Os principais destaques da Casa de Criadores 57

por Sofia Chel

Entre os dias 3 e 10 de dezembro, a Casa de Criadores 57 ocupou diversos espaços do Centro Cultural São Paulo (CCSP), na capital paulistana, reforçando seu papel como um dos principais eventos de moda autoral do país e um importante polo de fomento à criação independente. A edição apresentou uma programação robusta que integrou desfiles, exposições e talks. Ao todo, o evento reuniu 57 participantes de várias regiões do Brasil, com 42 marcas desfilando e outras 15 expondo seus trabalhos. A programação foi distribuída de forma contínua entre os dias 3 e 7 de dezembro, retomando nos dias 9 e 10, sem atividades no dia 8.

Entre os pontos altos desta edição estão a estreia da Trama Afetiva, o segundo desfile de Fábia Bercsek desde seu retorno às passarelas e nomes já consolidados como Rober Dognani, Felipe Fanaia, Vivao Project e Nalimo. A seguir, te contamos um pouco mais sobre os principais destaques da Casa de Criadores 57.

os desfiles que marcaram a casa de criadores 57

Trama Afetiva

Trama Afetiva estreou na Casa de Criadores 57 com “A Anarquia da Felicidade”, coleção que transformou resíduos como náilon de guarda-chuvas descartados em patchworks coloridos e vibrantes inspirados nos anos 80. Sob direção criativa de Thais Losso e styling de Márcio Bandi, a marca reforçou seu compromisso com uma moda verdadeiramente regenerativa, resultado das oficinas de imersão cultural realizadas em outubro de 2025, que geraram renda para mais de 200 catadores, costureiras e cooperativas.

Fábia Bercsek

Veterana da Casa de Criadores, onde estreou há 25 anos, Fábia Bercsek retornou à passarela na edição 57, realizada em 6 de dezembro, com uma proposta que combina moda, arte e tecnologia inspiradas no computador Amiga da Commodore. Resgatando a estética do exagero dos anos 1980 e 2000, a estilista apresentou macacões volumosos em Tyvek reaproveitado, camisetas vintage de turnês da Madonna cravejadas de strass, reconstruções proporcionais, além de calças cargo, bermudas jeans e minissaias adornadas com enormes unhas de gel, em uma mistura de memória e experimentação que reafirma seu DNA criativo.

Nalimo 

Nalimo, marca da estilista indígena Day Molina, apresentou a coleção “Céu de Nana - Uma Mensagem do Orúm”, uma homenagem à avó Nana, que lhe ensinou a costurar, tecer e bordar e que completou este ano três anos de sua partida. A coleção reuniu rendas, crochês e macramês artesanais, alguns produzidos pela própria avó, combinados a uma alfaiataria em tons de branco, cru e bege. Para o desfile, os looks exploravam texturas e sobreposições, além dos belíssimos bordados florais com resíduos têxteis. 

Rober Dognani e Felipe Fanaia

Rober Dognani e Felipe Fanaia, também veteranos da Casa de Criadores, reforçaram a parceria sob a Das Haus na edição 57 com uma apresentação que revisitou peças de sucesso em novas composições. O desfile trouxe camisetas de rock transformadas por recortes e costuras, vestidos românticos de tule com aplicações de lantejoulas, o látex característico de Rober, camisas de punhos amplos, trench coats estruturados e as calças volumosas que marcam o trabalho de Felipe. As sobreposições também tiveram destaque, unindo vestidos de festa a calças cargo e combinando bermudas com anáguas.

Le Benites 

Responsável por abrir a Casa de Criadores 57, Le Benites, marca do estilista Leandro Benites, apresentou uma performance em parceria com a Cisne Negro Cia. de Dança que uniu moda e movimento. Inspirada no filme Climax, de Gaspar Noé, a criação intitulada “Expect The Unexpected / Esperar o Inesperado” tomou o palco com um balé contemporâneo intenso de trinta minutos marcado por trocas rápidas de figurino. A coleção trouxe elementos da academia e do upcycling ao transformar lingeries doadas em novas peças, resultando em tutus estruturados combinados a regatas cavadas, macacões justos, calças e shorts elásticos, jockstraps e cuecas adaptadas com halteres têxteis. Vestidos canelados curtos, recortes estratégicos, detalhes metálicos, listras e grafismos completaram a apresentação, que celebrava o corpo em sua força, sensibilidade e potência criativa.