Se você é fã de Harry Potter, com certeza se lembra de figurinos icônicos como os conjuntos cor-de-rosa de Dolores Umbridge ou o inesquecível vestido de baile da Hermione em O Cálice de Fogo, que se tornou uma das peças mais emblemáticas da saga. Já para os aficionados por A Casa do Dragão, o prequel de Game of Thrones, é impossível não notar os detalhes suntuosos dos vestidos e capas que dão vida ao universo de Westeros. O que todas essas produções têm em comum? Ou melhor, quem elas têm em comum: Jany Temime.
(quase) tudo sobre a figurinista jany temime
Nascida na França, a figurinista é um nome de peso no universo do design de figurinos. Com um Emmy em seu currículo pelas produções deslumbrantes de House of the Dragon e varias indicações ao Costume Designers Guild Awards na categoria “Excelência em Figurino para o Cinema — Fantasia”, Jany é a mente criativa por trás de algumas das vestes mais memoráveis das últimas décadas.
Apesar de ter começado sua trajetória no mundo da moda como jornalista da Elle, Jany Temime rapidamente migrou para o universo do cinema. Desde pequena, demonstrava interesse por roupas e design, criando peças para suas bonecas. Além disso, cresceu próxima ao universo do prêt-à-porter, já que seus pais possuíam uma fábrica em Paris, o que a fez passar boa parte da infância em um estúdio de moda.
Sua grande virada aconteceu em 2004, quando recebeu o convite para trabalhar com Alfonso Cuarón em Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban. A partir desse momento, Jany assumiu o papel de figurinista oficial da saga, permanecendo até o lançamento do último filme em 2011.
Em entrevista ao portal Fashionista, Jany Temime revelou que O Prisioneiro de Azkaban foi o primeiro filme da saga Harry Potter a adotar um tom mais sombrio, o que exigiu uma abordagem diferente na estética dos figurinos. “Precisávamos nos afastar da ideia de ‘um conto de Natal’”, explicou. “Comecei a trabalhar com as cores e quis criar uma (túnica de mago) que fosse realmente glamorosa — algo que eles vestissem e se sentissem imediatamente especiais.”
Jany contou que projetou uma túnica com capuz e adicionou uma gola interna para evidenciar as cores das casas, o que também ajudava a diversificar visualmente as crianças em grandes cenas de multidão. “As gravatas, por exemplo, fiz de seda porque achei que dariam um nó melhor.”
Ao falar sobre sua experiência em A Casa do Dragão, Jany Temime revelou que nunca havia assistido a Game of Thrones, mas que leu Dance of the Dragons, o livro base para a série. Para ela, trabalhar em um prequel foi empolgante justamente pela oportunidade de construir algo novo, sem estar completamente preso ao material original.
Um dos maiores desafios, segundo a figurinista, foi representar a feminilidade e o poder em cada cena. "Os personagens são apaixonados e maiores que a vida, o que os torna sensuais — não porque você está vendo sexo, mas porque suas necessidades são viscerais e básicas, como a busca pelo poder. O poder é um ideal forte e pode ser simbolizado pelo vermelho: para sangue, sexo, morte ou fogo", explicou em entrevista ao Tatler Asia.
Além disso, Jany confessou seu fascínio por trabalhar com armaduras. "Há algo especial em trabalhar com metal e criar essas formas. Você não pode cortar custos com armaduras porque tudo é sobre proporção, volume e movimento", destacou.
Além do universo de dragões e fantasia, Jany também deixou sua marca ao vestir o icônico James Bond de Daniel Craig, um personagem que eleva a alfaiataria a outro patamar. Em entrevista ao The Journal, a figurinista revelou seu desejo de romper com o convencional e trazer uma abordagem menos tradicional e mais provocante. "Eu queria me distanciar completamente da imagem de alfaiataria formal associada ao antigo Bond — algo abafado, formal, conservador. A ideia era criar um traje em que ele pudesse se movimentar, lutar, fazer amor. Mas também queríamos algo sexy que uma geração mais jovem pudesse admirar. E a única forma de convencer um rapaz a usar um terno é mostrar o quão sexy ele pode ficar com um", explicou.
Na mesma entrevista, Jany revelou algumas curiosidades sobre o figurino icônico de Bond. “A famosa jaqueta Barbour que Daniel usa em Skyfall não era um design pronto. Personalizamos completamente uma jaqueta já existente para refletir a origem do personagem, removendo detalhes desnecessários, como bolsos e a gola, para deixá-la mais limpa. Depois, adicionamos outros elementos ao look, como o cachecol fino de cashmere, que foi ideia do próprio Daniel”, contou.
Para o mesmo filme, Jany também buscou colaboração com Tom Ford, apresentando ao designer todo o processo criativo e a estética que ela idealizava para o personagem. Juntos, chegaram a um resultado minimalista que reflete tanto o estilo quanto a narrativa construída ao redor de 007.
