And the Oscar goes to… As atuações marcantes, roteiros bem construídos e figurinos impecáveis são peças-chave dos filmes indicados a levar a estatueta. Mas o cabelo e a maquiagem no cinema vão muito além da estética, eles são uma peça essencial na construção narrativa.
Esses recursos ajudam a contar a história e dar vida às emoções e transformações que ele atravessa ao longo da trama. Do envelhecimento progressivo de um protagonista ao visual impactante de uma vilã, a beleza no cinema não é apenas um detalhe.

Para entender melhor essa relação entre beleza e cinema, conversamos com o maquiador Fernando Torquatto, referência em visagismo e apaixonado por cinema desde a infância, que destacou como as produções indicadas ao Oscar deste ano exploram diferentes abordagens, do realismo sutil ao visual fantástico. Para ele, filmes como Wicked impressionam pela riqueza de detalhes na caracterização, enquanto Ainda Estou Aqui prova que até as escolhas mais minimalistas podem ter um impacto profundo na imersão do público.
Torquatto reforça que a caracterização é parte essencial da construção de um personagem. “Meu trabalho é muito voltado para essa criação, e isso vem, em grande parte, do texto”, explica Torquatto. “Quando se trata de um personagem biográfico, por exemplo, a pesquisa se torna essencial. Quanto mais a caracterização remete à pessoa real retratada, maior o realismo e a conexão com o público”.
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as caracterizações mais marcantes do oscar
Torquatto compartilhou que acompanha premiações de cinema desde criança e sempre analisou cada detalhe das caracterizações. “Este ano, percebi uma forte presença do naturalismo na maioria dos filmes indicados, mesmo que alguns abordem temas bastante específicos. Entre eles, Wicked se destaca visualmente, trazendo um trabalho impressionante de caracterização. Ao mesmo tempo, Ainda Estou Aqui prova que, mesmo sem elementos extravagantes, a construção da época pode ser igualmente impactante. São trabalhos completamente opostos, mas ambos têm sua força.”

Além disso, uma caracterização chamou especialmente sua atenção: Nosferatu. “O uso dos tons neutros é um grande desafio, pois exige muita precisão para imprimir textura e profundidade, mas o resultado é impecável”, comenta. Ainda assim, para ele, Wicked continua sendo o destaque da premiação. “É um trabalho intenso, mas ao mesmo tempo extremamente sutil. Tudo é construído de forma tão orgânica que os personagens se tornam completamente críveis. No início, a personagem está pintada de verde, o que poderia parecer artificial, mas, pouco tempo depois, você simplesmente aceita que aquela é a cor dela. Isso é muito especial.”

As tendências de beleza no cinema sempre influenciaram a maquiagem do dia a dia. Para Torquatto, isso não é novidade. “As grandes estrelas ditam modas que permanecem até hoje. Eu mesmo me tornei quem sou por conta do cinema, especialmente das décadas de 1940, 50 e 60. Muitos elementos icônicos seguem vivos: o delineador característico de Audrey Hepburn, o cabelo volumoso de Farrah Fawcett, que ressurgiu com o butterfly cut... No fim, tudo é uma releitura do que já vimos antes.”

Mais recentemente, a influência do cinema ficou evidente com Barbie, visto que o rosa dominou tudo. “Batons, roupas, decoração… Sem dúvida, o cinema molda o cotidiano das pessoas de inúmeras maneiras”, destaca. A propósito, para o Carnaval, ele aposta que a caracterização de Wicked será uma das grandes inspirações. “A pele verde de Cynthia Erivo com certeza inspirará fantasias. Afinal, o cinema é um canal de encantamento, onde as pessoas encontram referências e escapismo, sonhando além da rotina.”
Seja na construção de uma personagem ou na criação de uma nova estética que vai dominar o seu feed, a beleza no cinema segue provando que é muito mais do que um detalhe e, sim, é uma verdadeira forma de arte.