A Nova Era das Marcas: o que podemos esperar?

por Izabela Suzuki

Hedi Slimane fora da Céline, sem notícias de Pierpaolo por ora, Sarah Burton na Givenchy, Kim Jones fora da Fendi, Dries Van Noten sem Dries Van Noten e Valentino nas mãos de Alessandro Michele. Esses são apenas alguns dos acontecimentos no mundo da moda que provocam uma certa mudança de ares dentro desse universo.

Se estávamos acostumados a certas escolhas vindas de alguns designers para suas respectivas maisons, agora chegou a hora de prestarmos atenção nas mudanças e na nova era das marcas.

Modelo em passarela usando blusa rendada branca e colares dourados, representando a Nova Era das Marcas.
Foto: Chloé S/S 2025 (Reprodução/Vogue Runway)


Chemena e Chloé: o match perfeito?

Chemena Kamali assumiu recentemente o comando criativo da Chloé, e sua entrada foi vista como um retorno ao DNA original da marca. Isso ficou perceptível tanto no primeiro desfile quanto no segundo, onde ela fortalece cada vez mais sua relação com a grife e o retorno da estética boho, marcando uma nova era que revisita a essência boêmica vista na marca por volta dos anos 70, celebrando o feminino e a estética intrínseca ligada à grife.

Essa habilidade de unir o clássico ao novo, de forma delicada e relevante para o público atual, tem sido elogiada pelos críticos e fãs da marca. Sua capacidade de respeitar as raízes da Chloé enquanto a conduz para um "novo legado" tem sido vista como um dos grandes trunfos dessa parceria, tanto para a designer quanto para a marca.

Modelos desfilam em passarela, uma usando conjunto rosa com detalhes pretos. Elegância reflete a Nova Era das Marcas.
Foto: Chanel S/S 2025 (Reprodução/Vogue Runway)

Chanel sem Virginie, vem Hedi?

A trajetória de Virginie Viard foi marcada por reações mistas. Há quem goste do trabalho da estilista, que se manteve fiel à estética puramente Chanel, e há quem esperasse mais. Apesar de a maison ter experimentado crescimento financeiro sob sua direção — com aumentos expressivos nas vendas de prêt-à-porter e acessórios — suas criações acabaram sendo criticadas por uma falta de inovação. O objetivo de Viard foi trazer uma visão mais suave e discreta para a marca, o que gerou críticas por não corresponder à grandiosidade que a Chanel pede.

Isso, somado à falta de recepção na última coleção Cruise, acabou resultando na saída da estilista após cinco anos sob a direção criativa da marca. Agora, de acordo com os rumores e expectativas do próprio público, Hedi Slimane, que recentemente deixou a Celine, é o maior nome cotado para assumir a maison. Slimane tem uma conexão histórica com Lagerfeld, que admirava fortemente seu estilo. O que nos resta é esperar.

Modelo em desfile elegante com roupas clássicas e bolsa, simbolizando a Nova Era das Marcas na moda.
Foto: Valentino S/S 2025 (Reprodução/Vogue Runway)

Valentino e Alessandro: revivendo códigos

Pierpaolo nunca decepcionou à frente da Valentino; no entanto, novos ares são bem-vindos, e Alessandro Michele trouxe um novo fôlego à marca com sua estreia na coleção primavera/verão 2025. Seu desfile na Paris Fashion Week pode ser classificado como um espetáculo de beleza exuberante e nostálgica, com fortes referências aos arquivos de Valentino Garavani, particularmente à era dourada da marca nos anos 70 — o que passou batido por algumas pessoas que não entenderam o 'chacoalhão' que ocorreu na transição entre Piccioli e Michele.

A busca por uma beleza meio esotérica, meio exagerada é uma marca de Michele, que vimos na Gucci, e que deixou um legado de fãs que, por ora, ainda não aceitaram com fidelidade a nova era de Sabato de Sarno. Na Valentino, a recepção foi mista; no entanto, marca um novo capítulo na grife, tanto com o seu próprio estilo quanto respeitando o seu legado.

Modelo veste vestido transparente preto com detalhes geométricos, combinando com botas robustas. Nova Era das Marcas.
Foto: Fendi S/S 2025 (Reprodução/Vogue Runway)

Kim Jones não se ajustou a Fendi?

Recentemente noticiada, a saída de Kim Jones da Fendi foi marcada por especulações de que o diretor criativo não havia se ajustado à grife. Apesar de ter recebido boas críticas ao longo desses quatro anos em que esteve à frente da marca, especialmente no início da sua gestão, Jones lidou com comentários de que ele não soube capturar a essência da Fendi, não se alinhando completamente com a identidade da grife italiana. Além disso, muitos rumores apontam que ele se sentiu mais ajustado em sua posição na Dior Men, onde permanece.

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Modelo em desfile de moda usando casaco preto oversized, destacando a Nova Era das Marcas. Público ao fundo.
Foto: Loewe S/S 2025 (Reprodução/Vogue Runway)

Os rumores dizem: Loewe sem Jonathan Anderson?

