Por que o Dia do Orgulho LGBTQIA+ não é sobre amor

por Karen Merilyn

Quando chega o mês do orgulho, muito se fala sobre amor. Hashtags como #loveislove e #lovewins são super populares nessa época. No entanto, o Dia do Orgulho LGBTQIA+ não é (só) sobre isso. Ele é sobre nossa luta por direitos básicos, que tantas vezes ainda faltam. É sobre resistir em um mundo que não quer que você exista. E, principalmente, é sobre olhar para nossa história e entender quem foram os responsáveis pelo que conquistamos até hoje.

Imagem em preto e branco de um protesto da década de 1970. Os participantes exibem cartazes de movimentos de liberação gay e lésbico. Dia do Orgulho LGBTQIA+
Foto: Dia do Orgulho LGBTQIA+ (Pinterest/Abbie Mae Photography)


A origem dessa data já deixa claro por que ela é tão importante. No dia 28 de junho de 1969, a batida policial no Stonewall Inn, um bar LGBT tradicional de Nova York, iniciou um movimento de resistência à repressão, com confrontos que duraram vários dias. A união da comunidade na luta pelos seus direitos resultou na primeira Parada LGBT, no mesmo dia do ano seguinte, e se espalhou pelo mundo ao longo dos anos.

Marsha P. Johnson usando um vestido rosa vibrante e um exuberante arranjo floral na cabeça com flores coloridas e delicadas. O estilo é complementado por colares e um sorriso destacando batom vermelho. Dia do Orgulho LGBTQIA+
Foto: Marsha P. Johnson (Reprodução)

Por isso, esse dia é, acima de tudo, político. Nenhum direito foi conquistado sem muita luta de pessoas como Marsha P. Johnson, Stormé DeLarverie e Sylvia Rivera. E é sobre isso que precisamos falar ainda hoje. Honrar essas pioneiras é lembrar que a luta continua para nós todos os dias.

Pessoas participando de uma marcha segurando uma faixa que diz
Foto: Dia do Orgulho LGBTQIA+ (Pinterest)

O Dia do Orgulho LGBTQIA+ não é sobre amor, é sobre identidade. É sobre sermos respeitados, termos nossos direitos civis garantidos, podermos casar com pessoas do mesmo sexo, adotar, ter uma família; sobre podermos mudar nosso nome de acordo com nosso gênero e ter nossa identidade respeitada; sobre sermos inseridos no mercado de trabalho e termos uma vida digna; sobre a homofobia ser criminalizada; sobre termos direito à saúde, educação e lazer como qualquer cidadão. E, mais importante, que nossos direitos não possam ser ameaçados sob qualquer pretexto.

Imagem de uma manifestação com pessoas vestindo roupas características dos anos 60 e 70. As vestimentas incluem saias curtas, botas, casacos de lã e acessórios como óculos escuros e chapéus. Dia do Orgulho LGBTQIA+.
Foto: Dia do Orgulho LGBTQIA+ (Pinterest)

Não é sobre amor porque a gente ainda está lutando para viver. Ainda temos medo que nossas conquistas sejam tiradas de nós, porque sabemos que elas não são permanentes. Ainda precisamos esconder quem somos na família, no trabalho, entre alguns amigos. Ainda somos violentados física e psicologicamente. Ainda é doloroso se descobrir e entender seu lugar no mundo enquanto LGBTQIA+.

Protesto antigo com pessoas vestindo camisetas, acessórios como bandanas e chapéus, e penteados naturais. Almofadas em estilo boho e bolsas são visíveis. Dia do orgulho LGBTQIA+
Foto: Dia do Orgulho LGBTQIA+ (Pinterest)

Essa data não é uma data romântica, porque ser parte da comunidade independe de amarmos ou não alguém. O Dia do Orgulho LGBTQIA+ não é só sobre dizer para todo mundo que faz parte da comunidade, porque também é uma data para quem não pode fazer o mesmo. Mas é para lembrar que estamos e continuaremos aqui, sendo quem somos, ainda que com as dificuldades. E, assim como aquele grupo de Stonewall, não aceitaremos ser tratados como se não tivéssemos o direito de existir.

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