Dia do Hip Hop: como o movimento se tornou uma das maiores influências na moda
A moda pode identificar grupos e diferenciar pessoas, e se conecta historicamente a outras expressões culturais - como a música, para representar os sentimentos e reflexões de uma época. A conexão entre o hip hop e a moda tem um intrigante e relevante histórico desde as suas primeiras manifestações.
Hoje, no Dia Mundial do Hip hop — e ano em que o mesmo completa 50 anos —, destacamos aqui algumas das contribuições da cultura que emergiu das ruas e hoje exerce grande influência na moda ao redor do mundo.
o início de tudo nos 70's
1970. O cenário era de crise política, econômica e social, e em regiões predominantemente habitadas por afro-americanos e outros descendentes de imigrantes, a vestimenta já desempenhava um papel importante. Entre elas, se destacavam as gangues de diferentes bairros, que usavam jaquetas jeans personalizadas com o nome do grupo e acessórios específicos para se diferenciar de seus "rivais".
Em meio a um processo de marginalização, esses jovens passaram a se reunir para celebrar cultura, comunidade e um novo gênero musical em ascensão.
No verão de 1973, eram organizadas festas de rua conhecidas como "block parties", que dominavam o distrito do Bronx, bairro da periferia de Nova York. Acredita-se que o que conhecemos hoje como hip hop começou a partir de uma block party idealizada pelo DJ Kool Herc e sua irmã Cindy Campbell.
A partir dessas ocasiões, nascem as primeiras manifestações da cultura, que rapidamente se expandem nas comunidades dos EUA nos anos seguintes. A Cultura Hip Hop se baseia em quatro elementos, ou manifestações artísticas distintas que funcionam como pilares. São eles o DJ, MC, Breaking e o Grafite. Com a popularização desses elementos, amplia-se também sua influência na moda, eternizando peças e marcas que contam histórias e representam um estilo de vida. Um manifesto.
as primeiras estrelas nos 80's
Hoje pode até parecer difícil imaginar, mas nem sempre os rappers foram as grandes estrelas do hip hop. Bem antes das rimas, vieram as batidas.
Ainda nos primeiros anos da cultura, os DJs desempenhavam um papel central e se tornaram ícones do movimento. Eles foram responsáveis por criar as bases musicais do hip hop, a partir de suas habilidades e técnicas de mixagem e manipulação das músicas. Isso foi essencial para a criação e evolução da cultura e que se manifestava e era consumida predominantemente em festas. Era necessário se vestir a altura da ocasião.
E se tem festa, não pode faltar dança. Os dançarinos que mostravam maior habilidade em criar e executar movimentos na música - repleta de 'breaks' nos 'beats', passaram a ser chamados de b-boys e b-girls, ou seja, os garotos e garotas que dançavam o breaking.
Na virada dos anos 70 para os anos 80, grupos como Furious Five, de DJ Grandmaster Flash, e o Soulsonic Force de Afrika Bambaataa, adotaram um visual ainda com certa inspiração na disco music - sucesso da moda e música de massa na época, com roupas coloridas e brilhantes, casacos de pelo e calças justas.
Bambaataa desempenhou um papel fundamental ao nomear a cultura hip hop e ao estabelecer seus pilares. Ao lado do seu grupo ficou conhecido, nessa fase, pelo estilo ousado na época, incorporando elementos futuristas e cores vibrantes. Essa abordagem do figurino, repleta de acessórios, cores e ornamentos - parte fundamental da performance no palco - tinha um objetivo principal: se destacar.
Nesse contexto, à medida que a cultura avançava, mais festas foram surgindo, e rapidamente o breaking se popularizou. A partir disso, a dança dominou grande parte da moda hip hop, que passou a refletir basicamente as roupas que você normalmente encontraria em um jovem no Bronx.
Jaquetas bomber, conjuntos esportivos, tênis com cadarços mais grossos (ou até sem cadarços) eram alguns dos principais elementos.
Um dos grupos mais importantes e amplamente conhecidos por estabelecer o look "street" característico desse momento foi o Run-DMC. Eles deram origem a um novo e empolgante estilo de rua exclusivo da cena hip hop de Nova York.
O Run-DMC teve um enorme impacto no desenvolvimento da cultura nos anos 80, estabelecendo uma espécie de "ponte" entre a velha escola e a era mais moderna do hip hop. Seus agasalhos esportivos da Adidas e tênis com biqueira sem cadarços tornaram-se um uniforme característico e não apenas foi inspirado no estilo dos b-boys e b-girls, mas também o inspirou.
Ao adotar e popularizar esse visual nas ruas, o grupo deixava claro que o hip hop estava se transformando, e passava a não mais se identificar com os looks extravagantes e glamorosos do início. A preferência era por um visual mais esportivo, permitindo mais mobilidade (embora ainda chamativo).
os rappers ganham espaço e ditam tendências
O hip hop seguiu evoluindo, e os MCs conquistaram papel de destaque na cultura e na mídia, passando de intervenções improvisadas nas festas, para criadores de versos mais elaborados. De Coke La Rock rimando na block party de Kool Herc no começo da década de 70 - consagrando-se o primeiro MC da história - passando por Sugarhill Gang, primeiro grupo de rap a gravar um disco na história do gênero, já por volta de 1979, foram muitas transformações.
