Havia algo em comum nessa edição da semana de moda de Nova York, pudemos notar um certo desejo quase desesperado pela volta a normalidade, com isso, as roupas estavam elegantes, sofisticadas, sensuais e prontas para serem usadas, vistas e desejadas no dia a dia. Havia brilho, muito brilho! Recortes estratégicos, alfaiataria moderna e o melhor de tudo isso, é que também existiu uma preocupação com o conforto, com a facilidade — dois elementos que não deixaremos para trás, mesmo após a pandemia.
Podemos dizer que foi um encontro entre o glam e a praticidade, onde os designers tiveram a oportunidade de mostrar o que eles desejam durante os próximos meses. Além disso, tivemos mais pluralidade nas coleções, afinal, os diretores criativos buscam conversar com a nova geração, tanto quanto com seus clientes antigos mais fieis, e a nova geração quer ver a diferença — aos poucos esperamos que todas as marcas possam chegar lá, explorando diversidade de corpos, étnicas e de gênero.
Abaixo, listamos tudo o que amamos ver durante a semana de moda de Nova York, e se você não deixa de acompanhar nenhuma fashion week, continua lendo com a gente:
as origens de patbo
Tivemos a brasileiríssima Patricia Bonaldi apresentando a coleção de outono/inverno da PatBo em uma pegada que destaca suas origens, homenageando o trabalho dos artesãos de Uberlândia, sua cidade natal. Não faltaram peças com recortes estratégicos bem sensuais, bordados e brilhos, tudo bem a cara da etiqueta. Além disso, o desfile contou com muito veludo em diversas cores e uma pitadinha de sportswear.
o monocromático de mk
Determinado a deixar qualquer sentimento ruim para trás, Michael Kors trouxe um desfile monocromático poderosíssimo, com peças em lantejoulas bordadas bem brilhantes, vestidos exuberantes e casacos faux fur — ou seja, casacos de pele fake — de cair o queixo. A coleção nos remete a um jantar sofisticado, uma ida ao teatro e, de acordo com o próprio designer, também não deixa o conforto passar batido, afinal, suas peças em cashemere não o deixam mentir.
os clássicos da coach
Se a ideia principal de Stuart Vevers era revisitar os clássicos e tão amados produtos da Coach, então o seu desfile na semana de moda de Nova York foi um sucesso absoluto. A coleção não ficou presa a um único tema, mas buscou explorar diferentes cápsulas, mostrando como as pessoas, de fato, se vestem no dia a dia — ou podem se vestir. Haviam vestidos bordados em tons açucarados, casacos pesados em couro reciclado, flanelas e os clássicos modelos shearlings — atuais queridinhos do Instagram.
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a alfaiataria à lá peter do
Peter Do já havia deixado sua mensagem, esse show seria um reflexo do próprio estilista. “Eu queria fazer uma coleção que se parecesse mais comigo, mais pessoal” afirmou em entrevista para a Vogue. Em seu segundo desfile apresentado na semana de moda de Nova York, ele trouxe consigo muito do que já havia mostrado, uma alfaiataria moderna, levemente desconstruída com saias plissadas sobrepostas e coletes que iam até o chão. É, ao que tudo indica, é hora de deixar os chinelos e roupões para trás.
o surrealismo da alaïa
Apesar dessa ilusão de ótica não ter sido o foco central da coleção de Pieter Mulier, não podemos negar que eles roubaram, pelo menos, boa parte da nossa atenção. Claro que as calças jeans com boca de sino também eram atrativas, assim como as peças bodycon, no entanto, como não desviar o olhar e se prender nos detalhes bordados desse vestido surrealista com colaboração da Fundação Picasso?
a autenticidade da collina strada
Esqueça tudo o que te contaram sobre como a moda não pode ser divertida, Hillary Taymour apresentou uma coleção que dará a sensação de desespero aqueles que não podem mais ver mais nada relacionado aos anos 2000 e, ao mesmo tempo, despertará o desejo em uma parcela da Geração Z que ainda sonha com o trhowback da cintura baixa e dos vestidos sobrepostos com calças. Com muitas cores, peças metalizadas, camisetas de time e uma diversidade de corpos e idades, a autenticidade da Collina Strada roubaram a cena na semana de moda de Nova York.
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as sereias de altuzarra
Esse título escolhido pode soar engraçado, mas essa é exatamente a história por trás do desfile de Joseph Altuzarra que narrou, do início ao fim, a trajetória de um marinheiro que é seduzido e depois transformado em sereia, e isso é perceptível na passarela, já que a primeira parte da coleção é voltada para peças mais pesadas, feitas em lã, adereços de inverno — como as balaclavas — e no meio da jornada até o final, encontramos paetês e tie dyes que se pareciam muito com escamas de peixes.
o novo capítulo da kenzo
Uma salva de palmas para a virada de chave da Kenzo! Seu novo diretor criativo, Nigo — que a título de curiosidade, foi quem apresentou o ilustre Virgil Abloh a Louis Vuitton —, brincou com reinterpretações tanto das suas origens japonesas, quanto com alguns outros toques franceses, como as boinas, que estavam cuidadosamente bordadas com o ano de fundação da casa. A coleção parecia alegre, colorida, com muitas estampas, entre elas o xadrez e um tipo de floral, só que mais original. Mal podemos esperar para ver as próximas coleções.
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o savoir-faire da vetements
Em uma coleção que Kim Kardashian e Justin Bieber facilmente aprovariam, Demna e Gurum Gvasalia exploraram o novo universo aristocrático, onde a dupla procurou redefinir a alta-costura, voltando-se para — mais uma vez — a nova geração. Sobre as máscaras usadas em 71 dos 72 looks, Guram disse que elas já fazem parte do core da Vetements há anos, mas será que elas teriam algo a ver com a privacidade ou a falta dela dos dias de hoje? No mais, as peças eram super despojadas, com sobretudos acolchoados, macacões justos e uma boa parcela de jeans bem amplos.