Admita que na tarde de ontem, eu, você e metade da população que acompanha o universo da moda, fomos pegos de surpresa com o anúncio dos novos tênis da Balenciaga. Afinal, sabemos que Demna Gvasalia não tem medo de se arriscar, e que suas jogadas de marketing são realmente inteligentes. Já que, no final, tudo tem um único propósito: manter a grife em evidência e “na boca do povo”.
O Balenciaga Paris Sneakers, com a sua aparência surrada e de aspecto de quem sobreviveu a um mundo pós-apocalíptico foi mais um strike do diretor criativo. Mas antes desse modelo, Demna já sabia muito bem o que estava fazendo, seja com seus Crocs de salto agulha ou simplesmente sumindo da semana de alta-costura, e deletando todas as suas redes sociais, antes de lançar a nova coleção.
Existem outras formas de chamar a atenção da comunidade deste mundo? Sim, mas é inquestionável que a polêmica vende, e muito bem por sinal.
Apesar de ter ficado reflexiva sobre esses novos tênis da Balenciaga, é válido ressaltar que eles não serão comercializados da forma como foram apresentados. As versões oficiais são bem menos surradas e contam apenas com alguns rasgos e outras marcas de uso.
Em nota, a grife esclareceu que: “A campanha mostra os sapatos extremamente usados, marcados e sujos. Essas fotos, feitas pelo fotógrafo Leopold Duchemin, sugerem que os Paris Sneakers foram feitos para serem usados pela vida vida inteira.”
Os valores, no entanto, continuam bem salgados, a versão full destroyed — foto acima —, custa cerca de US$1.850, algo em torno dos R$9.530. Além dele, também é possível encontrar as versões em mule, que custarão US$495, ou seja, R$2.550. Os tênis também serão bem limitados, apenas 100 pares totalmente destruídos estarão à venda.
Em uma reflexão ao Portal Dasmodas, a jornalista Lele Santhana também apontou um excelente motivo por trás do tênis da Balenciaga e do movimento inteligente de Demna. “À medida que itens de luxo se tornam acessíveis, ricos precisam de formas alternativas de sinalizar seu patrimônio. É aí que a elite aceita experimentar um tênis como esse sem o menor pudor, já que o seu ciclo social é capaz de decodificar o quanto ele custou. Enquanto isso, a classe média, cuja posição é tênue, precisa se apegar aos elementos de status identificáveis.”
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