Tudo sobre a exposição Christian Dior Jardins Rêves

por Miriam Spritzer

Christian Dior Jardins Rêvés é uma nova exposição que busca explorar a influência que flores e jardins têm nas criações do fundador da marca, bem como os outros estilistas que passaram por ela, como Yves Saint Laurent, John Galliano e Maria Grazia Chiuri entre outros tantos. O tema parece ter sido escolhido a dedo para a exposição feita especialmente para a SCAD Fash, entre campos de lavanda e cereja no pequeno vilarejo medieval Lacoste, na região de Provence, na França. 

Manequins exibindo vestidos de gala florais em um luxuoso display, evocando Christian Dior Jardins Rêves.
Foto: Christian Dior (Divulgação)


Por mais que tenhamos a sensação de que já vimos a marca Christian Dior recorrentemente em exposições de moda, é importante destacar que a entrada dela neste mercado é bastante recente. Com exceção de uma exibição nos anos 1980 celebrando os 40 anos da maison Christian Dior e algumas peças de roupas que foram emprestadas para museus, foi apenas em 2017 que a marca lançou a sua própria exposição, Christian Dior: Couturier du Rêve no renomado Musée des Arts décoratifs de Paris. A exibição viajou o mundo todo e foi um sucesso de crítica e público, levando assim a marca a criar seu próprio museu em 2022, a Galerie Dior em Paris, ao lado da loja flagship na tradicional avenue Montaigne. 

Esta é a primeira vez que a maison de alta costura colabora com outra instituição para o desenvolvimento de uma exposição. A curadoria e organização de Christian Dior Jardins Rêvés foi feita juntamente pela curadora da Christian Dior Couture Hélène Starkman e o Diretor Criativo dos museus SCAD FASH, o brasileiro, Rafael Brauer Gomes, com o apoio de Ariel Stark. Passando de 1905 a 2025, a exibição conta com 30 vestidos, 60 acessórios, embalagens de perfumes e uma quantidade impressionante de ilustrações de René Grau e croquis do próprio Christian Dior, permitindo que os visitantes possam ter uma visão ainda mais profunda de como as inspirações florais impactaram o seu processo criativo.

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Roupas elegantes expostas em ambiente decorado com flores brancas, lembrando Christian Dior Jardins Rêves.
Foto: Christian Dior (Divulgação)

É inegável que as flores eram um elemento central na estética de Dior. Para ele, era uma metáfora perfeita para a mulher que desejava vestir: delicada mas resiliente. Em todas suas coleções, vemos referências de rosas, lírios, jasmins e outras flores. O próprio New Look de 1947, sua grande revolução na moda feminina, lembra o formato de uma flor, com cinturas marcadas como caules e saias amplas como pétalas. Na exposição vemos que a inspiração vai além de seus vestidos, flores estão presentes também em seus acessórios, perfumes, e toda a linguagem visual da maison, estabelecendo um legado onde a alta-costura dialoga eternamente com a feminilidade dos jardins até mesmo sob a direção criativa de outros estilistas.

Outro detalhe único sobre a Jardins Rêvés é a cenografia desenvolvida pelo estúdio espanhol Wanda Barcelona. Com o intuíto de replicar os jardins de Catherine Dior, a irmã de Christian, o estúdio criou uma instalação de flores de papel que tomam as paredes e tetos da galeria, tornando a visita uma experiência quase imersiva. E para adicionar à experiência, a SCAD Lacoste comissionou o duo artístico holandês DRIFT, composto por Lonneke Gordijn e Ralph Nauta, uma instalação multi-sensorial dentro da mesma temática de flora, Unfold (desabrochar) paralelamente à exposição. Usando inteligência artificial, uma flor única para cada visitante é desenvolvida através da fusão de referências visuais da flora local de Provence com a captação de seus ritmos corporais pela respiração e batimentos cardíacos. Nenhuma flor é igual a outra, o que torna a experiência ainda mais especial.

Christian Dior Jardins Rêvés está aberta ao público até o dia 28 de Setembro.