Você sabe equilibrar o administrativo e o criativo no seu negócio de moda?

por Fábio Monnerat

Alô, criativos de plantão! Esse é um papo que muitos nunca tiveram, mas que tem enorme importância. Cada vez mais vemos estilistas deixando a gestão de sua marca na mão de CEO's mais experientes em administrar empresas. Ok, eu sei que essa não é a realidade da maioria dos empreendedores brasileiros por trás de um negócio de moda, que acabam acumulando várias funções - o famoso “faz tudo” e mais um pouco. Mas temos visto um número crescente de marcas lá fora e aqui no Brasil contratando CEOS para que a sua principal preocupação seja criar e inovar. 

Vamos voltar ao início das coisas… Há muito tempo atrás você sonhou em abrir uma marca, enfrentou todos os desafios, que não são poucos, mas valeram a pena. À medida que sua marca vai crescendo, as responsabilidades vão aumentando e consumindo seu precioso momento criativo e inovador. Já atendi vários clientes em consultorias que reclamam muito da falta de tempo para fazer as coisas simples que ajudaram o seu negócio de moda crescer: visitar as lojas e conversar com clientes, ter mais tempo para pesquisar, trocar com sua equipe e, pasmem, tempo para os amigos e família. A sensação é que o excesso de trabalho vai levando todo mundo para o modo automático. Que desespero! O seu negócio não pode entrar nesse lugar. Uma marca nasceu para encantar, fazer sonhar e resolver uma dor do cliente. E esse processo não pode custar um burnout. Saúde mental é essencial para o sucesso. 

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Foto: Marco Bizzari e Alessandro Michele dividiam as frentes na era de ouro da Gucci (Juergen Teller)


A escolha de um CEO vem para somar e fazer com que o seu negócio seja gerenciado por alguém que tenha expertise em gestão. Como produzir mais e melhor, como atingir novos mercados e como deixar toda parte burocrática em dia. Um bom gestor vai tirar um peso enorme das suas costas. 

Um sonho? Talvez. Ao escolher um CEO para o seu negócio de moda é importante entender bem quais as habilidades que ele tem e, principalmente, se os valores dele são iguais aos seus. Já vi muita marca que perdeu o rumo por conta de uma gestão muito agressiva e sem o devido respeito com os pilares que foram construídos ao longo dos anos. 

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Foto: Yves Saint Laurent e Pierre Bergé eram uma dupla de sucesso nos negócios e no amor (Yves Saint Laurent Museum)

o que considerar na hora de escolher um CEO?

Pense nessa possibilidade do mesmo jeito que você pensa em um relacionamento. Tem que ser uma construção de confiança e de longo prazo. Todos terão que ceder um pouco. Não existe casamento perfeito, mas existem relacionamentos que fluem bem apesar dos problemas diários que sempre vão aparecer. 

Uma boa dica é: convide essa pessoa que você pensa em compartilhar a gestão da sua marca para ser um mentor/conselheiro por um tempo. Divida suas dores, dúvidas e sonhos. Entenda o quanto essa pessoa está realmente conseguindo entender as suas necessidades. E duvide dos que oferecem fórmulas mágicas e prontas. 

Outra dica valiosa: Esse CEO não precisa ser alguém da sua família. Muitas empresas no Brasil são familiares e acreditam que a gestão tem que ficar com os filhos. Isso gera erros enormes e comprometem a saúde financeira. Eu entendo que esse desejo seja muito genuíno e válido, mas isso não pode ser motivo para promover alguém que acabou de começar sua jornada a um cargo tão importante. A saúde financeira do seu negócio só vai fazer com que seu sucessor tenha mais tempo para crescer e descobrir o que o faz feliz dentro da marca. 

Crescer é bem difícil e exige um pouco de desapego, mas pode valer muito a pena. Além da liberdade criativa, seu sonho (marca) vai atingir mais pessoas, empregar mais e ter um impacto muito maior na sociedade.

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