Os rumores apontam que Jonathan Anderson pode deixar a Loewe. E o que será da Loewe sem Anderson, se isso realmente vier a acontecer? Essa é uma dúvida que permeia a cabeça de muitos. Porém, como o diretor criativo revitalizou a marca espanhola, muitos acreditam que ele é a escolha ideal para fazer o mesmo com a Dior. Sua visão criativa, que celebra tanto o moderno, quanto o tradicional, trouxe frescor ao streetwear de luxo, consolidando sua reputação como um dos designers mais influentes da atualidade!

Se isso realmente se confirmar, pode ser que outra "fofoca da moda" ganhe força: a de que Maria Grazia Chiuri siga para a Gucci. Esses movimentos fazem parte de um intenso 'jogo de cadeiras' na moda de luxo, que está a todo vapor desde 2023. No entanto, não há previsão de nenhum anúncio a ser feito, e o futuro de Anderson é uma incógnita, mas pode estar amplamente motivado pelo grupo LVMH, que busca um novo impacto.

Modelo caminha em passarela usando vestido verde vibrante, simbolizando a Nova Era das Marcas na moda.
Foto: Gucci S/S 2025 (Reprodução/Vogue Runway)

Gucci e Sabato estão se acertando?

E falando sobre a Gucci: será que Sabato de Sarno está se acertando com a marca após as quedas nas vendas? A gestão de Sabato de Sarno começou sob grande expectativa após a era maximalista de Alessandro Michele, mas enfrentou crises nas vendas, com uma queda expressiva de 20% no primeiro semestre de 2024 — mesmo com uma coleção de estreia altamente comercial.

A mudança radical de estilo, de algo ousado e expressivo, com desfiles icônicos, para algo mais minimalista e sutil, com uma pegada de tendências atuais, deixou os seguidores e fãs da marca — ou de Alessandro — pouco impressionados. No entanto, após um cuidadoso reposicionamento da marca, como a introdução de peças com logotipos nuançados, a Gucci começou a mostrar sinais de recuperação, com aumento nas vendas, impulsionado pela introdução de novos acessórios e coleções mais comerciais. E aí, será que agora vai? Ou Maria Grazia vem aí para marcar mais uma nova era das marcas?

Desfile de moda com modelo vestindo terno cinza e adereço colorido na cabeça, refletindo a Nova Era das Marcas.
Foto: Moschino S/S 2025 (Reprodução/Vogue Runway)

Moschino x Adrian Appiolaza: será que vai?

A chegada de Adrian Appiolaza à Moschino, em janeiro de 2024, marca um novo capítulo para a marca, após a súbita morte de seu antecessor, Davide Renne, apenas dez dias após assumir o cargo. Com um histórico que inclui passagens por Loewe, Chloé e Miu Miu, Appiolaza traz uma experiência profunda para a grife, especialmente em inovação criativa e teatralidade, características que estão alinhadas com o DNA irreverente de Moschino que Jeremy Scott fez com maestria por dez anos.

Apesar de sua coleção de estreia na Moschino ter gerado um mix de emoções entre os admiradores da marca, o futuro parece ser positivo. Sob o comando da Aeffe, um grupo relativamente menor quando comparado à gigante LVMH, por exemplo, Appiolaza pode enfrentar uma gestão mais cuidadosa de recursos, mas que, por outro lado, pode ser ótima para servir como um incentivo à inovação criativa.

Modelo desfila com terno azul marinho, camisa branca de gola alta e joias. Representa a Nova Era das Marcas.
Foto: Alexander McQueen S/S 2025 (Reprodução/Vogue Runway)

E o Seán McGirr na McQueen?

Seán McGirr foi nomeado diretor criativo da Alexander McQueen em 2023, sucedendo Sarah Burton, que havia dirigido a marca por 13 anos após a morte de Lee Alexander McQueen. Substituir Burton, que agora vai para a Givenchy, é um trabalho audacioso e complexo. A escolha de McGirr, ex-chefe de ready-to-wear da JW Anderson, gerou expectativas e curiosidade na indústria, equilibrando o desejo de manter o legado dramático de McQueen com um olhar mais contemporâneo para a casa.

A segunda coleção de McGirr foi melhor recebida, mas ainda caminha a passos mais lentos. Com o DNA rebelde e avant-garde da McQueen, ele também mesclou a praticidade com o moderno, mostrando que essa nova era pode trazer frescor para o futuro, mantendo a tradição da marca — mas isso apenas o tempo e a paciência dirão, e convenhamos que o mercado da moda tem paciência para pouquíssimos. 

Desfile de moda com modelo usando blazer azul vibrante e bolsa, representando a Nova Era das Marcas.
Foto: Givenchy S/S 2024 (Reprodução/Vogue Runway)

Sarah Burton na Givenchy!

A chegada de Sarah Burton à Givenchy marca um novo capítulo significativo para a maison francesa. A expectativa, depois que Matthew Williams, que esteve à frente da marca desde 2020, não atendeu profundamente aos desejos do mercado, é de que Burton traga uma nova geração de consumidores com uma abordagem emocional e artística, sem perder a herança da grife.

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