Moda no Metaverso: o que as roupas digitais dizem sobre o futuro da indústria
A moda virtual e digital já vem se tornando relevante na indústria há alguns anos. Seja em colaborações de casas de luxo com jogos de videogame como o Fortnite, em desfiles de moda digitais que aconteceram como uma solução para os tempos pandêmicos, ou nos avatares que nos tornaremos em alguns anos com a criação do Metaverso. O fato é que a moda está onde as pessoas estão, então não é surpresa que a moda no Metaverso já seja uma realidade palpável.
Se teve algo que resumiu 2021 foram essas duas palavras: as NFTs e o Metaverso. Enquanto o Metaverso fala de um mundo virtual que tenta replicar a realidade, as NFTs são tokens não fungíveis que só existem no mundo digital. Calma que a gente explica! Um token não fungível é simplesmente um bem material que só existe no mundo digital, e para vocês terem uma ideia da dimensão disso, segundo dados do site de análises DappRadar, entre janeiro e setembro deste ano, o volume de vendas desses tokens chegou a US$ 13,2 bilhões.
Um bom exemplo do que são NTFs, e de como ela se mostra na moda digital, com os tênis virtuais lançados pela Gucci no início do ano, ou mais recentemente as MetaBirkins - interpretações virtuais da bolsa mais almejada e cara do mundo. Mas o que será que as roupas virtuais e o crescimento da moda no Metaverso, diz sobre o futuro da indústria?
A jornalista Olívia Merquior, disse à revista Vogue que o futuro do Metaverso não substituirá o nosso presente, mas “amplificará as relações sociais” e que a moda entende essa experiência imersiva como “uma forma de estender o conceito de que, no ambiente virtual, você pode assumir uma versão de si mesmo, sem necessariamente ser essa versão. Tudo parece soar como um brinquedo, mas as possibilidades do metaverso são maiores. Roupas conectadas, sensores no tecido que ajudam a entender o corpo, uma experiência mais lúdica e assertiva na compra em loja. A nova geração está sendo educada para se relacionar com essas novas perspectivas, e as marcas podem, inclusive, ampliar suas identidades por meio dos NFTs e dos espaços de realidade aumentada.”
Essa “gameficação” da vida está mais perto do que parece, e apesar de alguns de nós terem dificuldades em imaginar o Metaverso na prática, ele já está acontecendo à nossa volta, ou pelo menos, já estamos caminhando em sua direção. A Nike anunciou essa semana a aquisição da marca RTFKT, conhecida por suas criações de calçados digitais, que mistura cultura e videogames. Os videogames, já possuem seu próprio Metaverso há anos e os jovens das novas gerações que florescem por lá são os pioneiros daquilo que iremos conhecer como moda no Metaverso. Um exemplo disso são as skins, ou seja, roupas e acessórios usados para construir seu avatar dentro de um jogo. Os skins estão se tornando a porta de entrada da moda no mundo digital, assim como a forma dela se comunicar com um público mais jovem.
Recentemente, a Balenciaga lançou uma coleção dentro do Fortnite, com skins e peças que poderiam ser compradas tanto no físico como digital. No início de 2020, durante a semana de moda de Paris, a marca espanhola desfilou roupas justas ao corpo, semelhantes a macacões de mergulho, tingidas de cores fortes usadas em chroma key, e nas mãos dos modelos, víamos celulares, sugerindo claramente as roupas digitais. E não parou por aí, na coleção seguinte, a Balenciaga apresentou mais uma vez sua coleção dentro de um videogame, que recebeu o nome Afterworld: The Age of Tomorrow.
Tudo isso nos faz imaginar e esperar que talvez, a moda no Metaverso seja sinônimo de acessibilidade e democratização. Uma forma de levar para um número maior de pessoas, o privilégio de estar vestido - mesmo que digitalmente - com um produto ou uma marca que ama e acompanha. Ou até, a criação de roupas digitais e o crescimento das NTFs dentro da indústria da moda, venha como uma solução ao e-commerce, como uma forma de aproximar o cliente e tornar a compra mais palpável e certeira. De uma forma ou de outra, é bom nos prepararmos, porque o futuro está logo ali.