Nos últimos dois séculos, as bolsas foram predominantemente associadas às mulheres. Enquanto os homens optavam por mochilas, carteiras ou pastas, todos relacionados exclusivamente ao trabalho, as bolsas com foco em moda eram concebidas pensando apenas no guarda-roupa feminino. No entanto, recentemente, uma mudança começou a ocorrer e esse acessório passou a figurar com mais frequência no street style masculino. A ideia de homens usando bolsas ainda é considerado tabu no cotidiano das pessoas, mas não deveria ser.
Não deveria ser por muitas razões, mas a mais racional delas talvez seja a pergunta: homens, vocês não carregam carteiras, carregadores, óculos de sol, caixinhas de lentes de contato, fones de ouvido, etc.? E tudo cabe no bolso? E vocês não pensam em usar algum outro item que não uma mochila ou pasta? Apesar de causar certa estranheza, já era hora de esse acessório permear o guarda-roupa masculino, seja pela inegável praticidade de uma bolsa ou apenas para complementar um look legal. Estamos muito além das questões de gênero aqui. Já passou da hora de deixarmos de rotular itens como bolsas como "masculinos ou femininos" - afinal, é apenas um acessório.
Quando falamos de celebridades, o ator de Euphoria, Jacob Elordi, chamou bastante atenção ao incorporar bolsas em seu dia a dia. Entre os diversos modelos que desfilou por Los Angeles, parece que ele tem um certo apreço pelo modelo "Andiamo" da Bottega Veneta e pela crossbody da Chanel.
No entanto, também foi visto utilizando peças da Louis Vuitton e da Céline, todas perfeitamente integradas a um visual estiloso. Em geral, é muito positivo ver um homem indo além dos tradicionais ternos bem estruturados com mil e uma coisas enfiadas em um único e escondido bolso interno.
Apesar de estar fazendo muito sucesso no ocidente, é importante ressaltar que no oriente isso já era extremamente comum. No entanto, é fácil reconhecer a visibilidade de uma tendência quando ela começa a ser vista com mais regularidade em países norte-americanos ou europeus. Enquanto isso, personalidades asiáticas e demais fashionistas já haviam adotado esse acessório há muito tempo.
Tanto é que não é incomum se deparar com personagens em 'doramas' usando bolsas como algo rotineiro. A moda asiática nos oferece muito a aprender, e isso é um ponto reflexivo que ainda vamos explorar bastante por aqui. Outro exemplo são os músicos do grupo BTS, que até mesmo já estrelaram campanhas de bolsas e quase sempre nos proporcionam uma aula (e um baile) de moda.
Enquanto isso, no Brasil, ainda é um pouco difícil ver o item com tanta visibilidade quanto lá fora. No entanto, as bolsas vêm, aos poucos, conquistando espaço entre os homens por aqui também.
Harry Styles também nunca teve receio em exibir sua Gucci por aí, e o mesmo vale para Pharrell Williams e sua Louis Vuitton. Ambos demonstram autoconfiança em suas escolhas, contribuindo para impulsionar as questões de gênero que estão cada vez mais em evidência na moda.
Isso fica claro nas últimas Semanas de Moda, basta observar como o menswear invadiu as passarelas femininas nas últimas décadas, transformando terninhos de alfaiataria em itens indispensáveis para as mulheres. Embora essa tendência não seja exclusivamente recente, percebe-se um crescimento significativo nos últimos anos. O mesmo acontece com as bolsas no cenário inverso. De acordo com a plataforma Lyst, a busca por bolsas masculinas cresceu cerca de 71% para modelos de alça e 54% para tote bags.
E com o crescimento dessas buscas e desse movimento, acreditamos que em pouco tempo, o item será ordinário na moda masculina. Assim como os colares de pérolas foram, os croppeds e as unhas pintadas. E que, aos poucos, todos verão homens usando bolsas apenas como um alguém querendo carregar suas coisas com tranquilidade. Ou como alguém que quer usar o acessório simplesmente porque achou bonito. E o que tem demais nisso, não é mesmo?
Por fim, para quem está mais submerso no mundo da moda, sabe que quando falamos em Fashion Weeks, realmente não é como se as bolsas nos looks masculinos fossem um super novidade. No entanto, o que cresceu foi a nossa percepção e, com isso, o interesse de quem estava de fora dessa bolha e isso é incrível.
