O processo de autoconhecimento é um dos mais dolorosos que vivemos. Entender os nossos sentimentos, emoções e como as situações passadas nos afetaram requer muita disposição e paciência, por isso o ele é tão difícil para algumas pessoas. Essa dificuldade nos afeta de várias formas e uma delas é o estado de estar indisponível emocionalmente.
Você já percebeu que conhecer você é um processo complicado para os outros? Que por mais que você queria se abrir, há uma parede que te impede de ir mais fundo? Isso é estar indisponível emocionalmente, quando uma pessoa não consegue se conectar com os outros, ou com ela mesma. Para entender o que há por trás disso e quais são os sinais, conversamos com a psicóloga especialista em emoções, Luana Ganzert. Abaixo ela te explica tudo sobre estar indisponível emocionalmente e traz dicas de como mudar o quadro.
você evita conflitos
Obviamente, ninguém gosta de encarar conflitos, mas se você possui uma evitação repetida de momentos que irão gerar conversas profundas, isso pode ser um sinal de que você está indisponível emocionalmente. Os conflitos geram uma conexão com a dor e o passado tanto seu quanto da outra pessoa, sendo então uma chance de conhecer mais profundamente o outro.
você não gosta de estar vulnerável
Da mesma forma em que você evita conflito, também se esquiva para realmente se abrir com pessoas de confiança e contar a elas seus medos, dúvidas e inseguranças. Você prefere falar sobre coisas que não possuem relação com você ou manter o foco em outras pessoas.
Talvez você seja um ótimo contador de histórias, mas evite se conectar aos sentimentos reais relacionados à sua história. Essa luta para ser vulnerável é um indicador de que você não confia em si mesmo ou na outra pessoa e as emoções.
Segundo a Luana Ganzert, pessoas indisponível emocionalmente “são mais racionais, e não se importam tanto com os sentimentos. Consequentemente não reconhecem que os seus problemas são frutos de uma emoção desregulada.”
você não se compromete ou escolhe parceiros que não se comprometem
Os relacionamentos amorosos são construídos a partir de uma troca de emoções e fugir do comprometimento é uma ótima maneira de se proteger da necessidade de estar conectado aos nossos sentimentos. Manter uma relação casual é apenas uma maneira de evitar a abertura e o acesso às emoções mais profundas.
você sente dificuldade em ser empático
Quando não nos conectamos com as nossas próprias emoções com compaixão, curiosidade e gentileza é muito difícil que a gente tenha empatia com os outros. É trabalhoso ter espaço para os outros, quanto você não mantém nem para si mesmo. Segundo a psicóloga entrevistada: essas pessoas pouco falam de suas vidas e também não permitem ouvir outras pessoas porque vivem conectadas apenas a si mesmas.
você se sente sobrecarregado ou estressado quando alguém quer compartilhar ou se aprofundar emocionalmente com você
Talvez seja um parceiro ou um amigo de confiança dividindo uma experiência dolorosa que ele viveu ou está vivendo, mas você se sente emocionalmente desconectado na conversa, com uma distância emocional muito grande. Então, tenta apressar a conversa, começa a pensar em outras coisas ou até mesmo tenta mudar de assunto.
você não expõe os seus sentimentos
Já viveu uma situação em que você percebia sensações em seu corpo quando estava vivendo uma experiência emocional, mas ao invés de encarar aquilo plenamente e ficar curiosa, você se desligou e se desconectou do que está acontecendo? Este também é um sinal! Talvez alguém disse algo que te machucou, teve uma atitude que você não concorda, mas ao invés de expressar isso, você preferiu guardar e se distrair para que o sentimento vá embora.
A psicóloga Luana explica: “A pessoa indisponível emocionalmente, se fecha para aprender e se conectar com pessoas e coisas novas. São pessoas com pensamentos mais inflexíveis. Duronas e evitam mostrar os seus sentimentos.”
como mudar este cenário?
Segundo a psicóloga Luana, o ser humano muda por dois únicos motivos: pela dor ou pelo prazer. “Ou seja, quando sentimos dor, buscamos inconscientemente e incansavelmente uma solução para os nossos problemas, vamos ganhando consciência, aprendendo de forma linear - e esse aprendizado varia de pessoa para pessoa - até que conseguimos dar novos significados à nossa dor.
Assim acontece com a busca pelo prazer. Sentimo-nos desconfortáveis por estar onde estamos, e vamos buscar por soluções que nos tragam prazer.
Nessas duas situações a pessoa passa por um aumento de consciência sobre como está a sua vida e a mudança pode acontecer. Ela pode se tornar mais aberta, leve e feliz. Inclusive se torna também mais acessível.”
Em resumo, o quadro irá mudar quando você decidir que viver assim lhe incomoda. Após essa decisão o indicado é que, aos poucos, você se conecte mais com seus sentimentos e emoções. Ah, e claro, o acompanhamento com um psicólogo irá tornar esse processo mais fácil e assertivo.