A importância da gravidez da Ludmilla e Brunna para a comunidade LGBTQIA+
No ano em que tantas celebridades estão grávidas, o anúncio da gravidez da Ludmilla e Brunna poderia ser só mais um onde ficamos surpresas e felizes por alguém que admiramos. No entanto, no caso das duas, vai muito além disso. Para casais homoafetivos, principalmente de mulheres, significa muito essa representatividade, porque ela mostra o quanto somos muito mais que os estigmas que nos cercam.
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Eu sempre quis casamento e filhos, mas na maioria dos filmes, novelas e noticiários que vi enquanto crescia, parecia que para mulheres como eu só restava uma vida trágica, solitária e infeliz, onde nem o direito de casar eu tinha, já que a lei não nos amparava na época — o que, felizmente, mudou ao longo dos anos. Por isso, quando a Ludmilla e Brunna contaram que estavam esperando um bebê, fiquei tão feliz que parecia que era comigo.
Quando se fala em pessoas que se assumem LGBTs, há um estigma de que nós automaticamente não teremos filhos e não poderemos formar uma família. Isso é, inclusive, algo falado com frequência, reforçando o preconceito com a comunidade. Quantos de nós já não ouvimos um "que pena, queria tanto ter um neto", como se essa possibilidade simplesmente não existisse? Essa é mais uma forma de violência que nos cerca, perpetuando uma preconcepção que está longe de ser real.
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Ter uma artista com a visibilidade e importância da Ludmilla casada e tendo uma filha com outra mulher, tendo o apoio da família e aparecendo nos maiores veículos de comunicação do país é grandioso, porque humaniza nossa vivência, mostra para cada pai, mãe, avós que, assim como os casais hétero, podemos viver uma vida feliz e construir nosso futuro como quisermos.
Além disso, é muito lindo ver o apoio da Silvana, mãe da Ludmilla, e como ela acolhe e defende as duas com unhas e dentes. Eu tive a sorte de ter uma mãe assim também, mas não é realidade para a maioria das pessoas da comunidade. Ter uma mãe que tem essa relação incrível com a filha e a nora, que está vibrando pela chegada da neta é também algo que impacta muito, principalmente entre outras mães que têm filhos LGBTQIA+.
Portanto, assim como muitas conquistas de casais homoafetivos, a gravidez da Ludmilla e Brunna não é uma felicidade individual, ela representa uma alegria coletiva, que reverbera na vida de muita gente — inclusive na minha.
Espero que daqui para frente a gente tenha muitas outras pessoas da comunidade LGBTQIA+ mostrando que podemos casar, ter filhos, adotando ou gerando e construir uma família com amor, porque nós também temos o direito à felicidade, seja ela como for.