Todo mundo já se sentiu inchada no final de um longo dia, certo? Principalmente quando falamos de inchaço abdominal. Uma alteração diária da circunferência abdominal é a realidade da grande maioria das mulheres. Recentemente, o assunto virou pauta nas redes sociais, e diversas influencers e celebridades usaram suas plataformas e suas vozes para compartilhar suas experiências com o bloat - termo em inglês usado para explicar o fato - e como sofriam com as mudanças corporais repentinas.
Diversas mulheres relatam que a partir do momento que elas fazem a primeira refeição do dia, a aparência abdominal já é outra, e depois de algumas horas, ou após ingerir um certo tipo de alimento, o inchaço é tremendo, se assemelhando quase à uma gravidez - não, não é exagero! Para entender melhor o inchaço abdominal, o que o causa, como evitá-lo e o que ele pode indicar, entrevistamos a nutricionista Milena Hernandes e ela nos explicou tudo. Confira:
o inchaço abdominal é normal? após uma refeição ou no final do dia?
M.H.: "O inchaço abdominal é algo que incomoda muita gente, porque, além da questão estética, também causa desconfortos físicos. Após as refeições e ao fim do dia ele pode se tornar mais evidente, mas devemos ter atenção a esse sintoma sempre que aparecer."
o que pode estar causando esse inchaço?
M.H.: "No melhor dos casos, o inchaço abdominal pode ser causado por uma má digestão ou pelo consumo excessivo de alimentos. Para resolver esses problemas é relativamente simples: é necessário se atentar aos sinais de saciedade do nosso corpo, e parar de comer assim que estiver com a sensação de plenitude gástrica - quando o estômago está cheio ou quase cheio. Além disso, podemos melhorar a digestão mastigando muito bem os alimentos, não ingerindo grandes quantidades de líquidos durante as refeições e até adicionando algum alimento ácido nas refeições principais, como limão ou vinagre."
ele pode estar sinalizando alguma alergia ou intolerância?
M.H.: "É muito comum que algumas intolerâncias ou sensibilidades alimentares causem inchaço abdominal. No caso das intolerâncias, é possível ter um diagnóstico através de exames, mas as sensibilidades não são detectáveis, então é preciso uma boa análise de sinais e sintomas e também a exclusão de outras causas para que possamos chegar a uma conclusão."
como evitá-lo?
M.H.: "Você pode praticar a auto observação e tentar identificar alguma sensibilidade ou intolerância no seu dia a dia. Com ajuda profissional, isso fica mais fácil, porque você é melhor orientado em relação ao que pode sentir e quais alimentos merecem mais atenção. Vou dar dois exemplos super comuns: o glúten e a lactose. Se desconfio da sensibilidade a algum deles, peço para que a paciente exclua, por um período, os alimentos fonte desses nutrientes, um de cada vez, para que possamos identificar melhoras com a ausência deles ou simplesmente ter certeza que eles não são a causa do inchaço abdominal.
Agora, pensando que o problema pode não estar diretamente ligado a algo específico que comemos, mas como o nosso corpo recebe esse alimento, precisamos levar em consideração a nossa saúde intestinal. É um tema muito estudado atualmente e cada vez mais, percebemos a ligação entre o intestino e vários outros sistemas do nosso organismo, como o sistema nervoso e o endócrino, por exemplo."
e por último, o inchaço abdominal pode vir a se tornar algo mais grave?
M.H.: "Nosso intestino é habitado por milhares de microorganismos, e precisamos manter um certo equilíbrio, em relação a quantidade e a qualidade desses microorganismos, para que ele cumpra todas as suas funções perfeitamente. A disbiose, que nada mais é que o desequilíbrio quantitativo (uma falta de microorganismos ou um excesso) ou qualitativo (uma quantidade adequada, mas das ‘’espécies’’ inadequadas) da microbiota intestinal, já é motivo suficiente para causar um inchaço abdominal. Esse problema se resolve se melhorarmos a alimentação, incluindo muitos vegetais e grãos integrais - que servem como combustível para ''microorganismos do bem’’ - e também, reduzindo a ingestão de gorduras saturadas, gorduras trans, açúcar em excesso e álcool.
Uma alimentação pobre em alimentos fermentáveis, conhecida como low FODMAP, também pode ajudar no início e em algumas outras situações, como na síndrome do intestino irritável, que já é uma condição que requer um pouco mais de atenção e um tratamento multidisciplinar.
Se você sofre com desconfortos ou inchaço abdominal, procure melhorar sua digestão e entender seus gatilhos, que são as atitudes ou o consumo de certos alimentos que fazem com que você tenha um mal estar. É muito importante que você esteja cercado de profissionais capacitados a te ajudar com esse problema, e mais importante, a descobrir a causa dele."