Vimos a ascensão de uma das pioneiras - Sharon Green, conhecida como Sha-Rock. Sua presença no hip hop abriu caminhos e contribuiu para a diversidade e evolução no gênero. Ela ganhou destaque na época como integrante do grupo Funky 4+1, sendo a primeira mulher a se apresentar como MC em shows ao vivo e em gravações.
O Run-DMC, citado aqui como um dos primeiros a impactar a moda hip hop, também foi pioneiro em diversos outros aspectos. O grupo foi o primeiro do gênero a conquistar um disco de ouro, a ter seus vídeos exibidos na MTV, e a estampar a capa da revista Rolling Stone.
Eles foram também o primeiro grupo musical de qualquer gênero a ter uma parceria com uma grande marca esportiva, a Adidas. Em 1986, ao expressar seu amor pela marca em sua música "My Adidas", fortaleceu um ritual, em que os fãs eram convocados a erguer seus modelos durante a performance. O sucesso da música eventualmente levou a um acordo de endosso formal entre a Adidas e o Run-DMC.
Esse acordo - retomado por volta de 2013, gerou um vínculo duradouro entre a cultura hip hop e o mundo dos esportes, abrindo o caminho para futuras colaborações entre artistas de hip hop e grandes marcas, que hoje fazem parte do nosso cotidiano.
Com o crescimento do consumo do gênero, os MCs se tornaram protagonistas nas gravações e nas apresentações ao vivo. A evolução da presença de palco e habilidades líricas gradativamente trouxeram os MCs para o protagonismo no palco e na cultura.
Aqui vemos a moda hip hop ser dominada por marcas como Puma, Chuck Taylors e Pro-Keds.
A ascensão de mulheres como Roxanne Shanté e Queen Latifah nessa fase, trouxe no estilo a predominância do uso do oversized no hip hop, tornando peças baggy um elemento marcante.
A ideia era evidenciar que também era "cool" para as mulheres usarem camisetas largas, jeans folgados, jaquetas amplas e bonés. Esse visual descontraído e casual ganhou popularidade, definindo uma estética influente na cultura na época.
Nesse momento dos anos 80, a cultura hip hop amplia sua influência indo além do sportswear e começando a dialogar com escolas de alta costura, mesmo que de forma "marginal". E aqui surge um personagem central da história, o designer do Harlem, conhecido hoje por revolucionar a moda hip hop na época: Dapper Dan.
Nos anos 80, o estilista Dapper Dan ganhou reconhecimento por suas criações de itens e conjuntos, feitos de peças já prontas, usando logos de marcas de luxo como Louis Vuitton, Gucci e Fendi, mesmo sem autorização. Com isso, a combinação de logos e silhuetas da alta costura com roupas urbanas, criou-se uma fusão característica do estilo negro no berço da cultura. A logomania logo viraria uma febre.
Dan rapidamente se conectou com diversas figuras notáveis da época, como LL Cool, um de seus primeiros e mais fiéis clientes na cena. Dos chapéus Kangol até as correntes 'dookie', tudo sobre esse estilo se tornou sonho de consumo. O uso do Kangol por Wesley Snipes em "New Jack City" e por Samuel L. Jackson em filmes como "Pulp Fiction" também ajudou a marca a alcançar destaque na cultura pop na época, e seu espaço no coração da moda hip hop.
Nesse contexto, a logomania torna-se popular principalmente por representar um avanço na escala econômica, tornando-se assim um almejado símbolo de sucesso, o "american dream". As grandes marcas passam a ser usadas com mais frequência como ferramentas capazes de atribuir poder e status no hip hop.
Os 80’s trouxeram uma diversidade de estilos na moda hip hop, onde vários itens como loafers Clarks e os óculos Cazal, já faziam parte do guarda-roupas da juventude em diferentes bairros. Foi uma época de muita experimentação e expressão criativa na moda da cena.
A fusão do estilo negro de Nova York com marcas de luxo por Dapper Dan, embora tenha lhe causado problemas legais nos anos 90, ainda é considerada genial hoje, até mesmo pelas mesmas casas que antes achavam suas produções uma ameaça.
Isso foi reforçado após a coleção Gucci-Dapper Dan, oficialmente endossada pela Gucci, ser lançada em 2018. Dan reconheceu que a alta moda tinha apelo até mesmo nas periferias, em regiões como Bronx, Harlem e Queens. Ele foi o primeiro designer a ousar colocar o logo da Louis Vuitton em itens como bonés em vez de bolsas, por exemplo, o que atraiu muitos clientes que desejavam o selo de alta moda em peças mais representativas de seu vestuário cotidiano.
