Atenção fãs de Westeros: a espera finalmente chegou ao fim. A segunda temporada de "A Casa do Dragão" estreou no domingo, dia 16 de junho, na HBO, e promete ser ainda mais épica e emocionante do que a primeira. As tensões entre os dois lados da família real explodem em uma guerra civil sangrenta conhecida como a "Dança dos Dragões”, entre os times “Verdes” e “Negros”.
Mas, engana-se quem pensa que essa guerra será apenas um duelo entre homens. "A Casa do Dragão" não é apenas sobre batalhas épicas e disputas pelo poder, também explora temas como família, amor, traição e perda. E caso você não tenha assistido ainda a série, é importante destacar que no centro da história está a disputa pelo poder entre duas mulheres.
A série é baseada em uma parte do livro da saga de Game of Thrones que conta sobre acontecimentos de 200 anos antes da série original e é narrada por historiadores (fictícios, é claro). Por isso, além de diferentes perspectivas, a narrativa tem diversos buracos e contradições que é onde a série realmente tem espaço para criar. A história da estória “está escrita, se não como propaganda, com uma agenda particular em mente”, comenta Ryan Condal criador da série durante a nossa entrevista em Nova York, “era um período histórico extremamente patriarcal ocupado por essas duas mulheres extremamente poderosas. Então pode-se até interpretar como se os historiadores tentaram culpar as mulheres que estavam no centro desta época terrível que resultou na morte de todos os dragões”.
As duas mulheres mencionadas são Alicent e Rhaenyra, amigas de infância que se tornaram rivais. “Tem sempre um cordão umbilical imaginário entre as duas. E acho que elas se comparam”, reflete Olivia Cooke, que interpreta Alicent, “o seu poder está diminuindo, enquanto o da Rhaenyra está em ascensão. Então é uma questão quase que existencial para ela. Afinal quem é Alicent quando ninguém mais a escuta, ou quando não está moldando o reino”.
“Já era hora de surgir uma série como esta em que as mulheres estão no centro dela”, comenta Bethany Antonia que interpreta Lady Baela Targaryen e não esconde ser uma grande fã da saga, assistiu a toda a série original e até leu o livro "terminei antes mesmo de me oferecerem o papel” brinca, “acho brilhante como Ryan adaptou o livro, porque havia tantas versões que poderiam ser feitas dessa série, com o olhar puramente masculino. E escolher colocar a Alicent e Rhaenyra como as personagens principais, diz muito sobre onde estamos na indústria e o tipo de televisão que as pessoas querem assistir”, reflete.
Mesmo que haja sim um olhar feminino, nem tudo são flores, a realidade destas mulheres é uma sociedade extremamente patriarcal. “Elas estão tentando ter autonomia dentro deste mundo de fantasia medieval. Mas é muito difícil de fazer isso, porque elas têm que enfrentar estes homens que estão sempre querendo entrar em guerra, mais preocupados em serem mencionados nos livros de história do que no que é melhor para o reino”, explica Olivia, “elas são um produto de onde elas foram criadas”, e podemos na própria relação Alicent tem com a filha, Helaena, interpretada por Phia Saban.
As duas têm apenas cinco anos de diferença na vida real e se tornaram grandes amigas. “Eu sempre vou a Olivia para conselhos”, comenta Phia, “ela é uma pessoa que me ajuda a manter os pés no chão. Porque é assustador estar nessa série. Então às vezes só de ter uma palavra dela, já me ajuda a ficar centrada”.
De fato, ser parte do elenco de uma das mais assistidas séries da história não é pouca coisa. “Você tenta não pensar muito, mas a pressão está ali”, comenta Bethany, que lembra quando fazia testes na época que a série original estava no ar que havia um efeito Game of Thrones na indústria, ou seja, se você conseguisse um papel na série, estava garantido para outros. Agora que ela está no elenco ela fala "gosto de fingir que ninguém vai assistir”.
Olivia Cooke que é mais veterana consegue entender o ponto de vista das colegas “há um buzz muito forte em volta da série. Imagina se isso é um dos seus primeiros trabalhos profissionais? É um emprego maravilhoso, mas intimida”, indaga, “acho que eu já estou mais vacinada com 12 anos de carreira, então tento lembrar eles que também é importante se divertir nisso tudo”.
Emoções e filosofias a parte, não poderíamos vir no Steal the Look falar de A Casa do Dragão sem falar de figurinos, certo? E que figurinos. De vestidos medievais, armaduras de metal, peças de que imitam couro de dragão e as mais diversas perucas, a série entrega tudo.
“Os figurinos ajudam porque é quase uma tortura vestir eles. Você fica com o movimento totalmente restrito. Mas é bom pela época que estamos retratando, porque você se sente presa. É difícil de caminhar, subir escadas é extremamente difícil de ir ao banheiro (risos). Além de ser pesado, são roupas grandes, tem muito tecido. Mas isso tudo ajuda a entrar no personagem”, comenta Olívia que está sempre impecável digna da rainha que interpreta.
“Para mim, me ajuda a direcionar como que o corpo da Haelena estaria se movendo. Ela se sente desconfortável vestindo essas roupas, o que explica a postura ruim que ela tem. A propósito, é intencional para a TV, não é a minha postura”, brinca Phia, “as roupas não necessariamente deixam a gente mais belas, mas são opulentas e extremamente bem feitas”.
Já Bethany, que está em outro núcleo da série, apesar das longas horas todas as manhãs para colocar a peruca platinada, se divertiu com o processo de criação do que iria vestir desde o começo nesta temporada, “você consegue trocar ideias com a figurinista e se envolver a cada passo. Sentir o que é mais confortável, porque aquilo vai ser usado por horas e horas nas gravações que duraram quase oito meses”.
Não conseguimos descobrir se elas roubaram alguma peça de roupa ou acessório para o seu próprio guarda-roupa, mas podemos confirmar com segurança que os figurinos desta temporada são um show à parte.
A Casa do Dragão estreou este domingo na HBO e Max. Se você ainda não assistiu ao primeiro episódio, corra para a plataforma de streaming e prepare-se para ser transportada para um mundo de dragões, batalhas sangrentas e intrigas familiares de tirar o fôlego.