Se você é uma entusiasta do mercado de moda e acompanha o mundo dos negócios que envolve esse universo amplo e muito lucrativo, deve ter visto algumas notícias circulando pelas mídias em relação ao aumento repentino - e em alguns casos seguidos - nos preços de itens de alta moda das grandes marcas de luxo mundo afora. Vendo de fora, pode parecer só uma estratégia de marketing ou uma tentativa de valorização - ainda maior - de seus produtos, mas na verdade, esse movimento envolve outros pontos.
Sabemos que de uns anos para cá tem se tornado comum grandes marcas de luxo lançarem estratégias de marketing chamativas. Como é o caso das grandes parcerias fashion ou a busca de novos rostos, na maior parte dos casos populares entre os jovens, para estrelarem as campanhas de seus modelos icônicos. Tudo a fim de atingir novos públicos e se aproximar de outras faixas etárias consumidoras. Dito isso, pode parecer controversa a decisão que muitas marcas vêm adotando de subir os preços de seus produtos, mas, querida leitora, tudo tem um motivo. Vem saber mais:
Durante a pandemia ficaram ainda mais nítidas as linhas da realidade socioeconômica de desigualdade no mundo. Em grande parte dos casos os ricos enriqueceram ainda mais, enquanto quem já vivia com quase nada perdeu o pouco que tinha. As consequências disso foram proporcionalmente significativas, como o mercado de luxo mundial, por exemplo, que cresceu exponencialmente nesse período. Para se ter uma ideia, em números, só o conglomerado de luxo LVMH, detentor de algumas das mais valiosas marcas de luxo do mundo, como Louis Vuitton, Dior e Bvlgari, viu sua receita só no primeiro semestre de 2021 crescer cerca de 56% - equivalente a US$ 34 bilhões - comparado com o mesmo espaço de tempo do ano anterior.
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No Brasil também vimos os números do mercado de alta moda subirem por volta de 51,74% em relação a 2020. Os principais responsáveis por esse crescimento é a dita classe média alta, que com o avanço das restrições de saúde impostas pelos órgãos responsáveis, passou a adotar um novo comportamento de compra, adquirindo produtos de marcas de luxo internacionais aqui mesmo. E realmente, os números parecem muito favoráveis às grifes de moda, o que levanta a questão de qual é o motivo pelo qual essas etiquetas têm embasado o aumento nos valores de seus itens.
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O principal argumento das marcas de luxo e dos grandes conglomerados de moda é a alta da inflação e aumento nos custos das matérias primas, produção e logística dos seus produtos. E temos que dizer, essa notícia tem sido recebida com bons olhos pelos grandes especialistas de mercado, que acreditam que tal ação não afetará no desejo de compra do consumidor, sejam antigos ou novos. Um dos exemplos mais recentes foi o da grife francesa Louis Vuitton, que recentemente anunciou oficialmente o aumento dos preços de todos os seus produtos. Durante eras, a etiqueta de quase 170 anos de história vem fomentando o desejo de muitos consumidores e acreditam que seus novos preços não irão interferir nesse sentimento. Entre os icônicos modelos que sofreram reajustes de valor estão a Neverfull, com aumento de 20%, onde passou de 1.250 euros para 1.500 euros, e a Capucines, que de 4.500 euros, agora são vendidas por 5.500 euros.
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Entre as marcas que recorreram aos reajustes, estão também Céline, Dior e com destaque Chanel, que aumentou, mais uma vez, significativamente o valor de suas bolsas por volta de 20% no ano passado, principalmente os modelos mais icônicos da etiqueta - o que significa um aumento de até 60% em relação a 2019. A famosa bolsa Chanel Classic Flap, por exemplo, passou a custar 7.800 euros, e em alguns lugares do mundo limitando as compras do item por pessoa. E se engana quem pensa que esses são movimentos isolados, já que outras grandes marcas de luxo começaram a subir, mesmo que ‘discretamente’ e timidamente, seus preços. A Barclays, instituição financeira britânica, acredita que ao longo dos próximos anos, muitas outras empresas não só de moda, mas de luxo no geral, irão aderir a aumentos consideráveis no preço final de seus produtos. Uma das apostas de marcas de luxo que a financeira acredita que irá aumentar os preços nos próximos meses é para a marca suíça de relógios de altíssimo padrão, Tag Heuer, como um reajuste médio de 5% a 6% no valor atual de seus itens.
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Vale lembrar que essas empresas costumam divulgar nos primeiros meses do ano seus relatórios de crescimento, tanto segmentados quanto gerais, como uma espécie de prestação de contas, - ainda mais com o movimento de transparência na moda - para o público. E é comum anunciarem as perspectivas, e agora principalmente, os reajustes anuais e aumentos ‘justificados’ nos preços de seus produtos, então podemos dizer que ainda ouviremos muitas outras marcas de luxo adotarem tal prática. A verdade por trás de tudo isso, é que os grandes conglomerados de luxo e as etiquetas de alta moda detém o infame poder de preço. Onde a lei da demanda, o emocional do consumidor junto do sentimento de exclusividade e, principalmente, os altos valores dos produtos são os principais elementos que caracterizam um produto de luxo. Além do mais, muitos desses itens são considerados verdadeiros investimentos.
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