É também nesse momento que o hip hop passa a abraçar o Afrocentrismo. Diversos artistas da época, como o grupo Salt-N-Pepa e o coletivo Native Tongues, celebraram sua herança africana, revisitando movimentos nacionalistas negros, como o Partido dos Panteras Negras, e incorporando-os em sua estética.
Uniformes paramilitares se misturaram com as cores amarelo, vermelho, preto e verde, e até mesmo as joias ganharam outro significado, como os brincos de argola de ouro, marcas registradas das integrantes do Salt-N-Pepa, por exemplo.
As marcas Polo Ralph Lauren e Tommy Hilfiger perceberam nessa fase uma oportunidade de pegar carona na onda de publicidade gratuita sem necessidade de endossos. Com esta última chegando até a distribuir itens gratuitamente em bairros de baixa renda em Nova York.
Em pouco tempo essas marcas estavam vestindo uma grande parcela da cena em ascensão. De Raekwon até TLC, de Snoop Dogg a Aaliyah, o rap foi sendo incluído em grandes campanhas publicitárias, convidado para desfilar nas passarelas de linhas como a Tommy Jeans, frente esportiva da marca.
"Quando [os músicos] estavam usando as roupas, todos os seus fãs começaram a usar.", afirmou Tommy Hilfiger em entrevista recente para o WWD (Women’s Wear Daily).
"Nós vestimos Snoop Dogg para o 'SNL' e todos queriam aquela camisa - (...) atletas, surfistas, skatistas, roqueiros, todos os tipos diferentes de pessoas. A cultura estava se tornando muito relevante e presente (...). Eu diria que éramos uma das principais marcas de escolha, e isso foi quando muitas lojas de departamento nos diziam que não deveríamos ter logotipos e que não deveríamos fazer roupas largas. Eles estavam resistindo, mas a rua estava nos dizendo que essa era a tendência do futuro, e estávamos ouvindo os consumidores." - completa Tommy.
Vestir uma marca como a Polo Ralph Lauren também era fundamentalmente aspiracional, uma outra versão do "Sonho Americano". No prefácio de seu livro, o famoso jornalista de hip hop Bönz Malone descreve esse movimento como "(...) um grupo que ‘tomou de assalto’ as peças porque a sociedade lhes dizia que eles não podiam se dar ao luxo do Sonho Americano. E eles optaram por não ouvir. Desafiaram o classismo ao vestirem Polo, pegando algo que não era destinado a eles e tornando deles".
É importante destacar que a dificuldade que Dan e diversos outros estilistas independentes encontraram de fazer negócios com a América corporativa ainda era um produto do estigma associado ao hip hop.
Em primeiro lugar, aqueles que estavam fora da cultura viam certos elementos como uma moda passageira, e em segundo lugar, o estilo urbano era considerado, em grande parte, como roupas de gangues, refletindo uma sociedade evidentemente segregada.
a golden era dos anos 90
No início dos anos 90, o hip hop já era praticamente um fenômeno mainstream, e seu impacto na moda desempenhou um papel importante nesse processo.
Com todo o sucesso pavimentado ao longo dos anos, naturalmente ainda havia forte influência da moda do final dos anos 80. Isso gradualmente evoluiu e criou novas tendências, a partir da conexão com elementos da cultura pop e de outros gêneros - muito ligada à presença do hip hop na televisão, especialmente a MTV.
Artistas como MC Hammer e Vanilla Ice, por exemplo, trouxeram o rap para um público mais amplo. Com seus estilos de moda marcantes e as coreografias, eles ajudaram a expandir o alcance da música, preparando o terreno para sua ascensão ao longo da década de 90.
Apesar das diversas críticas, a ousadia desses artistas se expressava através da vestimenta. Com looks incluindo calças largas e coloridas, jaquetas volumosas e acessórios extravagantes, com direito a muito brilho e cintilância.
Grupos de R&B como Boyz II Men também deixaram sua marca, a partir de sua estética preppy na moda hip hop no início da década, caracterizada por visuais mais polidos, semelhantes aos uniformes escolares.
No auge de sua carreira, os integrantes ficaram conhecidos por usar chapéus/bonés e peças combinando em quase todos os looks. Essa espécie de assinatura visual foi ideia de Michael Bivins, ex-membro do New Edition e Bell Biv DeVoe, que viu a oportunidade de destacar o grupo com um visual único, que até hoje vêm sendo redescoberto por marcas em brechós e lojas vintage.
Além de sua influência na moda, esses grupos também contribuíram na estética musical, incorporando harmonias vocais suaves e baladas românticas, adicionando uma dimensão mais sofisticada ao hip hop. Essa fusão de estilos permitiu que ambos os gêneros se beneficiassem da popularidade um do outro e desempenhou um papel importante na evolução da música urbana contemporânea.
