Tudo sobre o desfile da Balmain Outono/Inverno 25

por Beta Weber

Quando se escuta o nome Balmain, é impossível não pensar nos ombros pagoda, no combo de preto e branco ou preto e dourado, no bodycon e, claro, em muito glamour. Afinal, Olivier Rousteing, há 14 anos no cargo de diretor criativo, moldou uma identidade tão forte que deu origem ao Balmain Army, apelido dado ao seleto grupo de celebridades e clientes devotas de sua estética. E o visual característico estava lá, mas não na passarela, e sim nas convidadas do desfile, que cruzaram, a bordo de saltos altíssimos, os paralelepípedos do La Villette, complexo de entretenimento no 19º arrondissement, para conferir o desfile da Balmain Outono/Inverno 25.

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Esse foi meu primeiro desfile da grife, e o que ninguém te conta sobre um evento assim é que sempre há pelo menos meia hora de espera. Depois de conferir meu lugar — cada cadeira com um cartão com o nome do convidado escrito à mão —, desviando dos garçons oferecendo champagne, segui os flashes e me deparei com a chegada das celebridades, entre elas Mélanie Laurent, Camille Razat, Doja Cat e as brasileiras Camila Pitanga e Isabeli Fontana (tudo devidamente registrado e postado em tempo real no nosso Instagram e TikTok). Também ali, alheia ao burburinho e fugindo dos holofotes, flagrei Anna Wintour chegando discretamente e sozinha, indo direto para o backstage para sua tradicional visita ao designer antes da apresentação.

Em um piscar de olhos, já era hora de retornar aos assentos porque o show estava prestes a começar. O cenário simples, com um paredão cinza, era um spoiler do que viria. A voz de Kate Bush cantando Cloudbusting abriu o desfile, revelando a cartela sóbria de cinza, preto, azul e burgundy, interceptada por choques de mostarda, laranja, lilás e vermelho. Os anos 80 seguem por lá, mas se tornam mais cool, trazendo os excessos que fazem parte do repertório da Balmain, só que de uma forma mais elevada. Um cover desacelerado de Girls Just Wanna Have Fun transformou o clássico de Cyndi Lauper, uma ótima metáfora para o que aconteceu na passarela: a suavização das formas da Balmain, sem abrir mão do espírito de diversão tão fundamental para a marca.

Os elementos luxuosos não podem faltar, mas ganharam um olhar fresh, atualizando o maximalismo usual: o animal print veio forte em forma de zebra e vaca — nada da onipresente oncinha na passarela, apenas no look de Doja Cat na primeira fileira. Além disso, os peplums, vestidos-suéter com toques de brilho, decotes laterais e trenches de couro também carregaram o glamour que promete agradar em cheio à clientela fiel da maison.

Mas o grande trunfo foi a tensão entre imponência e conforto, sinalizando um novo momento, já mencionado no release entregue à imprensa. Na prática, as ombreiras deram lugar a shapes que evocavam casulos, com sobreposições e hoods cobrindo a cabeça. 

Foto: Balmain Outono/Inverno 2025 (Reprodução/Vogue Runway)


A sensualidade veio no toque do cashmere e das pelúcias — tanto nos casacos volumosos quanto nas botas acima do joelho. 

A silhueta tradicional de pontas afiadas foi substituída por formas arredondadas, sempre conectadas a um elemento que remetia ao DNA da marca: teve até loungewear, com calças tipo legging e suéteres oversized aliadas a botas estampadas ou coloridas, que deixavam o mood relax automaticamente mais poderoso e, consequentemente, mais Balmain.

Foto: Balmain Outono/Inverno 2025 (Reprodução/Vogue Runway)

Silhuetas esculturais e as botas enrugadinhas, no estilo slouchy, foram pontos altos que mantiveram o clima oitentista permeando as criações de Rousteing. Mas, dos tons neutros às sobreposições ficou claro que a mulher Balmain passa por uma evolução. Ela não quer mais do mesmo e abraça o soft power, provando que seu sex appeal está nas camadas (de cashmere) e, acima de tudo, na atitude.

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