Tem vezes que a gente se bagunça. Na verdade, eu ia começar esse texto dizendo que existem pessoas ou situações que nos bagunçam, mas aí, a auto responsabilidade falou mais alto e disse: mas quem se coloca nessas situações e/ou relações, é você — assuma seu caos”.
Dentro de mim moram alguns “personagens”. Alguns personificam essas “vozes” como alter ego, arquétipos ou até o “anjinho e o diabinho” — já eu, chamo-as de Maria Alice e Maria Eugênia. Loucura? Talvez, mas para mim funciona.

Quando meus pensamentos começam a ser muito duros ou traiçoeiros, guiados pelo meu ego e mascarados de autoproteção, digo que é Maria Eugênia falando comigo. Nem sempre consigo identificá-la, até porque ela faz parte de mim, mas quando percebo esse padrão que me faz entrar em ciclos de pensamentos negativos, faço o exercício de me distanciar e dizer: “Maria Eugênia, obrigada pela preocupação, mas não preciso de você nesse momento”.
Já Maria Alice é doce, amorosa, cuidadosa… Maria Alice tem jeitinho de vó, colo quentinho, sabe exatamente o que eu preciso. Tem dias que preciso acionar Maria Alice para cuidar de mim.
E no meio dessas duas, têm eu: Fernanda.
Eu que na minha mais pura humanidade falho, tropeço, me perco e me cobro. Me cobro tanto para viver minha potência máxima, que às vezes me bagunço.
Essa bagunça acontece quando me desvio dos meus valores, me atropelo em prol do meu ego, tento me preencher com coisas superficiais que funcionam como a tentativa de tapar o sol com uma peneira — completamente inútil.
Maria Eugenia adora a minha bagunça. Nela ela ganha força, sua voz fica mais alta e eu sei que se eu seguir seus conselhos, tudo vai ficar mais confuso ainda. Chega então a hora de acionar Maria Alice. Chamo-a como chamaria um colo materno. “Me ajuda?” — eu digo. Maria Alice me faz sentar no chão, acender uma vela no meu altar, rezar, resgatar meus rituais, comer bem, ficar quieta, repousar, voltar para mim — e então reencontrar Fernanda.
Não sou de escrever textos em primeira pessoa, vocês sabem, mas senti que precisava compartilhar um pouco da minha bagunça para caso você já tenha se sentido assim também.
Toda bagunça passa, mas requer esforço e movimento para isso.
Seria bom demais se tivéssemos poderes como Mary Poppins que num estalar de dedos tudo volta para o lugar exato — mas na vida não é assim. Temos que recuperar forças, dobrar nossos panos emocionais, lavar aquilo que ficou manchado, limpar os cantos escuros, chacoalhar a poeira e ir de pouquinho em pouquinho organizando tudo de volta. Vale lembrar que quanto mais bagunça acumulada, mais difícil e trabalhoso fica de organizar, então comece logo.
Você não nasceu para viver bagunçada, portanto, chame sua Maria Alice, peça ajuda para se reerguer, silencie Maria Eugênia e resgate sua versão mais completa de si mesma — só ela vai te fazer genuinamente feliz.
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