Os logotipos e designs mais ousados mantêm-se por bastante tempo como elementos essenciais da estética hip hop. Estilistas como Tommy Hilfiger, Ralph Lauren e Marc Jacobs mantiveram papéis importantes na moda hip hop dessa época, colaborando com artistas e consagrando peças icônicas.
Muitas referências diversificaram-se na virada da década, ao mesmo passo que o próprio rap como gênero musical, rapidamente conquistava o mundo.
Com a popularização do gangsta rap, graças a grupos da costa oeste dos Estados Unidos como o NWA, as bandanas passaram a ser um importantes símbolos. Em especial a partir das cores das gangues de Los Angeles (azul, associado à gangue Crips, e o vermelho, associado aos Bloods). Momento que também se refletiu nas letras, com várias referências ao contexto de violência das ruas, ainda muito presente no cotidiano da população negra nessa época.
Além da bandana, outros itens ganharam enorme destaque no estilo hip hop na época, como as camisas de flanela. Elementos trazidos pelo grunge e pela cena alternativa, que se tornaram uma parte essencial do guarda-roupa de muitos rappers nos anos 90 e extrapolaram as barreiras da cultura. Possivelmente você vai lembrar do rapper Ice Cube com suas camisas xadrez no filme Friday.
Da mesma forma, as botas Timberland também ganharam os pés dos rappers nessa fase, especialmente na costa leste. Originalmente projetadas como calçados resistentes para atividades ao ar livre e trabalhos pesados, as botas ganharam popularidade por transmitir autenticidade, o que ressoou profundamente na cultura. Com a parte superior de couro nubuck e a sola robusta, elas eram usadas não apenas por sua durabilidade, mas também por seu estilo icônico.
A estética conhecida como "ghetto fabulous" - popularizada também durante os 90’s, foi um marco na moda hip hop da época. Inspirado no estilo dos gângsteres da velha guarda, como Al Capone, se traduziu em roupas mais elegantes como ternos de grife e acessórios mais extravagantes. Entre eles os chapéus fedora e bowler, muitas jóias e até mesmo sapatos de pele de jacaré. Elegância pura!
Notorious B.I.G., um dos grandes nomes do gênero, trouxe diversas contribuições para o hip hop, além das letras. Na moda, além de acompanhar algumas das estéticas citadas aqui, um elemento marcante em seu estilo vem da marca australiana Coogi. Depois de ser abraçada pelo artista, em pouco tempo, as ruas foram inundadas com os suéteres vibrantes da marca.
Diversos artistas passaram a mencionar ainda mais marcas de luxo como Versace, Prada e DKNY em suas letras, marcando uma duradoura obsessão do hip hop pela alta costura. Apesar dessa paixão, a cultura ainda mantinha seu status de outsider no mundo da fashion em grande parte até aquele momento.
Essa fase foi definida por muitos como "show me what you got" (mostre o que você tem), com diversas tendências que impactaram também a moda feminina.
Enquanto figuras como Lisa ‘Left Eye’ Lopez, Aaliyah e Lauryn Hill seguiram com o equilíbrio entre as peças mais largas, como as calças e macacões jeans com tops mais justos ou camisetas, vemos artistas como Lil Kim, Eve e Foxy Brown partirem para um estilo mais revelador e sexy. Esse momento também se refletiu em uma diversificação importante até na forma de se posicionar nas letras e nas performances.
Você que hoje é fã dos looks de divas como Nicki Minaj e Cardi B, pode não imaginar que, nos anos 90, Lil Kim se tornou um ícone, usando seus collants curtos, muitas cores, peças com pelos, brilho e botas altas de pele de cobra.
Foxy Brown também ousou com um estilo semelhante, mas com tons neutros. A rapper foi musa de John Galliano e Calvin Klein nos anos 90. Com sua confiança, letras provocativas e um estilo R&B elegante, também contribuiu para quebrar barreiras em um cenário dominado por homens.
Em meados dos anos 90, a cena também começou a se inclinar para um visual mais descontraído e urbano, popularizado por nomes como Tupac Shakur (que também abusou da estética ghetto fabulous) e grupos como Wu-Tang Clan, apostando nos jeans largos, bonés de aba reta e camisetas de times esportivos, que até hoje marcam o estilo urbano.
Essa fase evidencia a vestimenta como uma parte essencial da cultura hip hop, com várias marcas icônicas como FUBU, Karl Kani e Cross Colours influenciando diretamente ao caminhar ao lado do sucesso dos artistas.
O designer do Brooklyn, Karl Kani, por exemplo, rapidamente ganhou destaque na cena hip hop por criar um streetwear mais casual, com peças que refletiam diretamente a cultura. Diversos rappers, que já acumulavam uma legião de fãs em todo o mundo, eram frequentemente vistos usando suas peças. Kani ajudou a definir o visual urbano da época e se consagrou um dos maiores estilistas da moda hip hop da época.
