Começou na última segunda-feira (25) a semana de alta-costura parisiense spring-summer 2021, uma das mais importantes do calendário fashion. Por mais que o momento seja delicado por conta da pandemia, a semana de moda tradicional está fazendo um esforço extra e usando muita criatividade para que os mais de 30 designers oficiais da lista apresentem as suas coleções nesses quatro dias.
A exemplo disso, antes mesmo de abrir o primeiro dia de desfiles com o fashion film "231 Seconds", a Schiaparelli já dava sinais de que estava preparando algo especial - e nada convencional - ao vestir Lady Gaga na posse do presidente Joe Biden. Já a Chanel, por sua vez, apresentou um mood festivo, mais íntimo e com ares boêmio para a atual coleção, mas sem perder os clássicos detalhes que fazem parte do DNA da marca como os bordados, tweed e babados.
E, ao que tudo indica até agora, o brilho é a tendência comum que promete ir além das passarelas ora de maneira reluzente, como cristais; ora fazendo uma forte referência aos metalizados dos anos 80. Para saber mais sobre as coleções das principais grifes e um pouco de tudo que está rolando na semana de alta-costura, role a página:
_ schiaparelli
A Schiaparelli levou a alta-costura para um outro nível nesta coleção, saindo totalmente do óbvio e trazendo um toque (e tanto) surrealista para as roupas e, principalmente, para os acessórios.
O diretor artístico da maison, Daniel Roseberry, decidiu seguir um caminho oposto do que é apresentado nesse calendário e transformou a mulher ultra feminina e delicada em uma verdadeira heroína, com direito a bustier musculoso - sim, aquele mesmo estilo que Kim Kardashian usou no Natal passado! - e proporções um tanto quanto ousadas.
_ christian dior
A haute couture da Christian Dior, comandada pela diretora criativa Maria Grazia Chiuri, trouxe o misticismo como tema central. Apresentada de forma totalmente digital, assim como todas as outras participantes, a história do tarô contada através de um fashion film foi inspirada nas cartas Visconti do século 15.
Inclusive, a leitura das cartas de tarô era uma prática constante na vida do próprio fundador da grife, que consultava como forma de consolo em momentos de incertezas, assim como os tempos que estamos vivendo hoje.
As peças, por sua vez, são uma mistura entre recortes amplos e fluidos, seguidos de modelos acinturados com tecidos aveludados, plissados e de tonalidades foscas. Alfaiataria de cintura alta, jacquard e estampas pintadas à mão também são alguns dos destaques da primavera-verão da Dior.
_ chanel
Sendo a grande protagonista do segundo dia da semana de alta-costura, a francesa Chanel, de Virginie Viard, trouxe para a passarela um mood boêmio mais intimista e festivo, digno de um casamento no Mediterrâneo. Passando pelas roupas com modelagens que mesclam silhuetas masculinas e femininas, e que vão de encontro com criações que já fazem parte do universo da grife, como o colete feito de tweed.
Ela também brinca com proporções e tecidos. Um exemplo são as camisas de cetim são perfeitamente combinadas com saias de babados volumosas de tule. O gran finale fica por conta da noiva no cavalo branco, com um vestido de cetim bordado com strass e pérolas luxuoso.
Respeitando o distanciamento social, apenas um pequeno e muito exclusivo grupo de embaixadoras da Chanel marcaram presença no fashion show como Marion Cotillard, Penélope Cruz, Vanessa Paradis, Lily-Rose Depp, Alma Jodorowsky, Izïa Higelin e Joana Preiss.
_ valentino
Outra grife que se destacou no segundo dia da semana de alta-costura foi a Valentino, que surpreendeu a todos com uma coleção que realmente soava algo novo e nunca visto antes pela marca. O diretor criativo da casa italiana, Pierpaolo Piccioli, mostrou que a velha ideia de alta-costura já era ultrapassada demais para continuar seguindo a mesma linha e apresentou uma produção menos conceitual e mais usável para os tempos modernos.
A coleção "Code Temporal" não conta uma história, afinal, para Piccioli ela é a sua própria narrativa, e segue uma proposta que vai de contramão com as tendências. Peças atemporais e sem gênero - inclusive, levando homens para a passarela da alta-costura - com muito brilho da cabeça aos pés, literalmente. As lantejoulas metalizadas se cruzam com peças mais "minimalistas" e sofisticadas. Na cartela de cores, tons de rosa, verde neon, laranja e amarelo contrastando com outras tonalidades mais neutras.
_ fendi
A marca mais aguardada do terceiro dia de desfiles de alta-costura da Paris Fashion Week era a Fendi, que trazia não só uma, mas duas estréias. A primeira e mais esperada delas era a primeira apresentação do novo diretor artístico, Kim Jones, que ficou com a missão de assumir o posto antes de Karl Lagerfeld. A segunda estréia era de Lili Moss nas passarelas, filha da lendária top model Kate Moss que dividiu a ocasião com nomes de peso como Demi Moore, Naomi Campbell e claro, a sua própria mãe.
A inspiração para essa coleção da Fendi veio da literatura, mais especificamente do romance de 1928 da inglesa Virginia Woolf. Assim como a Valentino, a marca trouxe uma proposta que ia além dos clássicos moldes da alta-costura com peças estruturadas da alfaiataria masculina, mas sem perder a essência feminina. Kim disse que observou o que as mulheres estão de fato vestindo nos dias de hoje, ainda mais em tempos como esses que estamos vivendo.
_ viktor & rolf
A dupla holandesa Viktor & Rolf trouxe para as passarelas da semana de alta-costura uma coleção conceitual, jovem e ousada que foi produzida a partir de tecidos e acessórios já existentes de seus próprios acervos, reforçando que a tendência upcycling é uma forte alternativa até mesmo para grandes grifes luxuosas.
_ armani privé
A Armani levou a alfaiataria para outro nível com tecidos brilhantes e ombros mais dramáticos, enquanto os seus vestidos de tule apresentavam um toque de transparência com bordados mais delicados.
_ s.r. studio. la. ca.
A SR Studio. LA. CA. fez a sua estréia na semana de moda parisiense e fechou com chave de ouro o calendário de alta-costura primavera-verão 2021. Volumes, peças tingidas com respingos e tecidos emendados no outro, assim podemos descrever a coleção do artista Sterling Ruby, que usou o passado e presente dos Estados Unidos como tema para a criação. Apesar de já ter colaborado com diversas outras grifes antes, Ruby entrou com foco no universo da moda apenas nos últimos anos e já é um dos queridinhos da nova geração.