Em um dia marcado por muitas coleções bonitas, até agora, podemos dizer que o quarto dia de desfiles da Paris Fashion Week é um dos mais impressionantes. Afinal, com marcas como Schiaparelli e Givenchy nas passarelas, é até difícil imaginar um dia "ruim". Porém, dentre todas as surpresas agradáveis do dia, a que mais se destacou foi a magnífica participação da escola de samba Estação Primeira de Mangueira, da cidade do Rio de Janeiro, no encerramento do desfile da Chloé, que também marca a saída de Gabriela Hearst da marca.
Com um fim tão bonito, não esperamos nada além de um belíssimo recomeço para a designer, seja em outra marca ou em suas criações homônimas. Além disso, também pudemos ver a nova e repaginada Rabanne (sem Paco) pela primeira vez, e adiantamos que as peças são realmente deslumbrantes. Bem, se até aqui conseguimos te deixar curiosa para saber um pouco mais do que rolou na PFW hoje, continue deslizando a sua tela, cara leitora. Juntas, vamos desbravar mais um dia da Semana de Moda de Paris.
A cada temporada, a Schiaparelli de Daniel Roseberry nos surpreende cada vez mais. Essa afirmação, em parte, talvez seja a minha admiração pelo o que o estilista tem feito dentro da marca desde 2019. De lá para cá, ele trouxe os códigos da maison para a era moderna, atualizando-os e aproveitando-os sempre que pode, e trazendo à tona todo aquele toque surrealista que faz a grife ser o que é, e ainda mais admirada.
Na coleção de primavera, Roseberry se inspirou no vestido de lagosta criado, originalmente, por Salvador Dalí em colaboração com Elsa Schiaparelli no ano de 1937. O desenho apareceu em uma espécie de colar dourado e também foi "esculpido" em uma saia longa. Além dessa referência icônica, Daniel também recriou um bolero preto desenhado por Elsa em 1933 e, mais uma vez, deu um show de execução criativa e técnica através dos acessórios, peças volumosas e aquela excentricidade que a gente ama.
A nova Rabanne, agora sem Paco, de Julien Dossena é aquela que brilha - literalmente. E não só nas passarelas, mas também faz brilhar os olhos. Em uma série de visuais dourados, prateados, com muitas lantejoulas e correntes, a mulher Rabanne, que é bem similar a uma "guerreira futurista com um pé no medieval", não vai se incomodar de chamar a atenção no sábado à noite. Na verdade, essa é a intenção.
Portanto, vista sua melhor sandália gladiadora - pois, se depender da Paris Fashion Week, estamos prevendo um retorno gradual -, escolha seu visual com malha de metal, um clássico da marca, e vá brilhar de segunda a segunda.
Desde que assumiu a Givenchy, Matthew Williams havia deixado um pouco de lado o glamour haute couture da grife e focado nas coleções "prontas para usar" (ready-to-wear). Alguns gostaram dessa abordagem, enquanto outros não. Afinal, a maison é também é conhecida pela elegância e sofisticação. Após algumas temporadas priorizando o streetwear moderno e despojado, parece que Williams decidiu retomar a era dos bordados e chiffon da marca. E não é que deu certo?
Em uma coleção mais madura e sóbria, o designer construiu peças de maneira mais inteligente, sem desmerecer seus feitos anteriores, que ajudaram a Givenchy a recuperar seu status de amada. Ao apresentar um desfile que combina o DNA da marca com sua visão street style, o resultado é excelente, mesclando a atemporalidade dos maxi casacos com a leveza do tule e o toque fashionista das peças em couro.
Em clima de despedida - mas não triste, na verdade, em um tom super alto astral -, Gabriela Hearst apresentou sua última coleção como diretora criativa da Chloé. Após quase três anos na marca, chegou a hora de nos despedirmos. Sua passagem, apesar de breve, ficou marcada por promover a sustentabilidade e honrar o lema da grife, que é "Mulheres em frente. Por um futuro mais justo".
A coleção, que por sinal é uma das mais bonitas do dia, trouxe uma série de vestidos lindamente texturizados, mangas bufantes, uma paleta de cores mais neutra, algumas flores e a escola de samba Estação Primeira de Mangueira. Cada um dos integrantes da escola usou um look personalizado da Chloé com as cores da escola. Em entrevista, a designer contou que sua própria mãe desfilava pela Mangueira! Foi uma escolha mais do que perfeita para comemorar suas raízes latinas e também para representar a potência da mulher, seja no samba, nos desfiles ou na vida.
"Freaky" Owens ataca novamente. Para quem já está acostumado com a estranheza de Owens, essa coleção é um verdadeiro banquete. As modelos desfilaram sob fumaças rosas e amarelas, revelando gradualmente visuais com as tradicionais ombreiras pontiagudas, vestidos e saias colados e plataformas gigantescas. Em seguida, uma série de looks mais volumosos com tules sobre a cabeça, mantendo esse estilo até o final, trocando os mini vestidos com formas orgânicas por macacões oversized. Para completar, quase todas as modelos usavam lentes pretas nos olhos, reforçando ainda mais a estética estranhamente agradável de Ricky Owens.
A garota Isabel Marant é festeira e gosta de micro shorts (com certeza a tendência da estação), bodies recortados, macacões justos e vestidos slip dress. O que é melhor do que isso quando falamos em um coquetel entre amigas? Ainda sobrou espaço para estampas e um pouco de brilho no final. Essa coleção está prontíssima para sair das passarelas e honrar o prêt-à-porter, indo direto para um guarda-roupas de verão divertido e atual.
Para entrar no clima dos desfiles acima, que tal conferir as peças que separamos abaixo, cara leitora?