Ainda nos anos 90, a FUBU ("For Us, By Us", traduzida como "Para Nós, Por Nós"), também alcançou grande sucesso e se tornou um símbolo do orgulho afro-americano, atraindo compradores de grandes varejistas como a Macy's e outros. No entanto, como era de se imaginar, a FUBU também enfrentou concorrência significativa na indústria de streetwear, com designers como Karl Kani e Dapper Dan estabelecendo seus próprios caminhos na moda.
Nesse contexto, não podemos deixar de citar a Cross Colours, uma das primeiras grandes marcas na cena de proprietários negros. A marca surgiu quando seu fundador Carl Jones se deparou com a tendência jovem das calças jeans quase cinco tamanhos maiores do que o necessário.
Durante essa visita à Nova York vindo da Califórnia, Carl percebeu que poderia atender a essa demanda por jeans largos de uma outra maneira - melhorando o caimento. Ele começou a produzir peças oversized com cinturas menores para que os clientes pudessem dispensar os cintos grandes, adicionando jaquetas, suéteres e outros acessórios ao estilo hip hop, com muita personalidade e - claro, as cores vibrantes.
Não demorou muito para que a Cross Colours estivesse no hip hop, nos esportes e até na TV, com seus figurinos impossíveis de ignorar na tela, marcando séries negras icônicas como "Fresh Prince of Bel-Air" (Um Maluco no Pedaço) e "In Living Color".
Quando a Nike patrocina a estrela da NBA, Michael Jordan, ainda nos anos 80, isso influenciou toda a comunidade negra nos Estados Unidos. Foram abertas as portas para colaborações de celebridades com linhas de roupas esportivas - iniciada lá atrás com Adidas e Run-DMC. E é nessa fase que a concorrente Nike deixa a Adidas para trás com a febre no uso dos tênis Air Jordans - itens de grande popularidade no mundo sneakerhead até hoje.
Jaquetas e bonés da Starter, marca que tinha parcerias com times esportivos profissionais, também ganharam as ruas e os palcos. Muitos elementos, como as camisetas jerseys (versão americana das famosas e polêmicas camisas de time no Brasil) e moletons da Starter também conquistaram espaço e se mantiveram firmes na cultura até o começo dos anos 2000.
No final da década houve uma transição para um estilo mais minimalista, quando comparamos com tudo já visto dos anos 70 até então. Artistas de grande influência na época adotaram peças bem cortadas e jóias mais sutis.
2000's: o mainstream
Esta tendência de uma moda hip hop mais polida teve impacto direto na virada para os anos 2000. À medida que a cultura se tornava cada vez mais mainstream, os rappers passaram a desempenhar papéis ainda mais proeminentes na moda, como vemos hoje. A influência das marcas de luxo se tornou ainda maior, moldando o visual da próxima geração de artistas.
o início da década 2010's
A virada dos anos 90 para os 2000 foi um período de transição significativa para o hip hop, com a evolução da sua estética e o patamar de amplo reconhecimento no país.
O gênero musical, que havia emergido nas ruas de Nova York nas décadas anteriores, começou a influenciar não apenas a música, mas também a cultura, a moda e o estilo de vida das pessoas.
Muitos artistas e executivos do hip hop lançaram suas próprias linhas de roupas ainda nos anos 90, capitalizando sua influência e estilo pessoal. Alguns dos mais bem-sucedidos foram Jay-Z e a Roc-A-Wear da Roc-A-Fella, P. Diddy e a Sean John, e Russell Simmons com a Phat Farm.
A linha de roupas de P. Diddy, a Sean John, destacou-se por ser mais sofisticada, mas referenciando diretamente o ghetto fabolous tão icônico dos anos 90. Em 2004, o Council of Fashion Designers of America (CFDA) concedeu a Sean John o prêmio de Designer de Moda Masculina. Sean Combs (nome de batismo do rapper e fundador) foi o primeiro afro-americano a receber essa prestigiosa honra.
Outros artistas acabaram por criar suas próprias marcas, como a State Property de Beanie Siegel, a marca de roupas do Outkast, a Vokal de Nelly e a G-Unit de 50 Cent. No entanto, o sucesso inicial de marcas dos próprios rappers foi seguido por um aumento massivo na competição.
O mercado ficou saturado com uma infinidade de marcas e designs, tornando difícil para os consumidores escolherem entre tantas opções. Além disso, com as tendências mudando rapidamente, criou-se um desafio adicional para as marcas da própria cena hip hop que tentavam manter sua relevância e atrair consumidores. Como resultado, muitas dessas tiveram dificuldade em sustentar seu sucesso inicial e abriram espaço para outras marcas e tendências.
Ao mesmo tempo que o hip hop continuou a prosperar, as roupas folgadas usadas pelos artistas das décadas de 80 e 90 voltaram com força total e se tornaram ainda mais amplas, incluindo camisetas brancas extragrandes, jeans e cintos largos.
O visual de jeans com jeans e camisetas retrô prestaram homenagem ao clássico estilo dos b-boys e b-girls das duas décadas anteriores, enquanto as calças camufladas largas remetiam ao estilo trazido por grupos como o Public Enemy. Faixas, bandanas, durags, trucker hats e snapbacks ainda dominavam a moda dos acessórios de cabeça.
