Sim, o álcool pode aumentar a sua ansiedade

por Inaê Ribeiro

Era uma segunda-feira, eu estava a caminho do trabalho e comentei com uma amiga que o meu domingo havia sido marcado por uma ansiedade enorme, então ela me questionou: você bebeu álcool no sábado? E então, parece que uma luz se acendeu, era isso! Um dos motivos de eu estar tão ansiosa era por causa da bebida. 

A minha psicóloga já havia comentado que isso acontecia, mas foi só nesse dia que eu realmente consegui sentir e identificar esse efeito da ressaca. Desde então, estive mais consciente do meu corpo e decidi buscar maneiras de minimizar essa ansiedade. Uma das minhas ações foi ler relatos de outras pessoas que sentiam o mesmo, como o da Tami Correia, UX Designer de 29 anos, que dividiu a sua história em uma newsletter. A Tami sentiu tanto esses efeitos que até mesmo decidiu parar de beber álcool.

a ressaca chegava carregada por uma sensação desconfortável de arrependimento, vergonha e ansiedade que todas nós já sentimos.

Eu e a Tami não somos as únicas que sofremos com o quadro e se você também já se viu afetada por essa ressaca, provavelmente já se perguntou o porquê desse sentimento que vive profundamente em nossos corpos e mentes, e isso está ligado ao funcionamento do nosso intestino e cérebro. Eles são os responsáveis pela interpretação da serotonina e da dopamina, também conhecidos como nossos hormônios da felicidade, e quando tem uma queda deles, há um efeito imediato no humor e – você adivinhou – um pico de ansiedade.

Embora a gente note isso apenas após uma noite de bebedeira, aquelas pessoas que bebem com frequência possuem efeitos de longo prazo, como uma ansiedade de baixo grau, mas consistente, e até mesmo depressão. Para Tami, sempre que a ressaca chegava, ela era carregada por uma sensação desconfortável de arrependimento, vergonha e ansiedade que todas nós já sentimos. Todo esse incômodo, juntamente com a adoção de alguns hábitos saudáveis, criou na UX Designer o desejo de parar de beber, e ela explica: o álcool que, supostamente, servia como um meio de me relaxar e conseguir interagir socialmente de um jeito mais leve, acabava por se tornar um agiota que, no dia seguinte, vinha cobrar a 'ajuda' que me deu na noite anterior. Foi então que ela decidiu parar de beber, "era algo que eu sempre cogitei, mas não colocava em prática. Porém, nesse 'novo' momento da minha vida, fazia muito sentido, finalmente, cortar o álcool”, relata.

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Foto: Inaê Ribeiro (Reprodução/Instagram)


a minha ansiedade só foi controlada quando parei de beber 100%. sei que isso pode soar radical, mas defendo a importância de, pelo menos, tentar ficar um tempinho sem consumir

A verdade é que cada pessoa irá sentir os efeitos da ressaca de uma maneira e encontrar a sua própria solução. Para mim, o processo de entendimento ainda é recente, mas ele teve início justamente nessa tomada de consciência de que a bebida me deixa mais ansiosa. Honestamente, ainda não tenho vontade de parar de  beber - mas pode ser que isso algum dia mude - então, eu tenho buscado maneiras de minimizar não só a ansiedade como também a dor de cabeça e o desconforto corporal. Já a Tami, só sentiu que ansiedade gerada pelo álcool foi controlada quando ela parou de beber 100%, “sei que isso pode soar radical, mas acho e defendo a importância de, pelo menos, tentar ficar um tempinho sem consumir - se permitir se ver sem o efeito do álcool, sabe?”, sugeriu.

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Foto: Kendall Jenner (Reprodução/Instagram)

Além disso, outra sugestão da Tami é de que você faça alguns questionamentos que eu também tenho me feito, como: você sabe o porquê bebe? Quais são os seus pensamentos durante uma ressaca? Você se sente envergonhada e arrependida? Existem lugares e pessoas específicas que você só frequenta/passa um tempo junto se estiver bebendo? Dependendo dessas respostas, você conseguirá se entender ainda mais e encontrar a solução. Eu, Inaê, não me sinto como uma refém da bebida alcoólica, consigo entender o momento de parar e é muito raro que eu me sinta envergonhada ou arrependida de alguma atitude que eu tenha tomado, por isso, esses são os cuidados que eu adotei para minimizar a ressaca e também podem funcionar para você. Ah! Alguns deles também são recomendados pela Tami, olha só:

- se alimente bem antes de começar a beber;

- escolha um “tipo” de bebida e não misture;

- lembre-se de beber água entre os drinks, a Tami ainda sugere que você programe um alarme no celular. 

- beba com pessoas de confiança, que te conheçam e que você se sinta segura;

- dê pausas mais longas entre um drink e outro;

- pare de beber quando sentir que está ficando bêbada;

- pratique exercícios físicos com frequência.

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Foto: Amaka Hamelijnck (Reprodução/Instagram)

Mas se mesmo seguindo esses passos você ainda sentiu a ansiedade chegando, então é hora de adotar outras dicas:

- beba bastante água;

- coma pouco e a cada três horas;

- evite alimentos com cafeína;

- dê uma volta no bairro ou pratique seu exercício de costume;

- anote todos os seus pensamentos e sentimentos.

Apesar do processo ser desesperador, a boa notícia é que, se você levar um estilo de vida saudável, uma noite regada a drinks sociais por semana não causará nenhum dano sério que não possa ser gerenciado por seus bons hábitos. Mas claro, além disso, é muito importante que você converse com o seu psicólogo sobre tudo o que sentiu e pensou tanto durante a bebedeira quanto no pós.

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Foto: @li_bash (Reprodução/Instagram)

a boa notícia é que, se você levar um estilo de vida saudável, uma noite regada a drinks sociais não causará nenhum dano sério que não possa ser gerenciado por seus bons hábitos

O objetivo, no fim, é que você esteja bem emocionalmente e fisicamente. Para Tami, a decisão de parar de beber afetou diretamente e positivamente em toda a sua vida, “acho que a decisão de parar de beber foi tão assertiva que o meu corpo todo aceitou da melhor forma e de imediato. Já sinto, por exemplo, que me acolho, que entendo as minhas limitações e tento buscar soluções mais práticas, sem me crucificar antes. Em resumo, a sobriedade tem me dado mais espaço para criar uma vida mais condizente com o que eu acredito e quero pra mim. E estou curtindo muito isso. Ah, fisicamente me sinto mais disposta, com menos dores de cabeça e no estômago. A pele também tem mais viço e melhor textura”, finaliza.

Sigo na busca por um estilo de vida mais saudável, com uma alimentação mais balanceada, praticando exercícios constantemente ao mesmo tempo em que testo todas as técnicas aqui indicadas. E para você? Como tem sido o processo?

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