Esses dias eu estava olhando uns stories antigos e percebi que uns dois anos atrás eu fazia vários vídeos falando sobre tudo que eu queria no meu Instagram. E o primeiro pensamento que me ocorreu foi “como eu não tinha vergonha?”. Em seguida, pensei que não tinha do que ter vergonha. Era só eu compartilhando o que eu queria na minha conta. Isso me alertou para algo: por que será que a gente se preocupa tanto com a opinião dos outros?
Digo isso porque eu sei muito bem o que me fez parar quase que 100% com stories falados fora dos “close friends”: as pessoas que me seguem hoje em dia. Dois anos atrás eu não trabalhava no STL, não era seguida por ninguém da moda e meu perfil era basicamente minha família e amigos. Hoje, apesar de não ter nem 2 mil seguidores, morro de vergonha de postar qualquer coisa, o que é irônico, porque eu trabalho com comunicação. Mas o que ficou martelando na minha cabeça sobre tudo isso foi perceber o quanto algo tão bobo trava a gente.
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Quem é um pouco mais tímida, como eu, vai entender exatamente o nervosismo de se sentir exposta. Às vezes deixamos de fazer algo que queremos apenas porque temos medo do que as outras pessoas vão pensar, se vão achar que é vergonhoso, se elas vão rir do que fazemos.
No entanto, acho que esse receio da opinião alheia é um sentimento universal. E com a internet, essa sensação se intensifica. Saber que qualquer pessoa do mundo pode assistir algo que você postou anos atrás parece um outro nível de exposição. Mas se aparentemente todo mundo faz isso, do que é que temos medo afinal? Uma pessoa hipotética de um lugar hipotético não tem nenhum poder sobre nós. É por isso que, pelo menos para mim, a preocupação é sempre maior com quem eu já conheço.
Isso fica explícito quando eu posto vários vídeos no TikTok que eu não postaria no Instagram nem em um milhão de anos. A diferença crucial entre as duas redes sociais é que na rede vizinha a porcentagem de conhecidos é mínima e minha audiência não é formada por pessoas que eu encontro na rua, no trabalho, em festas de família. Mas será que a opinião dessas pessoas realmente importa também?
Acho que estamos tão acostumados com familiares e conhecidos fazendo comentários sobre nossas roupas, nosso corpo, o que fazemos, para onde vamos, que acabamos nos podando para atender às expectativas de outras pessoas, para nos encaixarmos no que um grupo considera legal ou não, quando só temos que ouvir a nós mesmos.
Se passamos a nos preocupar mais com a opinião dos outros do que com a nossa própria, acabamos vivendo uma vida que não é nossa. E a vida é tão curta para deixarmos isso acontecer, sabe? Daqui a dez anos, você não vai se lembrar quem falou mal de você ou o que as pessoas pensaram sobre o que você fez, mas você com certeza vai se lembrar de ter feito o que queria na época.
A gente acaba criando uma versão de nós mesmas baseada na opinião dos outros e nem percebe. Isso é tão prejudicial porque acabamos nos perdendo de quem somos de verdade. Em um momento com tantas cópias de conteúdo, de estilo, de "personalidade", precisamos mais do que nunca de pessoas que são fiéis a si mesmas.
Mas, afinal, como quebrar esse ciclo? Comece listando coisas que você quer e que você gosta. Trate essa lista, que pode aumentar a qualquer momento, como seu mantra. Abafe os ruídos exteriores, porque você não deve explicações. Experimente levar em consideração só a sua própria opinião ao tomar qualquer decisão.
Você pode começar com algo pequeno, como escolher um sapato que você quer, mesmo que outras pessoas possam achar esquisito, e então, vá aumentando a proporção. Com o passar do tempo, você vai perceber que não se importa verdadeiramente com a opinião dos outros, apenas se acostumou a considerá-la.
Por fim, meu conselho — que também é um pouco para mim mesma — é: f*da-se o que as pessoas pensam ou falam. F*da-se se elas vão rir de você ou achar que a forma como você fala, se veste, cria conteúdo na internet não é o que elas fariam. No fim das contas, você só precisa agradar a si mesma. Vai por mim, você vai se sentir mais leve dessa forma.