Apesar das mudanças, nos primeiros anos dos 2000s, a moda hip hop estava em todos os lugares. O estilo preppy retomando na primeira fase da carreira de Kanye West se destacou no início, mas foi apenas nos anos posteriores da década que o hip hop ganhou uma importante marca, com o próprio Ye abrindo diversos caminhos.
Não poderíamos deixar de citar nesse momento um dos elementos de grande destaque no estilo hip hop, e não foram peças de roupa, e sim as tatuagens. Não apenas uma tatuagem, elas começaram a cobrir o corpo inteiro. Artistas que hoje conhecemos como super-estrelas, na época, começavam a pavimentar seu caminho ao estrelato - como Lil Wayne, e trouxeram consigo diversas tatuagens e os grillz.
Com as tatuagens ganhando destaque, a moda da cena segue uma fase despojada e repleta de peças esportivas como bonés de beisebol, moletons, jaquetas de couro e calças largas. Muitos passaram a performar sem camiseta, evidenciando suas tatuagens. Outros hitmakers dessa fase, como Soulja Boy e Gucci Mane, trouxeram as tatuagens como marcas importantes, em um movimento que nunca mais deixaria completamente a cultura.
É ainda no começo da década que o artista Pharrell Williams estabelece uma conexão com Nigo, um ícone japonês do streetwear e fundador da marca Bape (atual diretor criativo da Kenzo). Eles iniciaram uma amizade de duas décadas e uma série de colaborações de grande impacto na moda hip hop da época. Os dois amigos fundaram juntos a Billionaire Boys Club (BBC) - uma marca de streetwear extremamente bem-sucedida que continua vendendo em todo o mundo até os dias de hoje.
A estreia da BBC ocorreu em 2003 no videoclipe de Pharrell Williams para a música "Frontin" com participação de Jay Z - considerado um dos videoclipes mais importantes da moda masculina e seu primeiro grande sucesso solo - servindo como modelo por muitos anos. Virgil Abloh, posteriormente, fez referência a esse videoclipe em sua exposição "Figures of Speech", tornando esse um momento de grande relevância quando falamos sobre o impacto do hip hop na moda.
Nessa fase o Nike Air Force 1 volta à cena sneaker, e em 2005 a Nike inicia uma colaboração com Kanye West lançando o Air Max 180, culminando posteriormente também no lançamento do Air Yeezy 1, em 2009.
Um dos pontos mais notáveis na moda hip hop foi a influência de Kanye, que marcou a época com sua famosa camiseta Polo rosa em 2004, desafiando as noções de masculinidade no hip hop. O rapper incentivou outros artistas e produtores a explorar uma ampla variedade de estilos e quebrou as antigas convenções sobre o que um rapper deveria vestir.
Os fãs devem lembrar do famoso verso na faixa "I love Kanye" em que o artista destaca o caráter memorável da peça na sua carreira na época dizendo: "I even had the pink polo, I thought I was Kanye" (Eu até tinha a polo rosa, eu achava que era o Kanye).
Na moda feminina, Trina trouxe o calor de Miami para o jogo com vestidos justos e tops decotados, combinados com conjuntos coloridos e estampados. Remy Ma trouxe o Bronx, combinando sensualidade com estilo urbano, usando tops de alcinha coloridos e jeans de grife.
A artista Missy Elliott também se destaca nessa fase, não apenas por sua música inovadora - quebrando diversas barreiras dentro do gênero, mas também por sua abordagem ousada e única na moda.
Missy desafiou muitos padrões com seus clipes icônicos, usando figurinos extravagantes e futuristas, sempre "segurando" muito bem os looks. Ela se tornou uma verdadeira ícone da moda, inspirando uma geração de jovens - fãs que viriam a se tornar artistas e a experimentar se expressar por meio da moda.
Além dela, diversas outras MCs foram responsáveis por mudanças radicais na estética da música e da moda hip-hop, algumas delas abandonando as peças largas e abraçando de vez as grifes em looks cada vez mais justos e coloridos.
Nessa fase o hip hop já movimentava números surpreendentes ao redor do mundo, por isso os investimentos apontados para a cena só aumentavam, o que fez seus membros celebrarem suas conquistas à sua maneira. Foi o auge de uma era "I'm Rich Bitch".
Quando Nicki tornou-se a primeira-dama da Young Money Entertainment - assinando com o rapper Lil Wayne em 2009, introduziu um estilo próprio e muito influente na moda hip hop. A artista trouxe consigo um visual ímpar que combinava perfeitamente com a estética de seus primeiros sucessos. Com direito a perucas coloridas, peças vibrantes que emanavam sensualidade, além da maquiagem sempre marcante - muitas vezes em tons neon, estética que lembrava em grande medida o que tornou Lil Kim tão importante nos anos 90.
O caráter cíclico na moda e as transições dentro do hip hop podem ser facilmente exemplificadas por artistas como Lil Wayne, indo de peças mais largas no início da década para cortes mais justos e muitas cores com o passar dos anos. Esse movimento também foi seguido por outros artistas, como Wiz Khalifa, que adotaram - além das tattoos em todo o corpo, o estilo das calças mais justas.
No entanto, as calças mais largas nunca desapareceram totalmente no hip hop, e voltariam a se fortalecer mais tarde. Essa mudança na moda refletiu também em transformações na música rap, como novas parcerias, elementos e temáticas invadindo o gênero. Muitos desses artistas estavam experimentando com outros gêneros e criando subgêneros.
Essa fase viu, nos anos posteriores, a ascensão de ícones de estilo como Kid Cudi, conhecido por seu estilo excêntrico, e Andre 3000, do OutKast, cujo estilo eclético e grande habilidade nas letras influenciaram uma maior experimentação na cultura. Referenciando as palavras que o rapper de Atlanta utilizou em 1995 no Source Awards, naquela fase "o sul tinha [também] algo a dizer" ("The south got something to say"), na moda e na música hip hop.
E o sul, de fato, renderia muitos frutos na música e na estética geral do hip hop. Dentre todos os subgêneros do hip hop, o trap continua sendo, sem dúvida, um dos sons mais populares e difundidos.
Ele teve início como uma ramificação do gangsta rap no início dos 90's, com o surgimento de artistas do Sul como UGK e Three 6 Mafia, mas pioneiros como Young Jeezy, Gucci Mane e T.I. elevaram esse som, antes de nicho, ao mainstream. Em 2003, após o lançamento do álbum Trap Muzik do rapper T.I., vemos o subgênero ganhar raízes em Atlanta, refletindo de forma mais fiel a cultura de rua da cidade. O estilo desses artistas incluía muitas vezes peças oversized, frequentemente acompanhadas de bonés e acessórios chamativos, como correntes de ouro, relógios brilhantes e os famosos grillz.
Kanye West surge aqui mais uma vez com pioneirismo na conexão entre o hip hop e a moda, a partir do lançamento do tênis "Louis Vuitton Don" (conhecido como "Dons") em 2009. Essa colaboração foi notável porque, foi um dos primeiros momentos em que um rapper estava envolvido em um projeto tão grande com uma grande casa de moda de luxo. Os tênis da colaboração se tornaram instantaneamente populares e desencadearam um interesse renovado na interseção entre hip hop e moda de alta costura.
A partir daí, vimos surgir uma série de colaborações entre os artistas e marcas de moda, à medida que os rappers desempenhavam papéis mais influentes na definição das tendências.
2010 - Uma nova era
O renascimento do skatewear e a integração da alta moda na moda hip hop trouxeram uma série de mudanças significativas na estética e na atitude dos artistas.
No início dos anos 2010, o coletivo Odd Future liderado por Tyler, The Creator, ganha destaque na cena musical e de moda. Eles introduziram uma abordagem mais individualista e colorida à moda hip hop, desafiando as regras convencionais de vestuário. Com cortes, peças e cores ousadas, além de acessórios específicos, como os icônicos boné modelo 'five panel', óculos coloridos e estampas 'animal print'. Já que a moda e a música refletem seu tempo, já era de se esperar que esse momento de desconstrução chegaria.
Muitas grifes europeias, apesar de inacessíveis para muitos, entenderam o recado e direcionaram esforços específicos para atingir a comunidade urbana, impactando e sendo impactada pelas tendências e endosso do hip hop.
Nesse momento, A$AP Rocky - e toda a A$AP MOB, se consagram a partir das menções à marcas de alta moda em suas músicas, destacando essa integração e mostrando seu estilo pessoal. Embora grifes como Gucci, Yves Saint Laurent e Louis Vuitton já fossem citados com frequência, o grupo popularizou algumas outras que antes não tinham prévia associação com a cultura.
Com canções como "RAF", Praise The Lord (Da Shine) e "Excuse Me", Rocky contribuiu para levantar o prestígio de nomes como, Raf Simons, Rick Owens e Dior no cenário hip hop. Essas referências constantes ajudaram a mostrar que os rappers não estavam apenas vestindo, mas também que as valorizavam o suficiente para incluí-las em suas letras.
Essas mudanças marcaram uma era de diversidade ainda maior, onde os artistas não estavam mais restritos a um único estilo, mas podiam experimentar e expressar sua individualidade por meio do vestuário. Essa evolução trouxe uma crescente criatividade e abertura de espírito na cena hip hop, que não se tratava somente de música há bastante tempo.
Com os rappers incorporando seu estilo pessoal (e sua aparência) como parte integral de sua marca artística, surgem novos nomes reforçando a estética do trap. A partir de 2007 (pulando 2008), a XXL lança sua lista anual "Freshman Class", destacando de 10 a 12 artistas para ficarmos de olho, com todos aparecendo na capa da revista. Em 2016 ao trazer Lil Uzi Vert, 21 Savage, Lil Yachty, Denzel Curry e Kodak Black, essa lista marcou o início de uma nova era de ícones culturais.
Desde os grillz multicoloridos de Yachty até as tatuagens e piercings no rosto de Uzi Vert e 21 Savage, o grupo de artistas continuou a fortalecer novas estéticas na música e na moda hip hop. Eles não apenas trouxeram uma onda de individualismo à moda hip hop, mas também ajudaram a consolidar o estilo como parte integrante de sua imagem pública e artística.
Muitos desses artistas - que se consagraram no subgênero trap - tornaram seus estilos extravagantes em um manifesto. Muitos optam por roupas de grife e joias chamativas, refletindo a ostentação presente em suas letras.
O rapper Future, por exemplo, adota um estilo mais sombrio em seu streetwear, frequentemente com peças pretas e acessórios que dialogam com sua persona artística. Enquanto isso, Drake, um gigante na indústria, mostra ser versátil também na moda, transitando entre o elegante e casual, adaptando seu estilo à atmosfera de suas músicas.
Kendrick Lamar, considerado por muitos como um dos melhores rappers da atualidade, começou a carreira com seu estilo passando despercebido. No entanto, ao longo dos anos, sua relação com a moda tornou-se cada vez mais estreita, fazendo a estrela evoluir de um visual típico de Compton para uma abordagem mais experimental e avant-garde.
Aos poucos seu visual mais urbano, como snapbacks, camisetas, bandanas, jeans largos, botas Timberland e Nike Air Force 1, foi dando espaço para uma abordagem mais sofisticada e experimental. Hoje vemos ele combinar as silhuetas amplas com acessórios de alta moda, como bolsas de couro Bottega Veneta e chapéus de crochê personalizados. Além disso, é difícil esquecer da coroa de espinhos Tiffany & Co. incrustada com milhares de diamantes, que se tornou um marco durante sua última turnê, The Big Steppers Tour.
A moda feminina também tem experimentado uma grande evolução ao longo das décadas. Nicki Minaj segue como uma das rappers mais influentes não apenas na música mas também na definição de estilo dentro do hip hop. Cardi B e Megan Thee Stallion seguiram utilizando a moda como ferramenta de empoderamento e autoestima, tão presente também em suas letras e clipes, cheios de cores e sensualidade.
Vemos hoje muitos estilos diferentes, com as grifes em alta como nunca e mais uma vez mudando o visual da cena, à medida que entramos na segunda década do século 21. Muitas vezes parece que voltamos ao ponto de partida ou que o hip hop nunca deixou, efetivamente, certos elementos fora da sua estética.
2020, quando o hip hop se torna global
Como vimos até agora, a união da moda hip hop com a alta costura vem sendo construída ao longo dos anos e chegou a um ponto alto agora após a virada da década.
Um dos grandes marcos aconteceu quando Virgil Abloh foi nomeado Diretor Artístico da Louis Vuitton em 2018, já com a criação da famosa marca de streetwear Off-White (em 2013) no currículo.
Isso foi significativo porque Abloh se tornou o primeiro diretor afro-americano de uma grande casa de moda, quebrando a ideia de que alta moda e moda popular são completamente diferentes. De alguma forma, esse movimento representou a "institucionalização" da relação entre hip hop e alta costura.
Abloh - que faleceu em 2021, chegou a afirmar que "a moda streetwear está morta", referindo-se ao conceito de "streetwear" como um gênero de vestuário autônomo, não relacionado à alta moda e que estaria, naquela fase, perdendo relevância.
A mudança na moda hip hop ao longo dos anos, especialmente desde o começo dos anos 2000 até hoje, mostra como a divisão entre o que seria "alta" e "baixa" moda está desaparecendo. O que costumava ser chamado de streetwear em 2005, agora serve de inspiração para as coleções de grandes grifes em todo o mundo.
Em 2023 o hip hop teve muito a comemorar no tema, com Pharrell Williams assumindo a direção criativa da Louis Vuitton, e A$AP Rocky, honrado pela Harlem’s Fashion Row com o prêmio Virgil Abloh - tornando-os ícones ao impactar a própria moda, levando a cultura para as passarelas e editoriais.
O rap, como gênero musical, evoluiu com uma forte carga de posicionamentos sociais, uma marca do gênero globalmente. Superando todas as dificuldades ao longo de sua trajetória, nada parece ter impedido o hip hop de se tornar tão popular, debatido e amplamente ouvido nos quatro cantos do mundo.
Esse mesmo espírito de desafio e expressão que impulsionou o rap permeou a moda hip hop ao longo desses 50 anos de história. Assim como conquistou corações e mentes ao redor do mundo, possibilitou que a moda dentro da cultura também transcendesse, influenciando estilos, quebrando barreiras culturais e refletindo seu tempo. A moda hip hop, como o próprio gênero musical, continua a desafiar as expectativas, redefinindo constantemente elementos da sociedade.