Você sabe o que é o diabetes gestacional? Bom, antes de explicar sobre o assunto, vou me apresentar: Prazer, eu sou Dra. Luísa Comerlato, médica de medicina interna (RQE 42316) e especialista em Medicina do Estilo de Vida, e hoje vim falar sobre essa condição temporária que pode ocorrer durante a gravidez, caracterizada por níveis elevados de açúcar no sangue.
Em suma, o diabetes gestacional acontece porque o corpo não consegue produzir insulina suficiente para lidar com a demanda aumentada durante a gestação. Mas por que exatamente isso ocorre?
Durante a gravidez, o corpo da mulher passa por uma série de mudanças hormonais. A placenta, que nutre o bebê, libera hormônios que ajudam o feto a crescer e se desenvolver. Entre esses hormônios, alguns são diabetogênicos, ou seja, podem levar ao aumento da resistência à insulina. Esses hormônios são essenciais para garantir que o feto tenha um amplo suprimento de nutrientes, e um certo grau de resistência à insulina é necessário para permitir que mais glicose chegue ao bebê.
Normalmente, o corpo compensa essa resistência à insulina produzindo mais insulina. Porém, em algumas mulheres, o pâncreas não consegue acompanhar essa demanda extra. É aqui que os problemas começam. Quando o corpo não consegue produzir insulina suficiente para superar a resistência, os níveis de glicose no sangue aumentam, resultando em diabetes gestacional.
Nosso estilo de vida tem um impacto significativo tanto no desenvolvimento quanto no manejo do diabetes gestacional. Manter um peso saudável, ter uma alimentação balanceada e praticar exercícios regularmente pode ajudar a reduzir o risco. Uma dieta com controle glicêmico adequado é fundamental na gestação, isso inclui, por exemplo, garantir consumo de fibras, manter adequado aporte de proteínas e controlar o uso de alimentos de alto índice glicêmico.
A prática de atividade física regular é igualmente importante. Exercícios são altamente benéficos para gestantes, pois melhoram a sensibilidade à insulina e permitem que o corpo use a glicose de maneira mais eficiente. Além de ajudar a manter o peso saudável, a prática de exercícios reduz o estresse e melhora a saúde cardiovascular, fatores essenciais no controle do diabetes gestacional. A atividade física também pode reduzir a necessidade de medicamentos, proporcionando uma maneira natural de gerenciar os níveis de açúcar no sangue. Existem algumas situações durante a gestação que podem contraindicar a prática de atividade física, por isso, é necessário sempre acompanhamento do seu médico.
Após fazer o exame de curva glicêmica, a Sofia Stipkovic, integrante do time do Steal the Look, descobriu um início de diabetes gestacional. "Meus resultados estavam levemente alterados, então não precisei tomar medicação. Com uma dieta equilibrada e acompanhamento nutricional, além de fazer a medição de glicose três vezes ao dia, consegui controlar a diabetes gestacional até a minha filha nascer. Depois do parto, a condição se foi."
O monitoramento contínuo de glicose (CGM) é uma ferramenta moderna e eficaz no manejo do diabetes gestacional. Esse dispositivo permite que a mulher monitore seus níveis de açúcar em tempo real e de forma contínua, proporcionando um autoconhecimento metabólico valioso. Com isso, é possível fazer ajustes individualizados na dieta e no estilo de vida para melhor controle da glicose. "Após ser diagnosticada com diabetes gestacional, comecei a mudar meus hábitos alimentares e medir a glicemia com um furador de dedo simples, porém precisei ser internada porque os resultados estavam altos e, no hospital, foi possível fazer um acompanhamento médico próximo que determinou que uma dieta mais rígida combinada ao uso do monitor de glicose no braço seria o suficiente para a minha saúde", relembra Claudiana Ribeiro, outra integrante do STL que teve diabetes durante a gestação, "Para mim, foi tranquilo porque tive acompanhamento nutricional; o ruim foi me privar de comer algumas coisas, mas meu filho nasceu saudável, para uma mãe que teve diabetes gestacional, e isso é o que importa."
O CGM fornece dados precisos sobre como diferentes alimentos, atividades físicas e horários do dia afetam os níveis de glicose, permitindo uma abordagem personalizada e mais eficaz no controle do diabetes gestacional. Esse monitoramento contínuo ajuda a identificar padrões e picos de glicose que podem não ser detectados por medições esporádicas, oferecendo uma visão abrangente e detalhada.
Certos fatores aumentam a probabilidade de desenvolver diabetes gestacional, como histórico familiar de diabetes, idade avançada da mãe, sobrepeso ou obesidade, histórico de diabetes gestacional em gravidezes anteriores, síndrome dos ovários policísticos (SOP) e pressão alta ou outras condições médicas associadas.
As complicações do diabetes gestacional podem ser significativas tanto para a mãe quanto para o bebê. Para a mãe, há um maior risco de pré-eclâmpsia, parto prematuro e desenvolvimento de diabetes tipo 2 no futuro. Além disso, a chance de desenvolver diabetes gestacional em futuras gravidezes é alta, podendo chegar a 80%. Para o bebê, os riscos incluem macrossomia (bebê grande para a idade gestacional), o que pode dificultar o parto e aumentar o risco de complicações, hipoglicemia neonatal (baixo nível de açúcar no sangue após o nascimento), que pode causar problemas de saúde a curto e longo prazo, e maior risco de obesidade e diabetes tipo 2 na vida adulta.
A detecção precoce e o manejo adequado do diabetes gestacional são fundamentais. Acompanhamento médico regular, a adoção de uma dieta equilibrada e a prática de exercícios físicos são estratégias fundamentais. Em alguns casos, pode ser necessário o uso de insulina ou outros medicamentos para controlar os níveis de glicose no sangue. O monitoramento contínuo de glicose pode ser uma ferramenta valiosa para o autoconhecimento metabólico, permitindo que as futuras mamães mantenham seus níveis de glicose controlados e garantam a saúde tanto delas quanto de seus bebês.
O diabetes gestacional é uma condição séria, mas com o conhecimento e as estratégias certas, é possível gerenciá-la eficazmente e minimizar os riscos. O estilo de vida desempenha um papel central no manejo desta condição, e a tecnologia, como o monitoramento contínuo de glicose, oferece suporte adicional e insights para uma gestão mais precisa e personalizada. Com essas ferramentas, as mulheres podem adotar estratégias de estilo de vida mais eficazes, garantindo uma gravidez saudável e segura para elas e seus bebês.
