, em uma loja. E fora daqui a gente tem uma pessoa que faz um trabalho pequeno, que se chama Casa do Tucupi, que é em São Paulo. Não tem muita variedade das nossas coisas, mas tem alguns itens. E também em Minas, o grupo Shavorã, que é um grupo de mulheres indígenas, que faz um trabalho muito legal, está com alguns itens nossos também”, diz Juliana.
Apesar do sucesso da marca, as duas ainda enfrentam desafios sendo empreendedoras, mas nada que as faça desistir. “Pelo fato de serem duas mulheres à frente da marca, a gente acaba sofrendo certos preconceitos. A gente acredita que se fossem homens talvez [as coisas] seriam mais rápidas, mais ágeis, teriam credibilidade. Mas a gente vem trabalhando cada vez mais. Não só nós duas, como todas as mulheres no geral, do Brasil e do mundo, vêm conquistando esse espaço, se posicionando”, disse Rayssa.
Elas compartilharam com a gente os próximos planos para a Made in Acre, que incluem um e-commerce, a abertura de uma loja maior e a criação de um centro de distribuição em São Paulo, para facilitar a entrega para todo o Brasil. “A gente tem vontade de ter um espaço que tenha uma área verde, que tenha um espaço para uma apresentação cultural, para um café e até um mercadinho só com produtos acreanos”, contaram.
Com peças tão incríveis e um propósito tão bonito, apostamos que o objetivo de levar o Acre para o mundo vai se concretizar em breve. “O que a gente quer é que as pessoas vejam por trás do que elas imaginam, [que elas vejam] o que o Acre de fato tem”, finalizou Rayssa.