Há alguns dias, li em uma matéria que cerca de 47% dos jovens brasileiros gostariam de sair do Brasil. E, embora isso não seja motivado apenas pelo sonho de morar fora - a falta de emprego e a precarização do mercado de trabalho são os motivos principais -, muita gente ainda almeja sair do país porque simplesmente gostaria de encontrar em outro lugar, um novo lar para fincar raízes.
Eu sempre quis morar fora e quando tive a oportunidade, agarrei. Há um ano e meio, eu e meu marido, Diego, moramos em Amsterdam com os nossos cachorros e, felizmente, consegui manter o meu emprego no Brasil, aqui no STL. Hoje, decidi escrever um pouco sobre alguns pontos fundamentais que quem deseja mudar de país precisa saber antes de tomar essa decisão.
_pesquise muito
Eu sei que é clichê, mas acredite: pesquisar nunca é demais quando o assunto é mudança de país. Morar fora não é uma decisão que deve ser tomada no impulso, muito menos depois de voltar de viagem porque você adorou o lugar que visitou - lembre-se sempre: férias não é dia a dia, mesmo que você fique hospedado em um Airbnb.
É fundamental pesquisar sobre a cultura, o mercado de trabalho (se é um local próspero para o que você faz), salário mínimo, média dos alugueis, quais são as contas essenciais para viver e média de valores, custo do transporte público, valor médio de uma compra no supermercado, língua local e até mesmo plano de saúde - sim, nem todos os países têm sistema de saúde público e gratuito! Aqui na Holanda, por exemplo, pagar um plano para ter acesso a atendimento é mandatório.
Isso fora outras particularidades que podem ser do seu interesse. No meu caso, uma das pesquisas mais importantes era saber como viajar com os meus cachorros - cada país costuma ter regras específicas para os pets entrarem e o processo de documentação é quase sempre demorado.
_tenha uma reserva
Outra dica que eu dou porque aprendi na prática a importância é ter uma reserva financeira. Não precisa ter muitos milhares na conta, mas um valor que cubra os custos da mudança e uma eventual emergência - e aqui, de novo, vale pesquisar e conversar com brasileiros moram fora para trocar experiências e saber dos perrengues antes que eles aconteçam com você!
Eu, por exemplo, cheguei em Amsterdam com duas semanas de hotel pagas. Era tudo o que eu tinha de tempo para encontrar um apartamento. Não deu. Precisei estender a estadia até encontrar uma casa e se eu não tivesse uma reserva para cobrir esse valor, teria me dado muito mal!
_esqueça a timidez
No Brasil, mesmo quando as coisas não são fáceis, é tudo mais fácil porque estamos lidando na nossa língua nativa, conhecemos os caminhos, as burocracias e às vezes até as pessoas. Quando se mora fora, a banda toca de outra maneira e é preciso deixar a timidez de lado para se comunicar em outro idioma, seja para tirar um documento ou para fazer uma compra no mercado.
Se você, como eu, também nasceu tímida e está aprendendo todos os dias a ser mais extrovertida quando é preciso, pesquise a cultura local antes de se mudar. Morar fora em países onde as pessoas são naturalmente simpáticas e abertas a estrangeiros ajuda muito, como é o caso da Holanda.
_saudade
A saudade é um dos principais dilemas na hora de decidir morar fora ou não. É muito importante ter a consciência de que durante boa parte do ano, a solidão - mesmo se você se mudar com seu parceirx ou morar em uma casa estudantil - te acompanhará. E eu vejo isso com bons olhos, sabe? É uma grande oportunidade de aprender a curtir a sua própria companhia ou, no meu caso, a vida a dois pra valer. Sem família e amigos por perto.
Com o tempo, é claro, você certamente fará amizades com pessoas nativas ou com brasileiros que moram no mesmo país. Afinal, se uma coisa é certa é que você encontrará brasileiros aonde quer que vá!
Ah, e se você for uma pessoa muito apegada à família e aos amigos, pondere bastante antes de morar fora porque dependendo do país, passagens aéreas e custo de estadia não são baratos, o que pode dificultar que você receba visitas ou visite o Brasil.
_não faça a conversão
É automático entrar em uma loja ou mercado, olhar o preço em outra moeda e converter para o real. Mas, se você mora fora, não faça isso ou você nunca vai consumir - afinal, o real está muito desvalorizado e tudo parece custar uma fortuna. Se você vive e trabalha em outro país, precisa se acostumar a pensar no valor real das coisas baseado em quanto você ganha na moeda local para aí sim, avaliar se é caro ou barato.
Eu trabalho para o Brasil e ganho em real, e ainda assim não faço isso. E antes que você se pergunte: aqui na Holanda, nós vivemos apenas com o salário do meu marido, fazendo muitas contas, economizando aqui e ali - como podem imaginar. É uma escolha nossa e assim mantemos o dinheiro do Brasil como reserva - lembra que eu falei sobre a importância de ter um dim dim guardado?
E se você quer acompanhar mais das minhas aventuras por Amsterdam, dê o play no meu primeiro vlog lá no nosso canal do Youtube: