Afastada da moda desde sua saída da Celine em 2017, Phoebe Philo finalmente encerrará seu período sabático este mês, com o primeiro lançamento da sua marca homônima.
A linha, que conta com investimento do grupo LVMH, será apresentada online e vendida diretamente através do site e, apesar de não fazer parte do calendário oficial das semanas de moda, é uma das mais aguardadas da temporada Primavera/Verão 24.
O alvoroço tem motivo, afinal, ela é responsável por lançar várias das peças e tendências que usamos - e amamos - até hoje. Para celebrar seu retorno, a seguir, a gente conta tudo o que você precisa saber sobre Phoebe Philo:
Nascida em Paris, de pais ingleses, ela voltou à terra natal da família ainda pequena e cresceu nos subúrbios de Londres. Graduada na renomada Central Saint Martins, iniciou a carreira em 1997 como assistente de Stella McCartney na Chloé, eventualmente assumindo o cargo de estilista com a saída da mentora em 2001.
Quando assumiu a Celine em 2008, - marca tradicional francesa fundada em 1945, cujo último momento de êxito havia sido sob comando de Michael Kors nos anos 90 - Philo não apenas reviveu a etiqueta, mas também iniciou o movimento para um guarda roupa funcional e contemporâneo, sem se tornar demasiadamente básico ou sem personalidade.
Mesmo que algumas das criações não funcionem atualmente, sua filosofia é absolutamente atemporal. Celine não era marca de tapete vermelho, era marca para vida, e os acessórios vendiam como água assegurando seu lugar de prestígio na indústria de luxo, conquistando sucesso de público e de crítica.
Hábitos agora corriqueiros, como a alfaiataria relax usada com tênis, têm muito a ver com o espírito cool da mulher dos sonhos de Phoebe Philo. As calças de alfaiataria slouchy, que parecem dominar nosso armário desde sempre, estavam completamente esquecidas até meados dos 2010's quando Phoebe resgatou a silhueta na Céline.
Dá para chamá-la de entusiasta do quiet luxury, mas até nisso ela sempre soube inserir um pouco de emoção. Uma de suas maneiras favoritas de trazer dimensão às composições é através de cores ou da intervenção com arte, como as obras de Yves Klein nas roupas, uma de suas marcas registradas.
Seu talento, talvez, recaia na capacidade de traduzir conceitos complexos em produtos que conquistam amplamente: as bolsas da Céline, como a Trapézio e a Luggage, it-bags entre as it-bags da década passada, e a box, vendida pela Céline até hoje, eram comumente confeccionadas e vendidas brincando com tonalidades e texturas diferentes.
A moda dos ugly shoes? Agradeça - ou brigue - a Phoebe Philo. Do scarpin amarelo apelidado de big bird à invasão de papetes e Birkenstocks na alta moda, Phoebe Philo foi a responsável.
A categoria bijoux sempre foi um grande hit das criações de Phoebe com as famosas pérolas barrocas, brincos de placas de metal e os cordões com iniciais, claro, que vemos até hoje.
O foco em knitwear com olhar elevado é mais uma das assinaturas de Phoebe.
Outro grande momento de Phoebe foi a escolha da escritora Joan Didion, então com 81 anos, para estrelar uma de suas campanhas para a Celine em 2015, ajudando na quebra de padrões e ampliando o olhar sobre como uma “garota propaganda” deve ser.
Uma estilista que desenha para o seu gênero, sem cair em clichês. Dentre as inúmeras tendências lançadas por ela que a gente continua usando diariamente constam o couro no dia a dia - antes reservado somente para a jaqueta no material - que é ícone do guarda-roupa há décadas; a silhueta oversized e a alfaiataria desconstruída - depois ainda mais exagerada via Demna Gvasalia na Vêtements e na Balenciaga -; a ascensão do artesanal cool, reinserindo crochê e a sofisticação do trabalho manual nos looks urbanos; e claro, o esporte chic, já comentado, através do styling.
O impacto na cultura pop também é inegável. Mestre do estilo sem esforço, não foi só produtos da Celine que Phoebe ajudou a popularizar. Os tênis de cara retrô como o modelo Stan Smith da Adidas reconquistaram espaço graças à sua predileção.
Phoebe Philo pode não influenciar a massa, mas influencia figuras-chave com poder de impactar milhões. Suas coleções agradavam tanto que em 2011, antes da moda genderless ganhar tração, Kanye West realizou sua apresentação histórica no Coachella a bordo de uma camisa estilo loungewear do Verão 11 da Celine.
O impacto de Phoebe é tão grande que soma milhares de órfãos que ganharam o apelido de “philophiles”, que seguem ativos e sedentos por novidades. Além disso, o termo "old celine" continua sendo um dos mais buscados e valorizados em plataformas de revenda e a conta @oldceline no Instagram tem quase 400 mil seguidores.
Seu afastamento deixou uma lacuna a ser preenchida e rendeu muitos frutos ou homenagens de nomes do cenário atual: pense em The Row, Daniel Lee durante seus anos na Bottega (vale dizer que ele foi seu pupilo na Céline), JW Anderson e marcas menores como Khaite, Toteme e Gabriella Hearst…
Uma das botas mais famosas da Bottega, idealizada por Lee, remete muito a esse modelo da Céline de 2016.
Mas tudo bem, afinal, não existiria Phoebe Philo sem Helmut Lang, Miuccia, Margiela ou Jil Sander.
A moda e seu espírito de reinvenção convida a interpretações frescas do que já vimos antes, sobretudo acompanhada de um ponto de vista convicto e interessante, coisa que a designer tem de sobra. A data exata do lançamento da nova marca ainda nao foi divulgada.
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Sabemos que nem todo mundo pode ter acesso às peças da Celine ou até mesmo da marca homônima de Phoebe Philo agora. Por isso aqui estão alguns itens que evocam o estilo da designer e são mais acessíveis:
