A presença de modelos negras no mundo da moda nunca foi muito grande, e isso sempre foi motivo de bastante controvérsia. Antes da década de 70 era praticamente impossível ver um mínimo de diversidade nas passarelas, editoriais e capas de revista. Um dos primeiros desfiles a ter um contingente considerável de modelos negras foi durante a Batalha de Versailles, que trouxe 10 modelos negras americanas para desfilar em Paris, dentre elas a lendária Pat Cleveland. A partir disso, algumas outras modelos negras tiveram carreiras espetaculares nas próximas décadas.
Nós já falamos por aqui que na última Semana de Moda de NY tivemos uma surpresa muito boa: a presença de modelos negras está cada vez maior. E, além disso, em diversos desfiles elas não estavam usando perucas, como foi norma há algum tempo, mas sim usando seu cabelo natural, seja afro, crespo ou mesmo careca. Meninas da nova geração como Maria Borges, Grace Bol e Lineisy Montero já conquistaram bastante espaço na indústria, e pelo que estamos vendo, a tendência é que a diversidade aumente ao longo do tempo. No TBT de hoje vamos falar um pouco sobre as carreiras das principais modelos negras da história, que criaram espaço para a diversidade que estamos vendo hoje.
Pat Cleveland é considerada a primeira grande modelo negra da história, tendo iniciado sua carreira nos anos 60 e atingido o auge durante o desfile da Batalha de Versailles em 1973. Ela foi descoberta aos 14 anos por Carrie Donovan, então editora-assistente na Vogue, e iniciou sua carreira nos Estados Unidos, trabalhando para designers como Stephen Burrows e fotografando com Irvin Penn. Não demorou muito para que ela entrasse na entourage de Andy Warhol e virasse figurinha carimbada na Factory. No início da década de 70 ela se mudou para Paris, e lá consolidou seu status como musa da década de 70, trabalhando com Yves Saint Laurent, Valentino, Mugler e Karl Lagerfeld. Pat faz campanhas até hoje, tendo sido escolhida para a campanha de S/S 2015 da Lanvin junto com sua filha Anna.
Outra lenda dos anos 70 é Iman, que além de supermodelo é também empresária e uma das maiores filantropas do mundo da moda. Iman foi descoberta no Quênia, país onde vivia como refugiada das guerras na Somália, sua terra natal. A sua carreira iniciou em 1975, quando foi chamada pela Wilhelmina para ir aos Estados Unidos, e rapidamente se tornou uma das modelos mais bem-sucedidas de sua época. O primeiro trabalho de Iman nos Estados Unidos já foi para a Vogue, e logo depois ela começou a trabalhar para todos os grandes designers, de Valentino a Yves Saint Laurent. Em 1989, Iman encerrou sua carreira de modelo para focar num projeto no qual ela foi pioneira: a Iman Cosmetics, marca de cosméticos focada em mulheres negras. Em 1992, casou-se com David Bowie, e junto com o artista apoiou e se envolveu em incontáveis causas sociais.
Naomi Campbell é uma das maiores personalidades do mundo da moda de todos os tempos, e isso é inquestionável. Ela dominou a cena nos anos 90, tanto que eclipsou qualquer outra modelo negra que tentasse chegar ao seu status. Como parte da famosa Trinity, Naomi teve uma ajuda enorme das amigas e também modelos Linda Evangelista e Christy Turlington. Há muitas histórias de que Christy e Linda não aceitavam trabalhos se os designers não incluíssem Naomi, e isso sem dúvida ajudou a super no início da carreira. Hoje, Naomi tem um clique imcomparável, com uma rede de contatos que vai de chefes-de-estado a designers, atores de Hollywood a popstars, e ela segue desfilando, fazendo campanhas e aparecendo em capas de revista, sem dar nenhum sinal de que pretende parar. A super também se envolve bastanta com causas sociais, principalmente através dos eventos do Fashion for Relief.
Alek Wek causou uma verdadeira revolução no mundo da moda em 1995, quando foi descoberta. Era a primeira vez que uma mulher com os traços de Alek, que é da etnia Dinka, do Sudão, aparecia em capas de revistas e campanhas de moda. Logo depois ela começou a aparecer em music videos de artistas como Tina Turner e Janet Jackson, capas de revistas como Elle e Vogue, e em 1997 faz sua estreia nas passarelas, já tendo desfilado para praticamente todas as grandes marcas. A sua fama aumentou mais ainda quando Galliano a recrutou para quase todos os desfiles de haute couture da Dior no início dos anos 2000. Alek também foi uma das primeiras modelos negras a aparecer no calendário da Pirelli, em 1999, e na temporada de outono de 2001 abriu quase todos os desfiles mais importantes, de Christian Lacroix a Valentino. Hoje Alek ajuda diversas causas filantrópicas relacionadas a refugiados, pois ela mesma foi uma refugiada das guerras no Sudão.
A modelo etíope Liya Kebede foi, junto de Alek Wek, uma das principais modelos negras dos anos 2000. Ela se mudou para Paris aos 18 anos, e um ano depois já fazia trabalhos para a Ralph Lauren. Em 2000 sua carreira teve um grande breakthrough: foi selecionada por Tom Ford para desfilar com exclusividade para a Gucci. Em 2002 teve uma edição inteira da Vogue Paris dedicada a ela, e nessa altura ela já tinha desfilado para todas as grandes marcas e aparecido em inúmeras capas de revista. Mas talvez o maior acontecimento para Liya tenha sido em 2003, quando ela foi a primeira modelo negra a representar a Estee Lauder, marca da qual ela é embaixadora até hoje. A carreira de Liya nunca parou, ela ainda desfila e faz campanhas high profile até hoje, e também se envolve em causas sociais: ela é Embaixadora da Organização Mundial da Saúde.
Chegando na década atual, não há dúvidas de que Joan Smalls está no caminho para se também se tornar uma lenda. A porto-riquenha iniciou sua carreira em 2007, mas ficou conhecida em 2010, quando começou sua forte relação com Riccardo Tisci, da Givenchy. Em 2011, ela se tornou o rosto da Estee Lauder, sendo a primeira modelo latina a atingir a posição. Joan ficou por muito tempo em primeiro lugar na famosa lista do models.com, e é uma das principais modelo da geração das social girls, tendo mais de 1 milhão de seguidores no Instagram.