Você precisa ver Jodie Comer em Clube dos Vândalos e eu te conto o porquê
"Clube dos Vândalos” é o novo filme de Jeff Nichols que acompanha a ascensão e queda de um clube de motoqueiros americano. O filme é baseado no livro Danny Lyon chamado "Bikeriders" de 1967, onde ele documentou através de fotos e entrevistas a vida de um grupo de motoqueiros nos anos 1960. Jodie Comer assume o papel de Kathy, par romântico de Benny, um dos mais incontroláveis membros do grupo, interpretado por Austin Butler. Kathy não se encaixa facilmente no molde tradicional feminino.
Ela é independente, corajosa e não tem medo de desafiar as normas. A atuação de Jodie Comer é magnética e poderosa. Ela captura perfeitamente a complexidade de Kathy, retratando sua força interior, sua vulnerabilidade e sua constante luta por encontrar seu lugar no mundo.
Tivemos a oportunidade de conversar com Jodie Comer com exclusividade sobre a produção. Por video-conferência, ela diretamente de Londres, estava se arrumando para a pre-estreia do filme, e já estava vestida com uma biker jacket de dar inveja. Confira o nosso papo:
Nos primeiros segundos da Kathy em cena, a gente já entende quem ela é. Como foi trazer essa atitude na sua atuação?
Jodie Comer: Sim, que bom que você sentiu isso quando assistiu, porque foi exatamente o que eu senti quando li o roteiro. E depois quando ouvi áudio da entrevista da verdadeira Kathy com Danny e pensei: "Uau, a honestidade dessa mulher, o peso que ela carrega...". Ela era como alguém com quem eu adoraria ter passado um tempo em uma vida passada.
Ela praticamente é a narradora do filme, como surgiu essa ideia?
J.C.: Quando você busca no material original, parece que Danny foi a primeira pessoa que perguntou a opinião dela. Sobre a experiência de vida com esses homens do grupo de motoqueiros. Tanta coisa aconteceu, e ela teve que guardar tudo em segredo. Não podia mostrar nada estando naquele ambiente dominado por homens. Parecia que sempre havia certos limites que ela não podia ultrapassar. Ela guardou tanta coisa para si, que acabou tendo muito material para Jeff trabalhar. [Ele além de dirigir também escreveu o roteiro].
Você chegou a ter algum contato com ela na vida real?
J.C.: Não, eu conheci Danny uma vez quando ele veio ao set enquanto filmávamos a cena do bar, onde eles se encontram pela primeira vez. E ele me disse, "Sabe, ela era muito inteligente. Mais inteligente do que qualquer um daqueles caras”. Eu adorei isso, porque acho que ela é uma mulher que as pessoas podem subestimar. Mãe solteira, três filhos, vinda de uma origem bem simples, e ainda assim, fez algo extraordinário com a vida dela. Ela não queria elogios, sabe? Nenhuma dessas coisas que colocamos em um pedestal. E acho que é isso que a tornava mágica. Para mim, ela era extraordinária.
O que te mais te intimidou nesta produção?
J.C.: Acho que o mais empolgante e intimidador, de verdade é tudo isso junto, seria esse elemento da narração. O quanto ela era uma contadora de histórias incrível e o quanto queríamos dar vida a isso no filme, de uma forma real. A primeira cena que filmei com Kathy era uma cena com Mike onde ela está andando pela casa, coloca o vinil para tocar, senta perto da janela. Lembro de fazer aquilo e não me sentia tão imersa nela. Foi libertador acender o cigarro, colocar o vinil, sabe? Juntar todas essas peças pela primeira vez foi muito libertador.
Você ficava nervosa? Como você superou isso?
J.C.: Tive dias em que estava tão focada em mim mesma, correndo o risco de ficar tão obcecada em acertar o sotaque que estava me tirando do momento presente. Percebi isso bem cedo e pensei: "Ok, você tem que abraçar todas essas coisas legais. Mas depois solte e esteja no momento e encontre o seu ritmo”. Você nunca vai ser exatamente a mesma coisa, nem deveria querer ser.
