O peeling de fenol é o assunto do momento, mas o procedimento não é tão recente como parece. Sua primeira aparição foi na década de 60, quando conquistou os astros de Hollywood que buscavam o rejuvenescimento a todo custo. Com o tempo, o peeling de fenol perdeu destaque para procedimentos menos invasivos, até alguns anos atrás...
Hoje, as redes sociais trouxeram o assunto de volta aos holofotes ao mostrar os resultados de antes e depois. No entanto, percebemos que não basta acreditar em vídeos rápidos; afinal, o procedimento não é tão simples quanto parece. Prova disso é a morte de um paciente após realizar o peeling de fenol. Para entender melhor o procedimento, seus riscos e benefícios, conversamos com a dermatologista Dra. Camilla Oliari e com a Dra. Claudia Gomes dos Santos, dermatologista do Hospital Nipo-Brasileiro. Abaixo, elas compartilham tudo o que você sempre quis saber sobre esse peeling.
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o que é o peeling de fenol?
Antes de tudo, é importante entender que o peeling de fenol é um procedimento extremamente profundo. Segundo a Dra. Claudia Gomes, ele é realizado com ácido carbólico (fenol), onde o fenol a 88% é diluído com óleo de cróton, chegando a uma concentração de 45 a 55%. Essa combinação permite que o fenol atinja as camadas profundas da pele.
Essa permeabilidade resulta em uma queimadura química que gera a formação de uma nova camada de colágeno. Assim, o tratamento consegue atingir o objetivo de uniformizar a pele e tratar condições como rugas profundas, cicatrizes, manchas e flacidez. Segundo a Dra. Claudia, “basicamente, a técnica consiste na aplicação da substância na pele dividida em seis áreas (testa, bochecha direita, bochecha esquerda, região perioral, região periorbital, nariz e queixo), com intervalos de 10 a 15 minutos entre cada área”. Ela continua: “a ideia é que o fenol queime a pele e provoque uma descamação profunda nas semanas posteriores, para que depois de algum tempo os efeitos sejam sentidos e surja uma nova camada de pele.”
os riscos do peeling de fenol
Após a morte de um paciente devido ao peeling de fenol, a atenção aos riscos do procedimento aumentou. Segundo as dermatologistas entrevistadas, os riscos estão ligados às substâncias presentes no fenol. A Dra. Claudia compartilhou que “a Sociedade Brasileira de Dermatologia alerta que, por ser absorvido pela corrente sanguínea e ter alta toxicidade, o fenol pode causar efeitos colaterais no coração, como arritmia e parada cardíaca, além de distúrbios no fígado e nos rins.”
Além disso, o peeling de fenol apresenta riscos como hiperpigmentação, hipopigmentação, cicatrizes e sensibilidade à luz solar. Por isso, o procedimento deve ser realizado em um hospital, por um dermatologista e, de preferência, em um centro cirúrgico, com um anestesista e profissionais responsáveis pelo monitoramento cardíaco.
cuidados pré-procedimento
Se você decidiu fazer o peeling de fenol, é preciso ter alguns cuidados antes. Primeiramente, realize uma avaliação médica para entender se o procedimento é realmente necessário. Depois disso, o profissional poderá solicitar exames, como hemograma e eletrocardiograma, para garantir a segurança do procedimento.
É possível também que você precise suspender o uso de alguns medicamentos por um período e adotar uma rotina de skincare focada na hidratação. Mas atenção, nada aqui é uma regra. Combine tudo com o seu médico, que fornecerá as informações necessárias.
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a recuperação do peeling de fenol
A recuperação do peeling de fenol é provavelmente o que mais assusta. O processo é longo e desconfortável, iniciando logo após a sessão. Primeiro, é preciso colocar uma máscara de esparadrapo com pomada de vaselina, que será removida após 48 horas. Depois disso, ocorre a saída de um “bloco” de pele, e as semanas seguintes são acompanhadas de ressecamento, vermelhidão e coceira.
Em seguida, a rotina de skincare deve incluir cremes hidratantes e sabonetes suaves, além de evitar a exposição solar. Por fim, siga as orientações do seu médico, que guiará e acompanhará todo o processo.
para quem é indicado e quem deve evitar o peeling de fenol
Não há uma indicação obrigatória para nenhuma pessoa, mas considerando os benefícios, o peeling de fenol pode ser benéfico para pessoas com rugas profundas, envelhecimento cutâneo precoce e marcas profundas de acne.
Por outro lado, pessoas com doenças cardíacas, alterações renais e hepáticas devem evitar o peeling, uma vez que ele pode gerar riscos para esses órgãos. Além disso, pessoas com predisposição a queloides, cicatrizes hipertróficas, pele negra e pele sensível também devem evitar o procedimento, pois ele pode clarear o tom de pele.
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Nós amamos saber mais sobre procedimentos estéticos, mas é importante lembrar que nenhum deles é obrigatório e que o envelhecimento é natural da vida. Porém, se você se sentir mais confortável em realizá-lo, opte por fazer isso com um médico especialista!