Para falar dos benefícios da terapia, preciso sair do meu lugar de psicóloga e contar um pouco do meu lugar de paciente. Acho que já temos essa intimidade.
Movida pela curiosidade de uma estudante, lembro-me muito bem de estar pela primeira vez em um consultório de psicologia, sentar na poltrona da sala de espera e pensar: "O que eu vou falar durante cinquenta minutos?". Nesse dia, falei por uma hora sem parar, nem imaginava que tinha tanto para falar, tantas questões para abordar.
E assim, descobri que sou uma infinidade de sentimentos, pensamentos e comportamentos. Em meio a tantos compromissos, transformei as 14h de toda segunda-feira no horário de me ouvir, refletir e pensar comigo mesma.
Na psicoterapia, aprendi que a vida não era uma corrida contra mim mesma e que o tempo presente era mais precioso do que eu imaginava. Aprendi a lidar com frustrações, expectativas, limites e, principalmente, aprendi a me escutar. A terapia me fez ter coragem de romper amarras com as convicções imutáveis que criei sobre o mundo ao longo dos anos vividos.
Anos depois, no meu último ano de faculdade, vi-me no lado oposto: recebendo alguém que, muito provavelmente, também não sabia o que falar e falou a sessão inteira. E foi em uma quarta-feira às 20h que decidi que ser psicóloga clínica seria minha profissão para o resto da vida. E nisso já se passaram cinco anos.
Se você buscar na internet quais são os benefícios de fazer terapia, vai encontrar que reduz o estresse, diminui a ansiedade, é um tratamento eficaz para depressão, transtorno do pânico, fobias, transtornos alimentares, transtornos de personalidade e, principalmente, que aumenta a qualidade de vida. Tudo isso é verdade; temos muitas evidências científicas de que a psicoterapia é indispensável para diversos quadros de psicopatologias.
O que faz a psicoterapia ser tão eficaz, tanto para quem lida com psicopatologias quanto para quem lida com o cotidiano, é simples: quando aprendemos a identificar nossos sentimentos, lidar com nossos pensamentos e lapidar nossos comportamentos, a vida se torna mais simples, mesmo em sua complexidade.
Veja, não estou dizendo que a psicoterapia fará com que você seja feliz cem por cento do tempo, mas quero dizer que você vai aprender a importância de sentir tristeza e adquirir repertório para que essa tristeza não se espalhe por toda a sua vida. Você não irá esquecer eventos traumáticos e talvez nem ressignificá-los, a depender de sua gravidade, mas vai aprender qual é a sua melhor forma de lidar com tais eventos.
E esse é o maior benefício da psicoterapia: tornar-se uma versão melhor de si a cada dia. Ou, como eu digo para os meus pacientes, viver pequenos progressos constantes.
Este conteúdo foi escrito por mim, Victoria Grassi. Psicóloga (CRP 08/30210), especialista em psicologia clínica e Terapia Cognitivo Comportamental. Doutora e Mestre em Tecnologia em Saúde pela PUCPR. Apaixonada por gatos, café moído na hora e pela biblioteca que tem em casa.