Um dos escritores mais célebres dos EUA revelando os segredos mais íntimos de algumas das maiores socialites de Nova Iorque. Soa como premissa de livro de ficção, mas foi exatamente o que aconteceu em 1975 quando um texto assinado por Truman Capote, intitulado “La Côte Basque 1965”, foi publicado na Revista Esquire. Décadas depois, a história completa desse escândalo é tema da nova série de Ryan Murphy, intitulada “Feud: Capote vs. The Swans”, ainda sem previsão de estreia no Brasil.
Autor de livros como “A Sangue Frio” e “Bonequinha de Luxo”, o lendário Capote era conhecido por seu jeito extravagante e amizade com a elite social de Manhattan. De olhar perspicaz e língua afiada, ele viu sua obra se tornar ainda mais interessante ao conhecer um grupo de mulheres elegantes e influentes da época a quem deu o apelido de “Swans”. Glamourosas e com acesso, a bordo de couture e joias deslumbrantes, elas eram as it-girls do período, e a proximidade com seus cisnes virou fonte para alimentar seus contos e romances, porém, ele eventualmente iria longe demais.
O texto em questão, capítulo do então inédito livro "Súplicas Atendidas", estava recheado de fofocas e detalhes íntimos do seu grupo de amigas, com nomes trocados, mas com informações o suficiente para que as personagens fossem rapidamente conectadas às inspirações da vida real. Gerando intrigas e expondo suas vidas privadas em um mundo de aparências, a traição da confiança deteriorou para sempre suas relações com as swans e a mini série reconta os acontecimentos, trazendo os holofotes para quatro das maiores style icons do século passado: Babe Paley, Slim Keith, CZ Guest e Lee Radziwill. E a seguir, a gente conta mais sobre o estilo de cada uma delas.
Babe Paley, interpretada por Naomi Watts:
"A mulher mais linda do século XX” nas palavras de Capote, Paley era conhecida pela aparência sempre impecável, do tipo que não tinha nenhum fio de cabelo fora do lugar. Fotografada frequentemente para as principais publicações de moda da época, ela foi uma espécie de supermodelo antes do termo existir, além disso, foi editora de moda da Vogue Americana, consolidando seu status como style icon.
Seu poder de influenciar era imenso, e alguns truques de styling replicados até hoje, como amarrar lenço na alça da bolsa, são creditados à ela. Sua decisão de não pintar os cabelos brancos, optando por exibi-los de forma natural, também virou referência. Dizem até que ela serviu de inspiração para o visual de Meryl Streep em "O Diabo Veste Prada". Seu estilo era composto por peças de apelo atemporal com decotes e texturas interessantes, muitas vezes em uma paleta de cores neutras, mas sempre elevadas por acessórios cuidadosamente escolhidos e impactantes. Ela tinha um gosto particular por broches especiais, colares e pulseiras de pérolas, frequentemente misturando e usando vários ao mesmo tempo. Além disso, não tinha medo de metalizados, e adorava incorporar looks bordados e com brilhos ao seu guarda-roupa.
Slim Keith, interpretada por Diane Lane:
Nascida Mary Raye Gross em São Francisco, Slim Keith era uma típica garota da Califórnia com seu tipo atlético e ambições de virar estrela de cinema. Dotada de uma personalidade forte e um estilo marcante, ela naturalmente atraía os olhares por onde passava. Apaixonada por peças de alfaiataria, Slim gostava de incorporar cores vibrantes em seus looks, além de adotar um ar boêmio que dava um toque especial à sua imagem. Sempre vista com pulseiras empilhadas e cintos, ela dominava a arte de misturar elementos masculinos com femininos, optando por calças e shorts em vez de saias ou vestidos, o que conferia um toque sofisticado e prático ao seu estilo.
CZ Guest, interpretada por Chloe Sevigny:
Nascida Lucy Douglas, C.Z como era chamada, se destacou pelo estilo elegante e autêntico. Uma clássica “horse girl”, ela praticava equitação desde a infância e isso sempre ficou aparente em suas roupas, incorporando vários itens típicos do universo equestre no seu dia a dia. Prezando por peças clean e descomplicadas, ela adorava inserir um toque statement, por meio de cardigans bordados, co-criados ao lado do estilista Mainbocher, ou através de acessórios chamativos. Também era adepta de estampas.
Jardinagem era um dos seus hobbies, e ela teve uma coluna altamente popular sobre o assunto no jornal New York Post. A vida ativa e o gosto pelo ar livre refletiam em seus looks. Guest priorizava praticidade, fazia questão de repetir roupas e refutava a ideia de excesso. Mais aventureira que as outras cisnes, ela tinha ligação com o mundo das artes, C.Z foi musa de artistas como Salvador Dalí, Andy Warhol e Slim Aarons e a única das "Swans" a perdoar Truman após o escândalo.
Lee Radziwill, interpretada por Calista Flockhart:
Caroline "Lee" de Bouvier, irmã mais nova da ex-primeira-dama Jacqueline Kennedy Onassis, ganhou o título de princesa ao se casar com o príncipe Stanislaw Radziwill, membro da família real Polonesa. Lee personificava o chique parisiense misturado com o glamour americano, criando um estilo único que a tornou referência. Era a mais ousada das "Swans", gostando de testar tendências diferentes, experimentando com silhuetas, assimetrias e até color blocking, conseguindo trazer refinamento a qualquer look, do casual ao Black Tie. Ao longo dos anos, trabalhou como atriz, relações públicas e decoradora, sempre exibindo o bom gosto atemporal que inspira designers até hoje.
Ann Woodward, interpretada por Demi Moore:
Apesar de nunca ter sido considerada uma "Swan", ela faz parte da história central da trama, já que acontecimentos trágicos de sua vida também foram expostos no texto do lendário escritor. Ann Woodward era uma mulher de beleza estonteante. Ex-showgirl, adorava roupas mais extravagantes em materiais luxuosos, joias chamativas, refletindo um estilo mais opulente.
Casada com o herdeiro de uma família rica de NYC, sua vida sofreu um baque quando o marido foi encontrado morto em circunstâncias misteriosas. O incidente gerou especulações, lançando uma sombra sobre a reputação de Ann, reforçada pelos escritos de Capote. Pelo passado menos nobre e as acusações veladas, Woodward nunca foi aceita completamente no círculo exclusivo das alta-sociedade nova-iorquina.
