Estar em contato com nosso corpo, sabendo reconhecer os sinais do ciclo menstrual, da TPM e como nos cuidar nesse período é algo que tem despertado o interesse de cada vez mais mulheres. Essa busca, unida ao desejo de seguir um estilo de vida mais natural, reconectou muitas à ginecologia natural. O termo, pode parecer estranho para algumas pessoas, mas tem ganho muito espaço, principalmente na América Latina.
Um dos maiores fatores pela popularização do tema foi o lançamento do livro "Manual de Introdução à Ginecologia Natural", da chilena Pabla Pérez San Martín, em 2009. Se você ainda não tinha ouvido o termo, nós te explicamos! A ginecologia natural é uma terapia holística que olha para a saúde da mulher de uma forma integrativa, entendendo que o físico, emocional e mental estão conectados. Para te apresentar os benefícios dessa terapia, conversamos com a ginecologista Dra. Debora Rosa e com a educadora menstrual Maria Chantal, especialistas em ginecologia natural e que hoje explicam tudo sobre o tema.
_o que é ginecologia natural
Segundo Maria Chantal, o que hoje é chamado de ginecologia natural, na verdade é um prática antiga, iniciada por civilizações africanas e originárias que até hoje seus descendentes ainda praticam, mas é marginalizada. "É um cuidar da saúde ginecológica que defende a autonomia, você como principal conhecedora de seu corpo, para além de pontuar que a nossa saúde ginecológica é afetada por nossa alimentação, histórico familiar, comportamento", explica.
A educadora menstrual conta que a ginecologia natural se utiliza de elementos da natureza e práticas para reequilibrar a saúde. Dentro desses elementos pode-se usar óleos vegetais, vaporizações, infusões, banhos de assento, e massagem pélvica, além de várias outras ferramentas.
A ginecologista Dra. Debora ainda acrescenta que a ginecologia natural "é uma maneira de olhar para a saúde da mulher de uma forma integrativa. As doenças, os sintomas e até mesmo a ausência deles está muito relacionado à saúde emocional, mental, física e equilíbrio energético". Este tipo de análise consegue ver qualquer sinal físico que o corpo apresenta como endometriose, corrimento, mas a partir de uma visão mais ampla, unindo também outras vertentes, entendendo o que aquele sintoma está mostrando para a paciente, tanto de maneira física quanto emocional.
É muito mais sobre entender o que a pessoa está precisando tratar no momento, o que necessita da sua atenção, conseguindo assim unir os tratamentos tradicionais e os mais naturais. "Descobrir se aquela inflamação é porque o corpo precisa de plantas para dor, que a paciente consiga enxergar mais os limites que precisa impor. E eu passo plantas para fortalecer tudo isso, não só o físico, mas todo o emocional energético. A ginecologia natural incentiva muito o autoconhecimento, a respeitar o tempo do corpo, ouvir a intuição", divide Dra. Debora.
_ela substitui a tradicional?
Não, a ginecologia natural não substitui ou se opõe a moderna. Os exames recomendados pela medicina moderna devem continuar sendo feito regularmente, assim como as consultas e o uso de métodos contraceptivos. O que mundo é que a natural irá olhar para o corpo como um todo, avaliando a necessidade de cada indivíduo, mas como um complemento da realizada em consultórios médicos tradicionais.
Além disso, Maria Chantal ainda acrescenta sobre a seriedade do tema. "A ginecologia natural é uma medicina séria, que compreende que as plantas tem propriedades químicas que devem ser utilizadas com cuidado. Não é porque são naturais que todos podem usar e em qualquer quantidade e período", ela alerta.
_quem pode aderir?
A ginecologia natural pode ser aderida por todas as mulheres que desejam combinar o acompanhamento médico tradicional com essa vertente mais natural, já que um não substitui o outro. Dra. Debora ainda acrescenta os benéficos de aderir à este tipo de tratamento, "autoconhecimento, buscar a essência e se conectar é prescrição para todas as mulheres", afirma. A ginecologista reforça que mulheres que possuem uma doença específica é importante ter um acompanhamento médico, para fazer um tratamento orientado.
Maria Chantal, esclarece que para aderir à terapia não é preciso seguir todos os estereótipos que rodeiam a questão, se algum dos tratamentos não fizer sentido para você ou não fizer bem ao seu corpo é só abandonar e tentar outro. A terapia é sobre a chance de encontrar o que funciona para você e seu corpo.
_como iniciar
Para quem se interessou pela ginecologia natural e deseja iniciar a adesão, nossas entrevistadas possuem duas dicas. A Dra. Debora informa que uma maneira muito eficiente de iniciar é através do autoconhecimento, como através da mandala lunar. A mandala consiste em fazer um diário anotando como foi o dia, o que sentiu, quais foram os sentimentos que você viveu, para fazer uma análise de cada momento vivido, a mandala é uma ótima ferramenta para olhar para dentro. Outra ferramenta é chamada de plantar a lua, que é devolver o sangue da menstruação para a natureza, para terra. Esse hábito, por mais sutil que possa parecer, demonstra a potência da mulher, informa a ginecologista.
Basicamente, Dra. Debora conta que a ginecologia natural é conexão, consigo mesma e com a natureza ao redor, é "se sintonizar com as plantas, entender qual a energia que aquela planta traz, como o seu corpo se sente quando você tem um contato com uma medicina dessas", relata.
Já Maria Chantal, fala que pode você iniciar de uma forma bem simples, mas que pode ser desafiadora para muitas mulheres, que é todo dia olhar sua vulva, a parte externa da vagina. "Observar coloração, formato e os fluídos que podem estar presente nessa região, principalmente em períodos de ovulação", explica, já que assim você irá criar uma conexão mais próxima com o seu corpo.
O ideal é que se você acredita neste tipo de tratamento e deseja alcançar os benefícios oferecidos por ele, estude sobre e busque por práticas e técnicas que façam sentido com o seu estilo de vida e claro, sempre acompanhado dos outros cuidados médicos.